A discussão avança.
Blogs, Twitter, internet, mensagens de textos, estão contribuindo e/ou acelerando a capacidade de mobilização das massas para se operem aos regimes?
A Tecnologia da Informação tem papel político relevante no que vem acontecendo no oriente médio?
Redes sociais derrubam ditadores?
Aos que se interessarem pelo assunto há uma interessante matéria publicada na revista Foreign Affairs, entre Malcolm Gladwell e Clay Shirky.
Clay Shirky é professor de novas mídias na Universidade de Nova York e entusiasta do livro ‘Here Comes Everybody’, publicado em 2008.
Shirky entende que “ferramentas da web, como o WordPress, o Twitter ou a Wikipedia, alteram a forma como grupos podem se organizar e se comunicar.”
O Editor
Nada como buscar no passado episódios grotescos para justificar situações análogas no presente.
Dividia-se radicalmente a população, na Espanha anterior ao golpe fascista do general Francisco Franco.
As elites, os donos da terra, os militares e a própria Igreja organizavam-se para enfrentar a onda de reivindicações sociais que comunistas, socialistas, anarquistas e sindicalistas desencadeavam, muitas vezes com extrema violência.
Foi quando surgiu, nos andares de cima, o diagnóstico fulminante para explicar a ebulição no porão: a culpa era do telefone, recém-implantado no país!
A moderna tecnologia gerava a rebelião das massas, queixavam-se os privilegiados em seus convescotes, sermões e até órgãos de comunicação.
Pois não é que entre nós a farsa se repete?
Com o advento do telefone celular e sua utilização maciça pelas camadas menos favorecidas, aumentou o grau de consciência social do cidadão brasileiro.
[ad#Retangulo – Anuncios – Direita]Ficou mais difícil enganar o povão com ilusões, mentiras, editoriais e falsa propaganda.
O cidadão comum, em maioria pobre, carrega sua maquininha não apenas para buscar trabalho, biscates e oportunidades.
Também aprendeu, com rara competência, a acionar sites e blogs que espalham notícias on-line, além de poder trocar opiniões variadas com o vizinho, o parente, o amigo e o companheiro de infortúnios.
Recebe montanhas de informações e sente-se capaz de processá-las, acima e além dos pratos-feitos distribuídos pela mídia ortodoxa, pelos governantes e pela voz das elites.
Assim, está o trabalhador brasileiro consciente de que a realidade é bem diferente da ficção.
Um salário-mínimo de 540 reais atropela qualquer propaganda de sermos o país-maravilha, sem desemprego, alçado ao patamar das grandes potências.
“Não é nada disso”, ouvirão cruzar os ares, aos montes, os tecnocratas hoje empenhados em estabelecer a censura nos celulares. Se conseguirem, é claro.
Quanto aos artífices da ilusão, depois que ela for desfeita só lhes restará repetir os espanhóis daqueles tempos: a culpa foi do telefone (celular)…
Carlos Chagas/Tribuna da Impensa