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Hannah Arendt – Poesia – 26/02/24

Boa noite Poema Hannah Arendt Não chore pela suave tristeza Quando o olhar de quem não tem lar Ainda o corteja envergonhado. Sinta como a história mais pura Ainda oculta tudo. Sinta o movimento mais tenro De gratidão e fidelidade. E você saberá: sempre, O amor renovado será dado.

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Garcia Lorca – Poesia – 03/02/24

Boa noite. Sinto Garcia Lorca¹ Sinto que em minhas veias arde sangue, chama vermelha que vai cozendo minhas paixões no coração. Mulheres, por favor, derramai água: quando tudo se queima, só as fagulhas voam ao vento. ¹ Federico García Lorca * Fuente Vaqueros, Espanha – 05 de Junho de 1898 d.C + Granada, Espanha – 19 de Agosto de 1936 d.C Poeta e dramaturgo espanhol. Fuzilado e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola

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T.S.Eliot – Poesia – 02/01/24

Boa noite. O Tempo T.S.Eliot¹ O infinito ciclo da idéia e da ação, Infinita invenção, experiência infinita, Traz o conhecimento do vôo, mas não o do repouso; O conhecimento da fala, mas não o do silêncio; O conhecimento das palavras e a ignorância do Verbo. Todo o nosso conhecimento nos aproxima da ignorância, Toda a nossa ignorância nos avizinha da morte, Mas a iminência da morte não nos acerca de Deus. Onde a vida que perdemos quando vivos? Onde a sabedoria que perdemos no saber? Onde o conhecimento que perdemos na informação? Os ciclos do Céu em vinte séculos Afastaram-nos de Deus e do Pó nos acercaram. ¹Thomas Stearns Eliot * St Louis, Usa – 26,Setembro 1888 d.C + Londres, Inglaterra – 4,Janeiro 1965 d.C

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Bernhard Wosien – Poesia – 11/12/23

Boa noite. Dança Bernhard Wosien¹ Eu danço uma canção do silêncio seguindo uma música cósmica e coloco meu pé ao longo das beiras do céu eu sinto como seu sorriso me faz feliz. ¹Bernhard Wosien * Munique, Alemanha – 19 de setembro de 1908 + Munique, Alemanha – 29 de abril de 198

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Yeats – Poesia – 19/11/23

Boa noite Velejando para Bizâncio William Buttler Yeats¹ Aquela não é terra para velhos. Gente jovem, de braços dados, pássaros nas ramas — gerações de mortais — cantando alegremente, salmão no salto, atum no mar, brilho de escamas, peixe, ave ou carne glorificam ao sol quente tudo o que nasce e morre, sêmen ou semente. Ao som da música sensual, o mundo esquece as obras do intelecto que nunca envelhece. Um homem velho é apenas uma ninharia, trapos numa bengala à espera do final, a menos que a alma aplauda, cante e ainda ria sobre os farrapos do seu hábito mortal; nem há escola de canto, ali, que não estude monumentos de sua própria magnitude. Por isso eu vim, vencendo as ondas e a distância, em busca da cidade santa de Bizâncio. Ó sábios, junto a Deus, sob o fogo sagrado, como se num mosaico de ouro a resplender, vinde do fogo santo, em giro espiralado, e vos tornai mestres-cantores do meu ser . Rompei meu coração, que a febre faz doente e, acorrentado a um mísero animal morrente, já não sabe o que é; arrancai-me da idade para o lavor sem fim da longa eternidade. Livre da natureza não hei de assumir conformação de coisa alguma natural, mas a que o ourives grego soube urdir de ouro forjado e esmalte de ouro em tramas, para acordar do ócio o sono imperial; ou cantarei aos nobres de Bizâncio e às damas, pousado em ramo de ouro, como um pássaro, o que passou e passará e sempre passa. Tradução de Augusto de Campos ¹ William Buttler Yeats * Dublin, Irlanda – 13 de Junho de 1865 + Menton, França – 28 de Janeiro de 1939

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Jorge Luiz Borges – Poesia – 11/11/23

Boa noite O nosso Jorge Luiz Borges Amamos o que não conhecemos, o já perdido. O bairro que já foi arredores Os antigos que não nos decepcionaram mais porque são mito e esplendor. Os seis volumes de Schopenhauer que jamais terminamos de ler. A saudade, não a leitura, da segunda parte do Quixote. O oriente que, na verdade, não existe para o afegão, o persa ou o tártaro. Os mais velhos com quem não conseguiríamos conversar durante um quarto de hora. As mutantes formas da memória, que está feita do esquecido. Os idiomas que mal deciframos. Um ou outro verso latino ou saxão que não é mais do que um hábito. Os amigos que não podem faltar porque já morreram. O ilimitado nome de Shakespeare. A mulher que está a nosso lado e que é tão diversa. O xadrez e a álgebra, que não sei. Jorge Luis Borges * Buenos Aires, Argentina – 24 de Agosto de 1899 + Genebra, Suíça – 14 de Junho de 1986

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Shakespeare – Poesia – 29/10/23

Boa noite Soneto LXXV Shakespeare ¹ És, para mim, como o alimento para a vida, Ou a chuva amena para o solo no tórrido verão; E, para teu bem-estar, me esforço Entre a miséria e a riqueza: Orgulhoso com o desfrute, e logo Duvidando que a idade roube seu tesouro; Agora espero estar apenas contigo, Então, melhor para que o mundo me veja bem; Por vezes, comemorando à nossa vista, E aos poucos ansiando por um olhar; Possuindo ou perseguindo qualquer prazer, Exceto aquilo que se tem ou seja tirado de ti. Assim, jejuo e sobrevivo a cada dia, Ou a tudo devoro, o tempo todo. ¹ William Shakespeare * Stratford-upon-Avon, Inglaterra – 23 de abril de 1564 + Stratford-upon-Avon, Inglaterra – 23 de abril de 1616

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Bárbara Lia – Poesia – 19/10/23

Boa noite Violetas brancas Bárbara Lia ¹ Sigo teus passos, feito asteca, sonhando a terra eterna e rica — tua pele. Pele de diários, onde leio a lua. A maré suave que me enlaça nua, écharpe de brisa e aurora, corais gris. Adeus soledade de pedra. Paloma triste em vôo riste, ao longe. O deus-do-sol-do-meio-dia, colibri azul da era atômica, é um sopro de luz e sons. Sonhos delineados na tela fria. O mundo sangra e transforma a garça em íbis rubro. Leio um salmo antigo, acordo em manhãs violetas. Tenho por companhia um pequeno vaso de violetas brancas. ¹ Bárbara Lia * Assai, PR

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T.S.Eliot – Poesia – 10/10/23

Boa noite Lírica T.S.Eliot¹ Se o tempo e o espaço, como os sábios dizem São coisas que não podem ser, O sol que não percebe o seu declínio Não é maior do que nós somos. Então, por que, Amor, imploraríamos Por vivermos todo um século? A borboleta que só vive um dia Viveu por toda a eternidade. As flores que te dei quando o rocio Estremecia sobre a vinha Murcharam antes que a abelha voasse Para sugar a madressilva. Que então nos deixem as colher ainda Sem lamentar sua agonia, E embora sejam poucos os dias de amor Deixemo-los ao menos ser divino ¹ Thomas Stearns Eliot – Prêmio Nobel de Literatura de 1948 * St. Louis, Missouri, EUA – 26 de setembro de 1888 +Kensington, Londres, Reino Unido – 4 de janeiro de 1965 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Walter Benjamin – Poesia – 02/10/23

Boa noite Como é que a solidão hei-de Ir medindo? Walter Benjamin Como é que a solidão hei-de ir medindo? desse-me os golpes de uso inda esta dor um a um sua nudez a sobrepor que o ritmo sem nome a foi vestindo mas sofro agora o tempo nu saindo numa levada sem nenhum teor gasto caudal do meu rio interior nem chora o peito por mais gritos vindo Quando é que é novo ano na amargura quando volto a chegar-me à desventura que me faz falta em ocos dias vis. ah quando é que arde escura em cores febris à testa do ano como a vi na altura do agosto em chamas funda cicatriz? Walter Benjamin, in “Sonetos” Tradução de Vasco Graça Moura Walter Benedix Schönflies Benjamin + Berlim, Alemanha – 15 de julho de 1892 + Portbou, Espanha – 27 de setembro de 1940

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