Arquivo

Dante Milano – Poesia – 23/08/24

Boa noite. Poema do falso amor Dante Milano ¹ O falso amor imita o verdadeiro Com tanta perfeição que a diferença Existente entre o falso e o verdadeiro É nula. O falso amor é verdadeiro E o verdadeiro falso. A diferença Onde está? Qual dos dois é o verdadeiro? Se o verdadeiro amor pode ser falso E o falso ser o verdadeiro amor, Isto faz crer que todo amor é falso Ou crer que é verdadeiro todo amor. Ó verdadeiro Amor, pensam que és falso! Pensam que és verdadeiro, ó falso Amor! ¹Dante Milano * Barra de S. João, RJ – 16 de Janeiro de 1899 d.C + Petrópolis, Rio de Janeiro – 15 de Abril 1991 d.C

Leia mais »

Ferreira Gullar – Poesia – 16/08/24

Boa noite. Um Ferreira Gullar¹ Aqui me tenho Como não me conheço nem me quis sem começo nem fim aqui me tenho sem mim nada lembro nem sei à luz presente sou apenas um bicho transparente ¹José Ribamar Ferreira * São Luiz, MA. – 10 de Setembro de 1930 d.C

Leia mais »

Marieta Dobal – Poesia – 14/08/25

Boa noite. Cotidiano Marieta Dobal¹ Há esconderijos e fugas feitos em gostos e olhares: muitas pessoas na sua outras que falam ou grudam… Brotam papéis desta mesa e eu fugiria com fúria (penso nas coisas que tocam meu coração feito ouro…) Com os barulhos e vozes que me atordoam e ecoam fico encontrando os espaços para perder o decoro… eu na verdade queria tempo de sobra e saída… na insegurança das horas nós abraçados na esquina! ¹Marieta Cristina Dobal Campiglia * Montevideo, Uruguai Naturalizada brasileira. Atualmente mora em São Paulo. Profissional da área da saúde (com graduação em Enfermagem e pós graduação, Mestrado, pela Unifesp, São Paulo, em Saúde Mental, coordena curso de graduação em universidade particular em São Paulo, capital.

Leia mais »

António Botto – Poesia – 03/08/24

Boa noite Quanto, Quanto me Queres? António Thomaz Botto Quanto, quanto me queres? – perguntaste Numa voz de lamento diluída; E quando nos meus olhos demoraste A luz dos teus senti a luz da vida. Nas tuas mãos as minhas apertaste; Lá fora da luz do Sol já combalida Era um sorriso aberto num contraste Com a sombra da posse proibida… Beijámo-nos, então, a latejar No infinito e pálido vaivém Dos corpos que se entregam sem pensar… Não perguntes, não sei – não sei dizer: Um grande amor só se avalia bem Depois de se perder. ¹António Botto * Abrantes, Portugal – 17 de Agosto de 1897 + Rio de Janeiro, Brasil –  16 de Mar de 1959

Leia mais »

J.G de Araújo Jorge – 01/08/24

Boa noite Bilhete J.G. de Araújo Jorge¹ O teu vulto ficou na lembrança guardado, vivo, por muitas horas!… e em meus olhos baços Fitei-te – como alguém que ansioso e torturado Tentasse inutilmente reavivar teus traços… Num relance te vi – depois, quase irritado Fugi, – e reparei que ao marcar os meus passos ia a dizer teu nome e a ver por todo lado o teu vulto… o teu rosto… e o clarão dos teus braços! Talvez eu faça mal em querer ser sincero, censurarás – quem sabe? Essa minha ousadia, e pensarás até que minto, e que exagero… Ou dirás, que eu falar-te nesse tom, não devo, que o que escrevo é infantil e absurdo, é fantasia, e afinal tens razão… nem sei por que te escrevo! Extraído do livro “Meu Céu Interior” 1ª edição, setembro,1934 ¹José Guilherme de Araújo Jorge * Taraucá, AC. – 20 de Maio de 1914 + Rio de Janeiro, RJ. – 27 de Janeiro 1987

Leia mais »

Miguel Torga – Poesia – 19/07/24

Boa noite Poema Miguel Torga ¹ A jovem deusa passa Com véus discretos sobre a virgindade; Olha e não olha, como a mocidade; E um jovem deus pressente aquela graça.   Depois, a vide do desejo enlaça Numa só volta a dupla divindade; E os jovens deuses abrem-se à verdade, Sedentos de beber na mesma taça.   É um vinho amargo que lhes cresta a boca; Um condão vago que os desperta e toca De humana e dolorosa consciência.   E abraçam-se de novo, já sem asas. Homens apenas. Vivos como brasas, A queimar o que resta da inocência.   ¹ Adolfo Correia da Rocha * Saborosa, Portugal – 12 de agosto de 1907 + Coimbra, Portugal – 17 de janeiro de 1995

Leia mais »

Mia Couto – Poesia – 13/07/24

Boa noite Beijo Não quero o primeiro beijo: Basta-me O instante antes do beijo.   Quero-me Corpo ante abismo, Terra no rasgão do sismo.   O lábio ardendo Entre tremor e temor, O escurecer da luz No desaguar dos corpos: O amor Não tem depois.   Quero o vulcão Que na terra não toca: O beijo antes de ser boca.   ¹Antônio Emílio Leite Couto *Beira, Moçambique – 5 de Julho de 1955

Leia mais »

Sylvia Plath – Poesia – 01/07/24

Boa noite Canção de Amor da Jovem Louca Sylvia Plath¹ Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer (Acho que te criei no interior da minha mente) Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis, Entra a galope a arbitrária escuridão: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama, Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade. (Acho que te criei no interior de minha mente) Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno: Retiram-se os serafins e os homens de Satã: Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro. Imaginei que voltarias como prometeste Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome. (Acho que te criei no interior de minha mente) Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro: (Acho que te criei no interior de minha mente.) Tradução de Maria Luíza Nogueira ¹Sylvia Plath * Boston,Massachusetts – 27 de outubro de 1932 +Londres, Reino Unido – 11 de fevereiro de 1963

Leia mais »

Maria Teresa Horta – Poesia – 30/06/24

Boa noite. Enleio Maria Teresa Horta ¹ Não sei se volteio Se rodopio Se quebro Se tombo nesta queda em que passeio Não sei se a vertigem em que me afundo é este precipício em que me enleio Não sei se cair assim me quebra… Me esmago ou sobrevivo em busca deste anseio. ¹ Maria Teresa Mascarenhas Horta * Lisboa, Portugal – 20 de Maio de 1937

Leia mais »