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É a economia estúpido

EUA anunciam venda bilionária de caças ao Catar Caças F15: negócio entre EUA e Catar vale 12 bilhões de dólares e pode envolver até 36 jatos Em meio à crise no Oriente Médio, Washington fecha venda de aviões de guerra no valor de US$ 12 bilhões e faz operações navais conjuntas com país árabe, que abriga maior base militar americana na região.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Os Estados Unidos fecharam uma venda bilionária de caças ao Catar e começaram manobras navais conjuntas com o país nesta quinta-feira (15/06), ressaltando seu compromisso com seu aliado militar, apesar da crise entre Doha e governos vizinhos. Washington tem enviado sinais contraditórios a seu aliado de longa data em relação à sua posição sobre a crise diplomática, desatada após a Arábia Saudita e seus aliados suspenderem relações com o Catar, impondo sanções ao emirado. Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, expressou seu apoio às acusações contra o Qatar, afirmando que o emirado tem sido “historicamente um financiador do terrorismo em um nível muito alto”. Mas funcionários do Pentágono e do Departamento de Estado têm se esforçado desde então para tranquilizar o emirado, que abriga cerca de 10 mil soldados americanos, a maior base aérea dos EUA no Oriente Médio e a central de comando para operações militares dos EUA no Iraque, Síria e Afeganistão. Visita a Washington O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, recebeu seu homólogo do Qatar, Khalid al-Attiyah, em Washington nesta quarta-feira, para a assinatura do acordo para a venda de caças F-15. “A venda de 12 bilhões de dólares dará ao Qatar uma capacidade de tecnologia avançada e aumentará a cooperação de segurança e de interoperabilidade entre os Estados Unidos e Qatar”, disse o Pentágono, sem fornecer detalhes adicionais sobre a venda. A agência de notícias Bloomberg relatou que ela pode envolver até 36 caças. “O Catar e os Estados Unidos solidificaram sua cooperação militar lutando lado a lado por muitos anos, em um esforço para erradicar o terrorismo e promover um futuro de dignidade e prosperidade”, disse Attiyah em comunicado. Os militares americanos haviam anunciado um negócio semelhante de 21,1 bilhões de dólares em novembro, envolvendo 72 caças F-15 para o Catar nos dias finais da administração Obama. Não ficou imediatamente claro se os dois negócios se tratam do mesmo acordo. Representantes do governo do Qatar não responderam imediatamente à essa questão na quinta-feira. Exercícios militares conjuntos O Pentágono enviou dois navios de guerra para realizar manobras conjuntas com a Marinha do Catar, no Golfo. Os navios atracaram no Porto Hamad, ao sul da capital Doha, na quarta-feira, segundo o Ministério da Defesa do Catar. Washington expressou crescente preocupação com o impacto da crise diplomática em suas operações militares contra o “Estado Islâmico“. O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, disse na semana passada que a crise estava “atrapalhando” a campanha e pediu que a Arábia Saudita e seus aliados aliviassem seu “bloqueio”. A Arábia Saudita e seus aliados Emirados Árabes Unidos, Egito e Bahrein disseram que não haverá retomada das relações até o Qatar suspender seu apoio a organizações como a Irmandade Muçulmana, que os quatro governos consideram um grupo terrorista. Mas o Qatar e seus aliados – liderados pela Turquia – dizem que o emirado tem todo o direito de conduzir uma política externa independente e chamaram as sanções impostas como “desumanas e anti-islâmicas”. md/afp/ap

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Hainan Airlines: uma das maiores empresas de aviação do mundo

A empresa chinesa que é uma das maiores do mundo – e da qual você possivelmente nunca ouviu falar Hainan Airlines, uma das maiores companhias aéreas da China, é propriedade da HNA – Direito de imagem GETTY IMAGES É provável que você nunca tenha ouvido falar da HNA. Trata-se de um conglomerado chinês gigantesco que está entre as 500 maiores companhias do mundo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Em julho de 2016, a HNA alcançou a 353ª colocação em lista da revista americana Forbes, com receitas anuais superiores a US$ 29,5 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões). Além disso, emprega mais de 400 mil pessoas em todo o mundo, com presença, inclusive, no Brasil. E quer continuar crescendo. Nos últimos anos, a HNA investiu mais de US$ 145 bilhões para adquirir dezenas de empresas e importantes participações em gigantes como o Deutsche Bank ou a rede de hotéis Hilton. Sede da companhia HNA de Pequim – Direito de imagem GETTY IMAGES Na América Latina, comprou a participação da Odebrecht no aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, e mostrou interesse na companhia aérea colombiana Avianca. “O acordo Odebrecht-HNA está fechado. Só falta a questão burocrática”, disse à agência de notícias AFP Tarcisio de Freitas, secretário de Coordenação de Projetos da Secretaria da Presidência do governo Temer. Multimilionário chinês Chen Feng é fundador do grupo HNA e da companhia aérea Hainan Airlines – Direito de imagemFREDERIC J. BROWN Em entrevista à BBC, o diretor executivo da HNA, Adam Tan, assegurou sua “plena confiança” na estratégia da empresa, apesar das ameaças de endurecimento do controle de gastos das empresas chinesas e da perspectiva do Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia. Uma estratégia que consiste na compra de empresas ao longo de toda a cadeia de abastecimento. “É nisso que consiste nosso negócio: administramos desde linhas aéreas a negócios aeroportuários, passando por centros comerciais ou agências de viagem”, explicou Tan. ‘Confiança no Reino Unido’ Mas HNA também opera fora da indústria de turismo. O conglomerado conta com uma extensa carteira de imóveis. Entre elas, dois arranha-céus em Canary Wharf, um distrito financeiro de Londres. Apesar de a HNA ter fechado a compra pouco antes do plebiscito do Brexit, Adam Tan confia na força da economia do Reino Unido. “Reino Unido, dentro ou fora da União Europeia, continuará sendo Reino Unido”, assinalou. HNA tem participação acionária no Deutsche Bank – Direito de imagem TEH ENG KOON Dúvidas A HNA foi fundada em 1993 por seu atual presidente, o multimilionário chinês Chen Feng. Desde então, sua presença nos setores de transporte e aviação não parou de crescer. Uma expansão vertiginosa lograda sem dinheiro do governo chinês, lembrou o CEO da HNA, Adam Tan. O site de notícias China Money Network, no entanto, coloca em dúvida essa afirmação e mostra ceticismo sobre a falta de transparência da multinacional. O vasto negócio, que engloba pelo menos 454 entidades em todo o mundo, segundo um relatório de 2015 da agência de rating chinesa Shanghai Brilliance, poderia ter sido favorecido pela proteção das elites políticas de Pequim. Talvez por essas razões – a saber, a “teórica” independência financeira ou o suposto protecionismo do partido comunista chinês -, Tan não mostra preocupação sobre os planos de Pequim de restringir o gasto das empresas chinesas no exterior. Segundo o executivo, a HNA continuará recebendo financiamento de bancos chineses e, graças à sua presença nos mercados de todo o mundo, contará com o apoio de empresas multinacionais. “Com o apoio de bancos de investimentos, como JP Morgan e Goldman Sachs, poderemos continuar crescendo no futuro”, acrescentou o CEO da HNA. O que a HNA comprou até o momento? É o maior acionista individual do Deutsche Bank (uma das maiores instituições financeiras do mundo) Possui 25% das ações da rede de hotéis Hilton Serviços aeroportuários de Swissport Group Hotéis Carlson, matriz da rede de hotéis Radisson Companhia de catering aéreo Gate Gourmet Companhia irlandesa de leasing de aviões Avolon Holdings

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Venezuela: Derrubando uma ditadura com cocô

As ‘bombas de cocô’ que se tornaram ‘último recurso’ de manifestantes contra Maduro na Venezuela Frascos, garrafas e sacolas plásticas com fezes viraram armas nas mãos dos manifestantes venezuelanos – Direito de imagem REUTERS Em redes sociais e grupos de WhatsApp, os protestos de quarta-feira na Venezuela estão sendo chamados de “marcha da merda”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O motivo são os coquetéis “cocotov“, a mais recente invenção dos opositores que promovem uma onda de manifestações contra o presidente Nicolás Maduro no país. Como o nome sugere, são potes, frascos, garrafas, latas e sacolas plásticas com fezes. Foi lançando esses projéteis que manifestantes reagiram às bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança. Invenção foi usada em protestos contra o governo de Nicolás Maduro na quarta-feira – Direito de imagem REUTERS Os coquetéis ‘cocôtov’ são lançados em reação às bombas de gás lacrimogêneo lançadas por forças de segurança – Direito de imagem REUTERS Entre os opositores, circulam mensagens com instruções detalhadas e conselhos sobre como preparar as “bombas de cocô”. Algumas mensagens dizem para evitar frascos de vidro, para garantir que os coquetéis apenas “humilhem” – e não machuquem. Marielys Valdéz, do Tribunal Supremo de Justiça, entretanto, alertou que os “cocotov” são considerados “armas biológicas” – e que quem for utilizá-los corre o risco de ser severamente punido. “O uso de armas químicas, neste caso, fezes de pessoas ou animais, geram consequências não só para quem é o alvo da arma, mas para a população, pode contaminar as águas”, destacou. A apresentadora do canal estatal VTV que entrevistava Valdéz qualificou o uso dos “cocotov” como “bioterrorismo”. Circulam pela internet conselhos e instruções de como fabricar os coquetéis – Direito de imagem REUTERS Um dos conselhos diz para evitar frascos de vidro para que bombas só humilhem e não gerem ferimentos – Direito de imagem REUTERS Há cerca de um mês e meio, o país tem sido palco de protestos diários contra o governo do presidente Nicolás Maduro. A oposição quer o adiantamento da eleição presidencial e a libertação de presos políticos. Eles também rejeitam a convocação de uma Assembleia Constituinte por Maduro em 1º de maio. O governo acusa a oposição de tentar dar um “golpe de Estado” e realizar “atos terroristas”. Desde que começaram essas manifestações, ao menos 39 pessoas morreram. As duas vítimas mais recentes morreram na quarta-feira, nos hospitais em que estavam internadas após serem feridas em protestos contra Maduro em duas cidades venezuelanas. As mortes de Miguel Castillo, de 27 anos, em Caracas, e de Anderson Dugarte, de 32 anos, no Estado de Mérida, no oeste do país, foram confirmadas pelo Ministério Público. Há um mês e meio, a Venezuela vive uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro – Direito de imagem REUTERS Os opositores do presidente exigem nova eleição presidencial e a libertação de presos políticos – Direito de imagem REUTERS Ao menos 177 pessoas ficaram feridas durante o ato promovido pela oposição em Caracas na quarta, segundo informaram as autoridades. Ainda que tenham sido emitidas advertências no dia anterior quanto à ilegalidade dos coquetéis “cocotov”, jovens com os rostos cobertos e capacetes usaram elásticos para lançar “bombas de cocô”, pedras e coquetéis molotov. “Estamos na rua e vamos ficar. Não sairemos até que isso acabe, até que Maduro deixe o governo”, disse Luis Orta, um empresário de 52 anos. O influente apresentador da TV estatal Mario Silva disse em sua conta no Twitter que o uso dos “cocotov” é um “ato de desespero, (…) de loucura”.

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A elite econômica no Brasil procura benesses e não é chegada a competição

Para Pedro Ribeiro, lista de Fachin inquéritos abertos com a lista de Fachin revelam simbiose de empresários com políticos patrimonialista Pedro Ribeiro, cientista político ROGÉRIO GIANLORENZO [ad name=”Retangulo – Anuncios – Esquerda”]O sentimento antipolítica está no ar e não é de hoje. Para o cientista político Pedro Floriano Ribeiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos, a lista de Fachin e a divulgação dos depoimentos dos delatores, contudo, não trará grandes novidades imediatas para o sistema político. Segundo ele, a principal questão do momento, que a divulgação do volumoso número de inquéritos não deixou dúvidas, é a certeza de que a política brasileira tem funcionado, desde muito tempo, em um sistema universal de corrupção – em que classe política e elite econômica vivem em simbiose. Leia abaixo os principais trechos da entrevista do EL PAÍS com Ribeiro. Pergunta. Os inquéritos são um grande consolidado de tudo que vem sendo vazado e divulgado na mídia ao longo dos últimos anos. Como você recebeu a notícia da divulgação da lista? Resposta. Ninguém nessa altura do campeonato ficou surpreso com os nomes envolvidos e com os esquemas relatados. O que a lista deixa claro é que existe um sistema universal de corrupção, em que ela é institucionalizada e depende de uma simbiose entre uma classe política patrimonialista e acostumada a esquemas corruptos e uma elite econômica chegada nesses esquemas. Esse é um lado que pouco se aborda, mas é importante dizer que a elite econômica brasileira procura benesses, favorecimentos e concessões monopolísticas. Ela não é muito chegada à competição livre de mercado. É uma elite, em suma, que tenta capturar o Estado por meio do sistema de corrupção. É uma simbiose e é preciso deixar claro que há dois lados e que isso vem de muito tempo atrás. P. Num plano concreto, de desdobramentos judiciais, o que esperar daqui para frente? R. Agora é de se esperar que haverá um trabalho muito grande da Polícia Federal (PF) e do Judiciário como um todo para a produção de provas, porque, por enquanto, os inquéritos encaminhados parecem ser baseados quase exclusivamente nas delações, o que não é suficiente e é até um pouco preocupante. É muito fácil, quando a pessoa está em uma situação em que está sendo ameaçada de prisão, fazer acordos. A Justiça vai ter de trabalhar para casar as delações com provas concretas e isso, com certeza, significará muito tempo despendido. P. E em um plano político? A abertura total dos inquéritos e depoimentos dos delatores coloca a atividade política ainda mais em suspeição? R. A repulsa à classe política já estava colocada. Agora, com os inquéritos, a aversão só aumenta. Também pesa nessa conta, além, obviamente, da conduta dos próprios políticos, também o papel dos meios de comunicação que vem jogando um papel importante no sentido de aumentar a rejeição à classe política. P. E, na sua avaliação, quais são os impactos da lista do Fachin para o Governo Temer? R. Eu não vejo risco de longo prazo, pois acredito que há um grande acordo, que envolve até parte do PT, para que o Temer fique até 2018. Não acredito que essa lista seja o elemento que vá derrubar o Temer, apesar de sua fragilidade. Deve-se lembrar que hoje ele tem uma aprovação de apenas 10%, sendo que, há alguns meses, disse, referindo-se à Dilma Rousseff, que um mandatário que tem uma casa de dígito de aprovação era insustentável. P. Mas oito de seus ministros serão investigados. E figuras chave, como os presidentes do Senado e da Câmara, também. R. Sim. E, por isso, acredito que a lista pode resultar, principalmente, em um impacto na tentativa de aprovação dessas reformas que o Temer quer passar. A reforma da previdência, por exemplo, que já conta com uma série de resistências, com vários deputados do Governo dizendo que não a iriam apoiar como ela estava, pode se tornar inviável. É preciso ver como as pessoas vão reagir aos vídeos e depoimentos das delações. Dependendo disso, é possível que haja um grande abalo nessas principais lideranças da Câmara e do Senado. O que vai, com certeza, aumentar a possibilidade de reprovação das reformas, já que grande parte da classe política passa a se preocupar com sua própria sobrevivência. Além disso, esse Governo não tem muito tempo. Se a pauta ficar travada com esse assunto… Daqui um ano, mais ou menos, já estamos falando de novas eleições. Para quem é contra as reformas, acredito que a lista seja uma boa notícia. P. Nesse cenário, como ficam as eleições para 2018 em que quase metade dos governadores brasileiros, por exemplo, estão sendo investigados? R. O núcleo da classe política atual está sendo varrido. Não destruído por completo, mas muito afetado. E com a aversão à classe política, existe a possibilidade de um outsider chegar forte e levar as próximas eleições. Agora, acho importante ponderar, que deve ser bem difícil que aconteça algo como aconteceu em 1989, quando Fernando Collor foi eleito. “Acredito que os grandes partidos – PT, PMDB, PSDB – controlam de modo muito firme o jogo político no Brasil hoje. É muito difícil que surja um outsider completo, alguém sem o apoio da máquina partidária” P. Você não acredita, então, que uma figura como Jair Bolsonaro (PSC) pode ser bem sucedido no ano que vem? R. Acredito que os grandes partidos – PT, PMDB, PSDB – controlam de modo muito firme o jogo político no Brasil hoje. É muito difícil que surja um outsider completo, alguém sem o apoio da máquina partidária, sem tempo de televisão. O que é possível é que alguém como o João Doria (PSDB), que se diz um não político, mas que é extremamente político, consiga alguma coisa. Vale lembrar que o Doria, apesar de trabalhar com o discurso da antipolítica, ainda muito cedo foi presidente da Embratur no Governo Sarney. A população de São Paulo, contudo, acreditou nesse discurso de administrador, de gestor. Assim como os eleitores de Belo Horizonte, que

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Temer financia a guerra e libera empréstimos do BNDES para governos estrangeiros comprarem armas

Lembra quando o governo do PT emprestou dinheiro para Cuba e outros países? Foi aquela gritaria. Afinal, com tantas demandas sociais não atendidas no Brasil, porque emprestar o dinheiro dos nossos impostos para o estrangeiro? A maioria de nós tinha muito claro que era melhor investir aqui mesmo, para enfrentar nossos tantos problemas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Agora, imagine que Lula tivesse usado o BNDES para financiar a venda de armas para Cuba, Venezuela, Angola. Ia ser o maior escândalo. Pois é o que está acontecendo agora, no governo de Michel Temer. Independente de qualquer questão ideológica, o questionamento ao PT fazia todo sentido. O Tribunal de Contas da União publicou uma auditoria sobre o assunto em janeiro de 2016. Tratava de empréstimos concedidos pelo BNDES para construção de rodovias, portos e outras obras, entre 2006 e 2014. Os países mais beneficiados foram: Angola (R$ 14 bilhões) Venezuela (R$ 11 bilhões) Argentina (R4 8 bilhões) República Dominicana (R$ 8 bilhões) Cuba (R$ 3 bilhões) O argumento dos governos petistas era que esses empréstimos eram bons para o Brasil, porque serviam para financiar a compra de produtos fabricados aqui, e serviços prestados por empresas brasileiras. Isso é verdade. Também é verdade que esses recursos poderiam ter uso muito melhor. E hoje sabemos que as empresas beneficiadas estavam pagando por fora pelo privilégio – e seus executivos estão delatando tudo na Lava-Jato. Agora, o BNDES acaba de anunciar a criação de uma nova linha de crédito para países estrangeiros. Para construir obras nesses países? Não, para eles comprarem armas fabricadas no Brasil. Por empresas brasileiras ou não. O BNDES poderá financiar até 100% do valor total do projeto e conceder empréstimos com prazos longos, de até 25 anos. Segundo a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, haverá “flexibilização de mecanismos de garantias ” e “equalização maior” das taxas de juros. Ou seja: é empréstimo de pai para filho. Quanto o Brasil vai emprestar de nosso dinheiro para governos estrangeiros comprarem bombas, canhões, tanques e aviões de guerra? Segundo Maria Silvia, “não temos restrição de orçamento.” Uma estimativa inicial é que o Brasil possa atingir R$ 35 bilhões de empréstimos. Incrível, considerando que o próprio governo sempre nos garante que o Brasil está quebrado, que o povo tem que fazer sacrifício, abrir mão de direitos trabalhistas, aposentadoria etc. Novamente fica claro que o Brasil não está quebrado coisa nenhuma. A realidade é que o governo espreme o povão para proteger alguns setores. Os multimilionários, que pagam menos imposto do que em qualquer país. Os bancos. As grandes empresas. E nossa “indústria de defesa”. Que se fosse tão competitiva, não precisaria usar o dinheiro do Tesouro Nacional para convencer governos estrangeiros a comprar as nossas armas. Mas tem seus fãs no governo, e relação de simbiose com nossas Forças Armadas. Aliás, que governos estrangeiros o BNDES pretende financiar? Alguns vizinhos, como Paraguai e Argentina. Mas o principal mercado é o mundo árabe, a África e Ásia. Muitos desses países têm democracia duvidosa. Alguns são muito mais autoritários que Cuba e Venezuela, que causaram tanto escândalo na Era Lula. Aliás, não há restrições contra Cuba ou Venezuela. O Brasil é notório no mercado internacional pela falta de transparência nas vendas de armas. Sabemos muito bem que alguns potenciais clientes do BNDES querem as armas é para declarar guerra ao seu próprio povo. Em todo lugar existem governantes impopulares, que impõem medidas cruéis à sua população, e lidam com truculência com qualquer oposição. Para ficar aqui por perto, o Paraguai quer comprar nosso tanques Guarani, fabricados em Minas Gerais por uma empresa italiana. Pra ir à guerra com o Uruguai ou a Argentina? Mais provável que seja pra reprimir a população paraguaia, que está cansada dos desmandos de seu governo. Aliás o Brasil, que era importador de gás lacrimogêneo, agora já produz aqui. Podemos vender também. É verdade que a Indústria Bélica gira muito dinheiro por aqui. Estima-se que seja um negócio de R$ 200 bilhões por ano, ou 3.7% do nosso PIB. Emprega 30 mil pessoas. O principal cliente, claro, é o Estado Brasileiro. Quanto à exportação, vai crescer com o apoio do BNDES… já temos tradição, a gente já exporta bombas de fragmentação que estão sendo usadas contra a população civil no Iêmen! É imoral ter lucro com a morte dos outros. É imoral fazer de todos nós, brasileiros, financiadores disso. É imoral aplicar em armas os nossos impostos, com tanto desemprego e miséria no nosso país. Temer tira recursos do Brasil para financiar a guerra em outros países. É mais uma violência de um regime que se esfacela, e que cada vez mais se apóia nas Forças Armadas. Mas agora, a violência não é só contra nós, brasileiros – mas contra inocentes em outros cantos do mundo.

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