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Raquel Sheherazade

Na hora do “pega pra capar” todos querem os direitos constitucionais que negam aos que não lhes são servis. Assim também se dá com os que não sabem “bulhufas” sobre Direitos Humanos. Raquel Raquel Sheherazade, que endossou linchamento de negros – lembra do negro preso ao poste? – acusados de crimes, agora é vítima de linchamento moral na internet. Apoiadores de Bolsonaro não reagiram bem às críticas da jornalista sobre o inexplicável patrimônio do “nazi” e começaram a postar ameaças ao namorado de Sheherazade, Matheus Faria Carneiro. Aí, imaginem onde ela foi buscar apoio? Nos princípios Republicanos e na tradição de Direitos Humanos de respeito ao próximo, que ela tanto atacou. Aprendam! O troco sempre virá.

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Carlos Marun

Não adianta um dos mininus da GrobuNius – aquele voz de porta, ops! porta-voz do ditador Figueiredo – agora no relés papel de porta asneiras e insultos, e esquerdinha de orelha de livro, exibir um cínico distanciamento crítico “Brechtiano” sobre o descerebrado Carlos Marun. Toma que o porco é teu.

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Por que esses 14 gênios morreram completamente arruinados?

Alguns gastaram tudo que ganharam em luxos extravagantes; outros fizeram obras-primas, mas o mundo não as entendeuOscar Wilde: acabou dependendo da caridade de amigos Cultivador de um dandismo único, colecionador de arte, boêmio inveterado e amante da boa gastronomia, Oscar Wilde (Dublin, Irlanda, 1854- Paris, França, 1900) nasceu no seio de uma família abastada, chegou a ser muito rico graças a seu trabalho e relações sentimentais, esbanjou conscientemente quase tudo que ganhou e morreu em Paris completamente arruinado. Em seus últimos dias, dependia da caridade de amigos e conhecidos a quem abordava em tabernas e boates para lhes pedir alguns francos. Para o médico que o atendeu em seu leito de morte confessou que não podia pagar por seus serviços: “Veja o senhor, doutor, que vou morrer como vivi, muito acima de minhas possibilidades”. Em sua defesa, há que se dizer que Wilde não foi arruinado apenas por seus hábitos de bon-vivant e sua inconsequência: o escândalo homofóbico em que se viu envolvido ao tornar pública sua relação com o jovem aristocrata lord Alfred Douglas teve também muito a ver com seus problemas financeiros. Na imagem, Oscar Wilde em 1889.GETTY Judi Garland: uma estrela despejada “Meus pais me inculcaram a cultura do esforço e da economia”, contou Judy Garland (Minnesota, EUA, 1922 – Londres, Reino Unido, 1969) à revista ‘Variety’ em 1939, poucas semanas antes da estreia do que seria seu grande sucesso cinematográfico, o lendário ‘O mágico de Oz’. A afirmação era falsa, como grande parte do que a atriz de Minnesota, grande sedutora e farsante por vocação, segundo ela mesma reconhecia, contaria à imprensa nos anos posteriores. A verdade é que Judy (seu nome verdadeiro era Frances Ethel Grumm) não acreditava absolutamente nas virtudes da economia. E se tornou uma mulher de gostos caros e com um instinto natural para o esbanjamento. Com 17 anos era já uma das atrizes mais ricas dos Estados Unidos, mas logo depois dos 40 acumulava dívidas milionárias que a levaram ao despejo e a obrigaram a embarcar por uma turnê em troca de comida por teatros da Europa, com sua filha então adolescente Liza Minelli. Segundo pessoas próximas, só um casamento oportuno com o empresário de New Jersey Mickey Deans impediu que a diva acabasse na miséria em seus últimos anos, marcados por problemas financeiros e o vício em barbitúricos. Na imagem, Judy Garland em 1950.GETTY Whitney Houston Quando Whitney Houston (Nova Jersey, 1963-Los Angeles, 2012) foi encontrada morta na banheira de seu hotel em Los Angeles, em fevereiro de 2012, tinha teias de aranha em sua conta corrente e dívidas superiores a quatro milhões de dólares (quase 13 milhões de reais). Em apenas uma década, a cantora dilapidou sua fortuna pessoal de cerca de cem milhões (320 milhões de reais). Segundo o colunista social nova-iorquino Michael Lavelette, “seu estilo de vida extravagante, seus muitos vícios (ao álcool, aos calmantes, à cocaína…) e seu divórcio de Bobby Brown a levaram à ruína”. Seu último milhão foi gasto “em um périplo delirante de vários meses por hotéis de luxo em Sidney, Paris e Londres no qual não prestou atenção aos gastos, apesar das advertências de seus assessores financeiros. Segundo divulgou a Fox News, poucas horas antes de morrer Houston tinha chamado uma amiga para pedir que lhe emprestasse 100 dólares que, supostamente, pensava em gastar em crack, a última droga em que se viciou. Na imagem, Whitney Houston no palco do World Music Awards de 2004, em Las Vegas.GETTY Joe Louis: o campeão saqueado por familiares e amigos Aquele que muitos consideram o melhor boxeador da história, Joe Louis (Alabama, 1914- Nevada, 1981) foi prejudicado pelo excesso de generosidade e confiança. Criado em um humilde e conflituoso subúrbio de Detroit, o campeão do mundo dos pesos pesados entre 1937 e 1949 não se permitiu grandes luxos quando estava na crista da onda, mas pagou as consideráveis dívidas de seus familiares (inclusive daqueles que não lhe dirigiam a palavra quando não era mais que um adolescente gago que distribuía gelo em troca de gorjetas) e confiou em um séquito de velhos amigos que saquearam suas contas correntes e o envolveram em uma longa série de negócios duvidosos. Como resultado de tudo isso, chegou a dever à Fazenda mais de um milhão de dólares (3,2 milhões de reais) no fim dos anos 50, quando já tinha se aposentado do boxe e carecia de renda estável. Uma campanha de solidariedade proposta por antigos colegas serviu para que fosse concedido a Louis um alongamento do prazo de pagamento da dívida, mas quando morreu, em 1981, continuava com as contas embargadas e à beira da miséria. Na imagem, Louis lendo o jornal ‘New York Daily News’, em 1938.GETTY Sammy Davies Jr.: os luxos excêntricos o deixaram sem um centavo “Tenho a consciência tranquila”, costumava dizer a seus amigos um Sammy Davis Jr. (Nova York, 1925- Califórnia, 1990) completamente arruinado. “Não devo dinheiro a ninguém que precise, quase todas as minhas dívidas são com o governo dos Estados Unidos”. Essas dívidas chegaram a somar quase 15 milhões de dólares, porque o cantor do Harlem, como muitos outros famosos, adquiriu o hábito de deixar de pagar impostos quando sentiu que eram um luxo que não podia se permitir. Nos melhores anos de sua carreira, entre fim dos anos 40 e meados dos 60, quando fazia parte do ‘Rat Pack’ de Frank Sinatra, Sammy ganhava mais de um milhão de dólares por ano com suas turnês. Em 1989, já na bancarrota devido a péssimos investimentos e luxos excêntricos, decidiu não extirpar um tumor na garganta porque temia que a operação afetasse suas cordas vocais. “Não tenho um centavo guardado, e se não posso continuar cantando, vou morrer de fome”, foi o que argumentou. Muito pouco depois acabou morrendo por conta do tumor que não quis operar. Na imagem, Sammy Davies Jr. em Los Angeles, em 1988.GETTY Vincent Van Gogh: só dois degraus acima da indigência O pintor holandês teve uma vida conturbada. Foi galerista, pastor protestante, missionário… Chegou a conviver em Haia, em condições paupérrimas, com

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A história por detrás da foto

A história por trás da foto do menino negro de Copacabana Um menino observa os fogos na virada de ano novo em Copacabana. Fotografia de LUCAS LANDAU Garoto cuja imagem viralizou após o réveillon acompanhava mãe que vendia chaveiros na praia. Família mora em favela dominada pelo tráfico e chegou a prestar queixa na polícia após a divulgação O menino negro retratado em uma fotografia em preto e branco observando os fogos durante a virada do ano em Copacabana teve parte da sua história revelada. No dia 31 de dezembro o garoto de oito anos saiu com sua mãe da favela onde moram a caminho de uma das praias mais famosas do mundo. A família, sem pai, e formada por mais três irmãos mora num prédio ocupado e dominado pelo tráfico. Eles não percorreram os 17 quilômetros que separam sua casa da areia para curtir da festa vestidos de branco. A mãe, de 35 anos, é vendedora ambulante e essa noite saiu para vender chaveiros entre os 2,5 milhões de pessoas que comemoravam o réveillon à beira da praia. Ao começarem os fogos, o pequeno se separou da mãe e foi dar um mergulho quando em seguida ficou absorto ao observar o espetáculo de luzes no mar. Foi nesse instante que o fotógrafo Lucas Landau, que retratava a festa para a agência Reuters, captou a fascinação do menino. A imagem, sem o fotógrafo pretender, acabou viralizando, chegou a milhares de brasileiros e foi tema de matérias em vários jornais internacionais. A que poderia ter se limitado a uma bela fotografia levantou, no entanto, uma enorme discussão nas redes sociais. Discutia-se o papel da fotografia, mas também como a interpretávamos. Muitos enxergaram um menino perdido, pobre, assustado, sendo ignorado pela massa branca. Outros viram apenas uma criança absorta no espetáculo e multiplicaram-se as vozes que apontaram a estigmatização das crianças negras no Brasil ao se perceber a quantidade de pessoas que associaram de imediato a cor da pele do garoto com sua suposta condição social. Os dias se passaram sem ninguém saber quem era aquele menino, alheio ao reboliço que sua foto tinha causado. A mãe dele, que não tem celular, não sabe ler nem escrever, nem assinar seu próprio nome, acabou sabendo da repercussão por meio de uma vizinha. Assustada, ela chegou a ir na delegacia de Repressão de Crimes de Informática para apresentar uma queixa. Acreditava que o fotógrafo estava comercializando a imagem sem seu consentimento, algo que Landau sempre negou. A polícia, de fato, não observou nenhum crime, não haverá investigação e a denúncia ficou resumida a apenas um registro. Foi desse documento, ao qual o EL PAÍS teve acesso, que saíram boa parte das informações para esta reportagem. Fotógrafo e menino chegaram a se conhecer, mas o próprio Landau alertou em suas redes sociais que aquele encontro ficaria apenas para eles. “O conheci cinco dias depois da nossa vida ter mudado. Conheci também sua mãe. Foi um encontro emocionante em que pudemos criar nossos vínculos, finalmente. Escolhemos manter esse momento privado, assim como a nossa relação”, ele escreveu. A reportagem tentou conversar com a mãe, mas ela se negou. Quer proteger seu filho. Maria Martin/ElPais

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Fatos & Fotos – 28/12/2017

Jingo bell – Caminhando pela cidade. A vida como não deveria ser – 25/12/2017 Rua Joaquim Nabuco c/ Av. Abolição, Aldeota,Fortaleza,Ce. Foto José Mesquita, Galaxy Note V Da série “E-mails imaginários” De: papainoel@fimdomundo.pn Para: temer@corrupto.com Ou faz regime ou se torna amigo do Gilmar

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Fatos & Fotos – 26/12/2017

Um procurador da república que vem a público ofender o presidente da república – esse merece, aquele não deveria fazê-lo – insinuando, insinuando uma ova, é acusando mesmo, de haver concedido o indulto de natal visando a proteção futura dele mesmo se vier a ser condenado por corrupção, é a estampa cristalina da absoluta e amoral ausência de ética e compostura de alguns membros danosos do Ministério Público. É necessário e urgente que o Conselho Nacional do Ministério Público extirpe essa ervas daninhas. O sr.Dallagnol definitivamente trocou a judicatura pela ribalta de uma ópera bufa. Foto:Vladimir Platonow/ Agência Brasil Jingo Bell. O Brasil é um país de cabeça pra baixo. Juízes com apartamentos próprios recebendo auxílio moradia e trabalhadores com salários de fome pagando aluguel. Baixo, Rony pagando aluguel por um barraco com 10m², sem banheiro, em São Paulo. Foto Antonio Sacorza Henrique Fontana e o Maia do PT, esse, ex presidente da Câmara Federal, foram delatados pela Odebrecht, e até pelo operador da Gleisi. Porém a Gaveta do STFdoG, do MPF e da PGR são enormes. Enquanto isso o Lula tá solto e fazendo campanha. Dilma então, nem citada foi. E brasileiro ainda goza de argentino. Ouvindo na rádio um moralista a “budejar” contra a República das bundas. Ora bolas! Ou bundas. Me pergunto, na realidade fora eu um chato mais graduado, ligaria para a rádio e perguntaria ao indignado “bundólogo” como um país que foi abduzido durante décadas pelo “é o tchan” – minha nossa – foi a orgasmos múltiplos com Mamonas Assassinas, e cresceu com a banheira do Gugu, com a pedofilia da Meneghel, argh!, se transformou nessa calvinista sociedade de gente(?) que finge ser moralista para “de um tudo”? O Tim Tones – fazes falta Chico Anysio. Muita! – radiofônico pensa que engana a quem? Um espanto! Odebrecht confirma propinas de R$ 50 milhões a Aécio. Investigadores da PGR e da Polícia Federal encontraram novos indícios de que o senador Aécio Neves recebeu propina para atuar em nome de empreiteiras na construção da Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia; tema de inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), a acusação contra o tucano foi relatada por ex-executivos da Odebrecht em acordos de colaboração premiada; de acordo com os executivos da Odebrecht, Aécio recebeu R$ 50 milhões, repassados pela Odebrecht (R$ 30 milhões) e pela Andrade Gutierrez (R$ 20 milhões); Odebrecht sustenta a acusação com comprovantes bancários, entregues nos últimos meses, que demonstram depósitos para Aécio por meio de uma conta de offshore em Cingapura. Jingo Bell   Lembrei-me do que li, Stendhal, sobre resultados inversos no Congresso de Viena em 1814, quando foi firmada a “Santa Aliança”. Transpondo para o Bananil… Ao colocar o Alexandre “Copy Desk” Moraes no STF o MiShell conseguiu o impossível. Enterrou o Meirelles, blindou o Lula e ainda deu todas as armas para “esquerda” – é, vá lá que exista” – voltar ao poder “di cun força”. A Farsa Jato não entregou nem o Palocci, nem o Paulo Bernardo e nem a GEOBASE do filho do Lula. Tudo teatro. E bufo. Lula será condenado no TRF4, o STFdoG derrubará a inconstitucional prisão na 2ª instância, e por consequência, a inelegibilidade do Lula – aquele que diz se arrepender com a foto com o Maluf. Moro volta à matriz, e a República de Curitiba cada vez mais longe dos petistas.

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Fatos & Fotos – 24/12/2017

Idiotas manipulados no 3º Andar do Planalto Infelizmente, enquanto tivermos candidatos à presidência cujas únicas competências e ambições é compor alianças com quer que seja para se sentar naquela poltrona do terceiro andar do Palácio do Planalto, só teremos idiotas manipulados por espertalhões na presidência da república. Precisamos de um candidato que tenha aquele mínimo de inteligência para saber que precisa montar um grupo de candidatos ao parlamento competentes e honestos – suficientes para formar maioria – para concorrer junto com ele. 2018 é a eleição ideal para isso, pois serão renovados 2/3 do senado. Brasil e a Ditadura da Toga O Bananil é um país (sic) que tem um único poder: da Toga. Eles decidem como querem as leis, a Constituição, e quem deve ser preso ou solto independente de provas materiais. Essa degradação do “Estado Democrático de Direito”, começou com a Inconstitucionalíssima posse do facínora Sarney, transitou na nefasta e seletiva aplicação da absurda da “Teoria do Domínio Fato” no mensalão, e desembocou na Farsa Jato, onde a ausência de “Provas Materiais” é substituída pela inacreditável “Convicção”. Um país (sic) que vive uma ditadura da “Toga” é muito pior do que qualquer outra ditadura, porque tais estão travestidos de impolutos defensores da sociedade.  A imbecilidade não é privilégio dos analfabetos funcionais. Pretender chegar ao governo do Bananil, afirmando em patética e ilegal campanha antecipada, que “a redução da inflação é reflexo da miséria e não de ação do governo, e ainda afirmar que só se deve gastar menos do que se ganha”, é condescendência além do suportável que se pode conceder a um farsante doutorado. Qualquer comezinho idiota sabe disso. Henrique “Soros/Bank Boston’s boy” Meirelles é somente mais um néscio chafurdando na pocilga, que faz qualquer coisa pelo poder.   PSDB nasceu dentro da briga na quadrilha do PMDB por causa da má divisão de roubo. Rede nasceu dentro do consórcio Natura/Itau Novo nasceu, e já morreu, dentro dos banqueiros insatisfeitos. PT nasceu, via Golbery, para a direita ter um partido de “esquerda” pra chamar de seu. O mais é figuração. De quinta.

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Fatos & Fotos – 14/12/2017

Natal sem Partido Qual o poder mais deletério, canalha e corrupto no Brasil de hoje. Executivo Legislativo Judiciário Imprensa   “A lembrança é uma forma de encontro.”Khalil Gibran Tom Jones – Blues – ‘Burning Hell’ Session A 30 quilômetros de Ipanema, a vida passa com menos de três reais por dia O lixo é a principal fonte de renda do Jardim Gramacho. ARIEL SUBIRÁ O bairro de Jardim Gramacho se sustentou por três décadas com o maior lixão de América Latina. Após cinco anos do fechamento, seus moradores são a face da extrema pobreza.Em Jardim Gramacho não se vive, se sobrevive. A apenas 30 quilômetros da praia de Ipanema há pessoas morando em condições tão precárias como num pobre povoado da África. Jardim Gramacho, a comunidade que abrigou até 2012 o maior lixão de América Latina, famosa no mundo inteiro por um documentário do artista plástico Vik Muniz que chegou ao Oscar, poderia constituir um monumento dedicado ao descaso e a promessas descumpridas. Mas não há tempo para pensar nisso. O bairro, em Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio, é um bolsão de pobreza extrema, a face dura e invisível da desigualdade do Brasil, do abandono do poder público, um lugar onde se vive, rodeado de cachorros sarnentos, com menos de três reais por dia. Jardim Gramacho não tem água encanada, a eletricidade depende dos gatos e da aleatoriedade dos picos de energia que estouram os poucos eletrodomésticos que ainda funcionam. Aqui tampouco há rede de esgoto e, em algumas casas, nem banheiro. A higiene pessoal, para quem nem chuveiro tem, é feita numa laguna próxima e verde. As moradias construídas com portas de armários e chapas de madeira velha, servem para pouco nos dias de chuva. “Quando chove, cai mais água dentro do que fora”, ouve-se com frequência. – Quando foi a última vez que você comeu carne?  – Ah, pouco tempo, umas duas semanas atrás. – E peixe? – Ihhh, nem lembro. – E fruta? – Fruta? Isso aqui é um luxo. Vanessa Dias, grávida do sexto filho aos 31 anos, está sentada no degrau da entrada da sua casa de madeira. Uma cerca improvisada com tábuas delimita um quintal cheio de entulho e lixo. A precária dieta da família de Vanessa, longe de qualquer recomendação do que seria uma alimentação saudável, é só mais um exemplo da sua exclusão. A mulher, com vários dentes a menos e aparentando 20 anos a mais, trabalhou no antigo lixão desde a adolescência e nunca teve carteira assinada. O marido, um pedreiro desempregado de 42 anos, há tempos que não consegue um biscate. Suas duas únicas fontes de renda são os 150 reais que recebe do Bolsa Família pelos três filhos que moram com ela e uns 200 reais que consegue vendendo desinfetante. A renda de Vanessa Dias, de 31 anos, vem da venda de desinfetante. ARIEL SUBIRÁ  Se divididos esses 350 reais pelos cinco membros da família, os Dias vivem com uma renda de 2,3 reais por dia e por pessoa. O último cálculo do Banco Mundial para determinar a linha da pobreza extrema é de 1,90 dólares por dia, ou 6,18 reais. Os brasileiros que vivem abaixo deste patamar devem passar de 2,5 milhões a 3,6 milhões entre 2016 e o final deste ano, segundo a instituição. Enquanto Vanessa fala da sua rotina, três dos seus filhos de nove, oito, e dois anos brincam com dois gatinhos recém nascidos entre os escombros. Os bichos miam ao caírem torpemente no chão. Estão lançando eles alto demais. Um dos meninos, que só neste ano já foi internado sete vezes por pneumonia, briga com o outro. A mãe põe ordem com apenas um par de gritos. As moscas pousam com insistência no rosto da mulher, mas ela nem se move. Dentro da residência, limpa na medida do possível, é ainda pior. No interior do quarto e sala, onde todos dormem, elas voam em nuvens. Por todas partes. Ela não reclama de quase nada, “apenas gostaria de que chegasse água”. A miséria no Jardim Gramacho percebe-se não apenas na dieta dos seus 20.000 moradores, as cáries das crianças, a alta evasão escolar, o analfabetismo, ou os ratos, insetos e escorpiões que infestam o bairro. A miséria exclui, ela isola. O morador de Jardim Gramacho não sai de Jardim Gramacho. Vanessa puxa a média para baixo, mas o resto dos seus vizinhos não tem dinheiro nem para pagar uma passagem de ônibus para ir no médico. Segundo um levantamento da ONG Teto, que atua no local construindo casas desde 2013, a renda média per capita dos moradores de Jardim Gramacho é de 331,96 reais, 11 reais por dia, praticamente o valor de duas passagens de metrô ou de trem. A renda para os que trabalham triplica-se, mas aqui cerca de 45% dos vizinhos não tem emprego (a taxa nacional de desemprego é de 12,4%), segundo essa pesquisa realizada com mais de 700 moradores. Não é falta de vontade. Dezenas de vizinhos estão doentes, não tem formação nenhuma, ninguém com quem deixar os filhos ou precisam cuidar da casa. A história do bairro é também a historia do seu lixão, o maior de América Latina, de onde seus mais de 1.500 catadores oficiais retiravam duas toneladas diárias de materiais recicláveis. Aquela montanha de 60 metros de lixo fez o bairro crescer e inspirou os cenários de uma das tramas da novela Avenida Brasil. Não era o melhor dos empregos, mas servia de sustento a famílias inteiras. Quando o local foi fechado, em 2012, foi como tirar os jalecos salva-vidas de gente que não sabe nadar no meio de uma tempestade. Prometeram a eles, nos diferentes níveis do poder público, cursos profissionalizantes, urbanização do bairro, novas fontes de renda… Mas ninguém cumpriu. Os antigos catadores chegaram a receber uma indenização de cerca de 14.000 reais quando o aterro fechou. Muitos abriram uma conta de banco pela primeira vez, mas esse dinheiro há tempos que acabou. “Jardim Gramacho tem a situação mais gritante onde já trabalhei”, afirma Carolina Thibau, coordenadora da Teto. “O fechamento do aterro foi uma ação

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Fatos & Fotos – 13/12/2017

Carpe Diem – Erasmo Carlos e Fernanda Takai Do fundo do meu coração   Quem paga imposto? Agrotóxico é Pop Como Isaac Newton perdeu milhões com ações apostando que faria fortuna na América do Sul  Direito de imagem GETTY IMAGESO cientista Isaac Newton perdeu dinheiro investindo na companhia Mares do Sul “Posso calcular o movimento das estrelas, mas não a loucura dos homens”, disse Isaac Newton (1643-1727) após perder sua fortuna na bolha financeira criada pela especulação em torno da Companhia dos Mares do Sul- uma companhia público-privada britânica que detinha, na época, os direitos exclusivos de comercialização com a América do Sul. A aposta no comércio com as colônias espanholas arruinou, em 1720, muitos investidores, como Newton, e deu origem ao termo “bolha”. A Companhia dos Mares do Sul (SSC, na sigla em inglês) foi fundada em 1711, supondo-se que a Guerra de Sucessão da Espanha (1701-1714) terminaria com um tratado que permitiria intercâmbios comerciais com as colônias espanholas no Novo Mundo. Até aquela época, a Espanha impedia trocas comerciais entre as colônias na América Latina e outros países. Do total de ações da SSC, 22,5% foram destinados à rainha britânica na época, Ana (1665-1714). Os papéis da empresa, com juros garantidos de 6%, venderam bem graças à promessa de imensas riquezas nos territórios sul-americanos. A prata e o ouro das colônias espanholas na América faziam os europeus sonharem | Foto: Wellcome Images Todo mundo havia escutado falar das minas de ouro do Peru e do México, consideradas inesgotáveis. Circulou, inclusive, um informe que assegurava que a Espanha estava disposta a conceder quatro portos nas costas chilenas e peruanas, o que aumentou a confiança no negócio. Mas o rei espanhol Felipe 5º (1683-1746) nunca teve a intenção de admitir os ingleses em seus portos na América, e o Tratado de Utrecht, celebrado no fim da guerra, em 1713, foi menos favorável do que o esperado. O documento dava ao Reino Unido o direito de ser o único provedor de escravos das colônias espanholas na América do Sul por 30 anos, impunha um imposto anual sobre os escravos importados e somente permitia à empresa enviar um barco por ano para comercializar com México, Peru e Chile. Mesmo assim, a popularidade das ações da empresa continuou em alta. Quando a rainha morreu em 1714, George 1º (1660-1727) assumiu, herdou suas ações e comprou mais. Seu filho, o príncipe de Gales, não apenas foi investidor como também assumiu o comando da SSC em 1715. Com esse respaldo, além de aristocratas, políticos e comerciantes, os servos destas pessoas também puderam investir na companhia. Primeira viagem Direito de imagem GETTY IMAGESO rei George 1º investiu na Companhia dos Mares do Sul A primeira viagem comercial à América aconteceu em 1717 e teve êxito moderado, mas, após uma disputa familiar com o príncipe de Gales, o rei passou a comandar a SSC em 1718, gerando confiança na empresa. Em 1720, o valor das ações da empresa disparou como resultado da proposta que apresentou ao Parlamento de se encarregar da dívida nacional, e com os rumores sobre as riquezas produzidas nas minas de Potosí, na Bolívia, e de que tratados entre Inglaterra e Espanha autorizariam o livre comércio em todas as colônias da Coroa espanhola. Além disso, dizia-se que os moradores do México esvaziariam suas minas de ouro em troca de produtos feitos com algodão e lã, algo que os britânicos podiam prover com abundância. Em resumo, os mercadores da SSC se tornariam os mais ricos da história. Na Câmara dos Comuns do Parlamento britânico, apenas um membro se manifestou contra essas ideias e, mesmo que na Câmara dos Lordes vários tenham também tenham se posicionado assim, eles foram comparados à figura mitológica de Cassandra, aquela que tinha o dom da predição, mas a maldição de não acreditarem nela. O pesadelo de Newton Newton era reconhecido como o principal cientista da época e admirado por haver definido as leis da gravidade, além de ser o chefe da Casa da Moeda britânica. Mas, pelo visto, ser um gênio não é uma garantia de sucesso na bolsa. Ele saiu-se bem com seus investimentos inicialmente. Comprou ações da SSC em fevereiro de 1720, quando seu valor era de cerca de 175 libras (atualmente, 24.170 libras) e as vendeu em maio por quase o dobro. Se tivesse ficando com os lucros, estaria entre os que enriqueceram com a bolha. Mas ele se deixou levar pela onda produzida por uma campanha de marketing extremamente efetiva impulsionada pelo fato de que o governo queria trocar a dívida soberana por ações da SSC. Os detentores de títulos do governo se converteram em acionistas da companhia, e esse nomes da elite conferiram à ela uma aparente legitimidade que atraiu muitos outros compradores. A ambição cegou o público e ocultou a realidade. Em questão de meses, o preço da ação passou de 100 libras para mil libras, apesar de isso não se refletir nos ganhos da companhia: a única ação razão da alta era que alguém estava disposto a pagar mais pelos papéis. Fim de festa Caricatura de William Hogarth mostra à direita o monumento “em memória da destruição da cidade pela Mares do Sul em 1720, com a roda da fortuna ao centro| Foto: Reprodução Em setembro daquele ano, o mercado entrou em colapsou, e as ações da SSC caíram, levando muitos investidores à ruína e provocando estragos na fortuna de Newton. A Câmara dos Comuns ordenou uma investigação que mostrou que ao menos três ministros haviam aceitado suborno para especular e inflar o preço dos papéis. A SSC sobreviveu até 1853, depois de vender a maioria de seus direitos ao governo espanhol, em 1750. Entre 1715 e 1731, foi responsável pelo transporte de aproximadamente 64 mil escravos africanos, para se ter uma dimensão de suas atividades. Mas claro que nem todos investidores saíram perdendo. O compositor anglo-alemão George Handel, que passou a maior parte da vida em Londres, está entre os que tiveram sucesso. Ele comprou ações em 1716, mas as vendeu a tempo

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