A minha modesta, eu sei, capacidade semiológica de decodificar a comunicação entre emissor/receptor, é insuficiente para compreender por que algo intitulado Organização Não Governamental – ONG – recebe dinheiro do governo.
Tais organizações que em um passado longínquo recebiam a admiração do brasileiros, agora têm, na maioria, suas siglas associadas a fraudes.
Há dormitando no Senado Federal uma CPI para apurar as peraltices das ONGS, mas até hoje não houve força capaz de fazer decolar a chamada CPI das ONGS, apesar de haver sido colhidas o número regimental de assinaturas parlamentares para sua instalação.
O Editor
Governo protege as ONGs corruptas, reconhece que não tem o menor controle sobre elas, mas continua a lhes repassar recursos públicos.
A admissão do fracasso do governo em relação às ONGs (Organizações Não-Governamentais) acaba de ser feita pelo próprio ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), que é responsável pela interlocução do Planalto com os movimentos sociais.
Carvalho participou do seminário “Fóruns do Planalto”.
Falando para uma plateia de servidores, disse que o governo tem trabalhado para evitar “a picaretagem que infelizmente também grassa e cresce” entre as ONGs, reconhecendo que nesse setor é difícil separar “o joio do trigo”.
O ministro reconheceu o fracasso no controle sobre as ONGs e disse ser necessário criar “um departamento-monstro para dar conta de nota por nota, nessa questão de manter fiscalização para evitar a picaretagem que infelizmente também grassa e cresce nessa área.
Ao lado de tantas entidades beneméritas, nós sabemos de ONGs e entidades que são criadas para auferir recursos para as próprias pessoas, que são fraudes”.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita]
Paradoxalmente, o ministro defende que o governo continue a sustentar essas ONGs fraudulentas.
Alega que a alternativa não é simplesmente bloquear a transferência de recursos públicos, e revela que tem defendido essa tese junto à própria Dilma Rousseff.
“A presidente fica preocupada com os processos de corrupção e apropriação indébita, ela tem sensibilidade.
Mas se a gente parar hoje de fazer financiamento para muitas entidades, quem vai sofrer são menos as entidades e mais o povo da ponta”, justifica Carvalho.
Traduzindo: as ONGs picaretas não somente continuarão impunes por tempo indeterminado, mas permanecerão beneficiadas e favorecidas com repasses de verbas públicas do governo federal, conforme defende o ministro Gilberto Carvalho.
O ministro apenas propõe que o governo retome a ideia da Consolidação das Leis Sociais.
E argumenta que uma saída seria incluir nessa Consolidação mecanismos de controle mais rígidos para essas entidades.
“Esse trabalho foi interrompido pelo clima eleitoral, mas é necessário que retomemos, porque você pode acoplar nesse processo dispositivos que permitam essa relação com as entidades com o governo com estabilidade e segurança jurídica”, afirmou, deixando claro que o governo não pretende tomar qualquer medida imediata contra as ONGs corruptas.
Newton Carlos/Tribuna da Imprensa