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Teixeira de Pascoaes – Versos na tarde

O Poeta Teixeira de Pascoaes ¹ Ninguém contempla as cousas, admirado. Dir-se-á que tudo é simples e vulgar… E se olho a flor, a estrela, o céu doirado, Que infinda comoção me faz sonhar! É tudo para mim extraordinário! Uma pedra é fantástica! Alto monte Terra viva, a sangrar como um Calvário E branco espectro, ao luar, a minha fonte! É tudo luz e voz! Tudo me fala! Ouço lamúrias de almas no arvoredo, Quando a tarde, tão lívida, se cala, Porque adivinha a noite e lhe tem medo. Não posso abrir os olhos sem abrir Meu coração à dor e á alegria. Cada cousa nos sabe transmitir Uma estranha e quimérica harmonia! É bem certo que tu, meu coração, Participas de toda a Natureza. Tens montanhas na tua solidão E crepúsculos negros de tristeza! As cousas que me cercam, silenciosas, São almas, a chorar, que me procuram. Quantas vagas palavras misteriosas, Neste ar que aspiro, trémulas, murmuram! Vozes de encanto vêm aos meus ouvidos, Beijam os meus olhos sombras de mistério. Sinto que perco, às vezes, os sentidos E que vou flutuar num rio aéreo… Sinto-me sonho, aspiração, saudade, E lágrima voando e alada cruz… E rasteirinha sombra de humildade, Que é, para Deus, a verdadeira luz. Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos * Amarante, Portugal – 8 de novembro de 1877 d.C + Gatão, Portugal – 14 de dezembro de 1952 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Pós-modernidade e o nonsense

Produto Esgotado! O que estará em extinção? A ética na política? A honestidade? A verdade? A gentileza? Será essa metáfora a lanterna de Diógenes tecnológica? [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Governo protege as ONGs corruptas

A minha modesta, eu sei, capacidade semiológica de decodificar a comunicação entre emissor/receptor, é insuficiente para compreender por que algo intitulado Organização Não Governamental – ONG – recebe dinheiro do governo. Tais organizações que em um passado longínquo recebiam a admiração do brasileiros, agora têm, na maioria, suas siglas associadas a fraudes. Há dormitando no Senado Federal uma CPI para apurar as peraltices das ONGS, mas até hoje não houve força capaz de fazer decolar a chamada CPI das ONGS, apesar de haver sido colhidas o número regimental de assinaturas parlamentares para sua instalação. O Editor Governo protege as ONGs corruptas, reconhece que não tem o menor controle sobre elas, mas continua a lhes repassar recursos públicos.  A admissão do fracasso do governo em relação às ONGs (Organizações Não-Governamentais) acaba de ser feita pelo próprio ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), que é responsável pela interlocução do Planalto com os movimentos sociais. Carvalho participou do seminário “Fóruns do Planalto”. Falando para uma plateia de servidores, disse que o governo tem trabalhado para evitar “a picaretagem que infelizmente também grassa e cresce” entre as ONGs, reconhecendo que nesse setor é difícil separar “o joio do trigo”. O ministro reconheceu o fracasso no controle sobre as ONGs e disse ser necessário criar “um departamento-monstro para dar conta de nota por nota, nessa questão de manter fiscalização para evitar a picaretagem que infelizmente também grassa e cresce nessa área. Ao lado de tantas entidades beneméritas, nós sabemos de ONGs e entidades que são criadas para auferir recursos para as próprias pessoas, que são fraudes”.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Paradoxalmente, o ministro defende que o governo continue a sustentar essas ONGs fraudulentas. Alega que a alternativa não é simplesmente bloquear a transferência de recursos públicos, e revela que tem defendido essa tese junto à própria Dilma Rousseff. “A presidente fica preocupada com os processos de corrupção e apropriação indébita, ela tem sensibilidade. Mas se a gente parar hoje de fazer financiamento para muitas entidades, quem vai sofrer são menos as entidades e mais o povo da ponta”, justifica Carvalho. Traduzindo: as ONGs picaretas não somente continuarão impunes por tempo indeterminado, mas permanecerão beneficiadas e favorecidas com repasses de verbas públicas do governo federal, conforme defende o ministro Gilberto Carvalho. O ministro apenas propõe que o governo retome a ideia da Consolidação das Leis Sociais. E argumenta que uma saída seria incluir nessa Consolidação mecanismos de controle mais rígidos para essas entidades. “Esse trabalho foi interrompido pelo clima eleitoral, mas é necessário que retomemos, porque você pode acoplar nesse processo dispositivos que permitam essa relação com as entidades com o governo com estabilidade e segurança jurídica”, afirmou, deixando claro que o governo não pretende tomar qualquer medida imediata contra as ONGs corruptas. Newton Carlos/Tribuna da Imprensa

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Internet não é terra de ninguém

Um caso “exemplar” : quem disse que Internet é Terra de Ninguém ? Quem disse que internautas podem publicar agressões gratuitas ? A Justiça diz que não ! por Geneton Moraes Neto/G1  Guardei silêncio durante dez meses sobre uma ofensa intolerável que me foi feita no Twitter, um dos territórios livres da Internet. Eu poderia sair atirando petardos virtuais contra quem me agrediu, mas preferi recorrer à Justiça. Queria criar um precedente que considero importante: não, ninguém pode usar a Internet ( nem que seja um mero tweet – uma frase de míseros 140 caracteres) para atacar os outros impunemente. Não pode. No pasarán ! A boa notícia é que a Justiça, afinal, se pronunciou – a meu favor. Respiro aliviado. Fiz a minha parte: queria provar que não, Internet não é lixeira. Se alguém escreve um absurdo  ( não importa que seja numa página lida por três gatos pingados ) , deve responder por ele. Por que não ? Eu não poderia ficar calado. Resolvi adotar como  lema o verso bonito de “Consolo na Praia”, aquele poema de Carlos Drummond de Andrade : “À sombra do mundo errado, murmuraste um protesto tímido”. É o que tentei fazer – em 99% dos casos, sem qualquer resultado.  Neste caso, ao murmurar meu “protesto tímido”, tentei, na verdade, defender o bom Jornalismo na selva da Internet. O bom Jornalismo ! Tão simples: é aquele que, entre outras virtudes, não comete calúnia nem injúria nem difamação. Diante do pronunciamento da Justiça,  tive vontade de gritar: é gol !  O Jornalismo venceu. Pequeno esclarecimento aos caríssimos ouvintes :  ao contrário do que o grito de gol imaginário possa sugerir, minha relação com o Jornalismo é profundamente acidentada. Detalhes no final do texto (*) O fato de me julgar um perfeito alienígena no Planeta Jornalismo não me impede de defender o Jornalismo na hora em que as tropas inimigas se aproximam. Bem ou mal, é a atividade que, já por tanto tempo, consome minhas parcas energias. Lá vou eu, então, para a Sala de Justiça. A Internet é a maior invenção dos últimos séculos ? É provável que seja. Quem imaginaria a vida sem um terminal de computador ? Quase ninguém. Hoje, qualquer um pode criar, em um minuto, uma conta no Twitter ou no Facebook ou no Orkut ou num hospedeiro de blogs para se manifestar sobre o que bem entender. Em questão de segundos, qualquer texto, qualquer imagem, qualquer frase,qualquer pensamento podem ser replicados incontáveis vezes. Eis a oitava maravilha do mundo![ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Em meio a tantas maravilhas, uma dúvida vibra no ar : que proteção existe contra o internauta que usa o Twitter, por exemplo, para atingir a honra alheia ?  Agora, posso dizer: a Justiça. Há uma dificuldade: nem sempre é fácil localizar o autor da ofensa. A autoridade judiciária me disse  – com razão – que a Justiça talvez não tenha como localizar e intimar um agressor que se esconde sob pseudônimo na imensa floresta da Internet.  Se o autor é “encontrável”, pode acabar “nas barras dos tribunais”, como se dizia. Em resumo: abri um processo por calúnia, injúria e difamação contra o autor de um comentário ofensivo publicado no Twitter. O que dizia o comentário estúpido ? Que eu simplesmente tinha “roubado” de um trabalho de conclusão de curso de alunos  de Jornalismo as perguntas que fiz a Geraldo Vandré, o compositor que resolvera quebrar o silêncio depois de passar trinta e sete anos sem dar entrevista para TV. É óbvio que, diante da chance raríssima, fui – voando – ao encontro do enigmático Vandré. Que jornalista não teria a curiosidade de ouvir um grande nome que sumira do mapa por tanto tempo ? Mas a última coisa que eu faria, na vida, seria “roubar”  perguntas de quem quer que seja. A entrevista foi ao ar na Globonews, em setembro de 2010 ( aqui, o link para o vídeo completo: http://goo.gl/qp4v7 ). Diante da ofensa publicada no Twitter, parti para a briga. O juiz remeteu o processo ao Ministério Público. O passo seguinte: uma audiência preliminar no Quarto Juizado Especial Criminal, no Leblon, às 14:45 da terça-feira, vinte e seis de julho do ano da graça de 2011. Não tinha sido difícil achar o autor da ofensa publicada no Twitter: é um jornalista que trabalha numa emissora de rádio importante de São Paulo. Imagino que tenha poucos anos de formado. Salvo algum desvio, deverá ter uma carreira pela frente. Vou, aqui, ter um gesto de “magnanimidade” que o autor da agressão não teve para comigo:  não vou citar nomes, para não prejudicá-lo nem deixar rastros na Internet. Idem com a mulher que repetiu a ofensa e chamou a entrevista de “farsa” num comentário enviado a um site ( neste caso, a dificuldade citada pela autoridade judiciária se confirmou: não foi possível localizá-la). Também não vou citar, aqui, o nome desta pobre coitada. Tenho perfeita noção de como funciona este circo: qualquer referência que “caia na rede”  virá sempre à tona a cada vez que alguém fizer uma busca no Google… A citação dos nomes envolvidos no processo 0336624-21.2010.8.19.0001, em última instância, nem é indispensável. O que vale, neste caso, é o exemplo, a situação, a tentativa ( bem sucedida !) de abrir um precedente. Chegou a hora da audiência. O sistema de alto-falantes do Quarto Juizado Especial Criminal chama os envolvidos no caso. Sou citado como vítima. Dentro da sala, o clima era de constrangimento absoluto. O autor da agressão no Twitter tinha vindo de São Paulo, acompanhado de um advogado : estava sentado do outro lado da mesa, diante de mim.  Ao meu lado, estava o advogado Marcelo Alfradique. Sem falsa modéstia, sou um orador que, num julgamento generoso, poderia se situar na tênue fronteira entre o ruim e o péssimo. Não me arriscaria a falar de improviso, mas não queria de maneira alguma  perder a chance de marcar posição. Rabisquei, então, o que eu gostaria de dizer diante de uma autoridade da Justiça e de quem usou o Twitter para cometer uma agressão intolerável. Pedi a palavra. Já engoli sapos monumentais, gigantescos, monstruosos ao longo da vida. Mas, ali, era hora de soltar os cachorros: “Quero dizer que, para mim, o fato de estar aqui é constrangedor. É a primeira vez que processo alguém. Fiz questão absoluta de recorrer

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