Conforme era esperado, a decisão do STF entregando o significativa área do território nacional para potências estrangeiras, quer dizer, tribos indígenas na Reserva Raposa Serra do Sol, provoca compreensível reação dos fazendeiros que ali produziam lavouras de arroz.
Mais uma vez, os brasileiros, assistimos à Marcha da Insensatez na versão Tupiniquin.
Maior produtor da região, Quartiero faz arrastão em suas fazendas
O fazendeiro Paulo César Quartiero, maior produtor rural instalado no interior da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, decidiu adotar a política da terra arrasada. Insatisfeito com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a sua saída daquela área até quinta-feira, ele está disposto a não deixar nada em pé.
Nenhuma casa, galpão, curral, rede de eletricidade, sistema de irrigação, nada que possa ser utilizado pelos índios, que, na sexta-feira, devem tomar posse das duas fazendas que ele possui naquela área – num total de quase 9 mil hectares. Até o piso das construções está sendo removido.
Ontem à tarde, na Fazenda Depósito, que fica a cerca de 170 quilômetros da capital, Boa Vista, a movimentação era intensa. De tempo em tempo, carretas enormes e fechadas, apropriadas para o transporte de gado, deixavam a fazenda, levantando nuvens de poeira.
Levavam aos poucos o rebanho da raça canchim que Quartiero possui, com quase cinco mil cabeças. Em outra parte, grupos de peões retiravam telhas, portas, esquadrias, estruturas metálicas, enfim, todo o material que pode ser aproveitado em outra obra. Logo atrás deles, vinha uma enorme retroescavadeira, derrubando paredes e revolvendo pisos.
Roldão Arruda – O Estado de São Paulo