Boa noite
Luz
Kalew Nicholas
Eu olho pras estrelas
e gosto do que dizem as luzes,
mesmo que eu saiba
que esses astros já morreram.
Ignorá-las
seria tornar vã a sua morte.
Sangue do meu sangue,
osso dos meus ossos.
Eu rasguei a cicatriz
pra ver se, sangrando,
eu te encontrava na ferida;
eu exalo um odor pútrido
após tanta hemorragia.
Mas qual é a razão de tanta dor?
Compensar que o mundo queimava
enquanto eu sorria?
A relva cresce sobre túmulos
como se a vida,
cansada da inadimplência,
expulsasse a morte-inquilina.
É aí que te encontro:
ao descobrir que luz é luz
e ainda brilha.