Mineiro trabalhando na extração de pedras de onde será extraído o ouro. Foto: Bram Ebus/InfoAmazonia.

O cenário é de improviso e o processo, rudimentar. Por três meses, o repórter Bram Ebus, do InfoAmazonia, investigou o megaprojeto de mineração do presidente Nicolás Maduro na Venezuela, apresentado como saída para a crise econômica do país, depois da queda do petróleo agravar a inflação e desemprego.

O impacto social e ambiental do Arco Mineiro do Orinoco é imenso e atinge diversos povos indígenas que vivem na região. A explicação está no desmatamento e no uso do mercúrio, usado para separar o ouro de outros minerais da terra. Quanto mais rudimentar o processo de separação do ouro, maior o risco de contaminação do trabalhador e dos rios que abastecem a região.

A mineração artesanal, de pequena escala, virou um enorme problema ambiental e social impulsionada pela migração de milhares de trabalhadores para a área, a procura de um novo modo de vida. A radiografia desse deslocamento pode ser resumida em cinco mapas, que mostram o impacto da mineração no terceiro maior rio da América Latina, o rio Orinoco.

O Arco Mineiro ocupa um território de 110 mil quilômetros quadrados, divididos em quatro áreas ricas em ouro, diamante, bauxita, ferro e coltan.

A região já despertava grande interesse pela mineração. Com os poucos dados que o governo venezuelano abre sobre a área, é possível ver as reservas com atividade conhecida ou de exploração potencial. Clique nas áreas em azul para ver os detalhes de cada zona.

O impacto é grande para povos indígenas e o Arco Mineiro sobrepõe diversas terras das 198 comunidades existentes. Estes são os territórios de ocupação tradicional na região.

Locais de maior atividade mineira também sofrem com o desmatamento, que já era grande na região antes de o projeto ser anunciado pelo presidente Nicolás Maduro, em agosto de 2016. Especialistas esperam que o estímulo à mineração nestas zonas deve aumentar a destruição da floresta, o que já causa uma epidemia de malária nos locais devastados.

O impacto deve ser ainda maior porque a área está no Escudo das Guianas, uma região de solo arenoso e lar de 9.411 espécies de flora, das quais 2.136 são endêmicas – ou seja, ocorrem só nesta zona. Veja os limites do Escudo das Guianas.

Os mapas são parte da reportagem Explorando o Arco Mineiro, que foi publicada numa página especial do InfoAmazonia em português, espanhol e inglês. O conteúdo foi feito em parceria com o Correo del Caroní e apoio do Pulitzer Center on Crisis Reporting. Seus seis artigos incluem 50 fotos próprias, dez vídeos e seis mapas interativos. Clique aqui para acessar.
Por Daniele Bragança