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Hannah Arendt – A Condição Humana – Literatura

A Dor como Padrão para a Intensidade dos Sentidos. Hannah Arendt Normalmente, a ausência de dor é apenas a condição física necessária para que o indivíduo sinta o mundo; somente quando o corpo não está irritado, e devido à irritação voltado para dentro de si mesmo, podem os sentidos do corpo funcionar normalmente e receber o que lhes é oferecido. A ausência de dor geralmente só é «sentida» no breve intervalo entre a dor e a não-dor; mas a sensação que corresponde ao conceito de felicidade do sensualista é a libertação da dor, e não a sua ausência. A intensidade de tal sensação é indubitável; na verdade, só a sensação da própria dor pode igualá-la. in ‘A Condição Humana’ Escritora e teórica política alemã, muitas vezes descrita como filósofa, apesar de ter recusado essa designação. Emigrou para os Estados Unidos durante a ascensão do nazismo na Alemanha e tem como sua magnum opus o livro “Origens do Totalitarismo”

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Mineração – Meio Ambiente

Veja cinco mapas que mostram como a mineração impacta o meio ambiente Mineiro trabalhando na extração de pedras de onde será extraído o ouro. Foto: Bram Ebus/InfoAmazonia. O cenário é de improviso e o processo, rudimentar. Por três meses, o repórter Bram Ebus, do InfoAmazonia, investigou o megaprojeto de mineração do presidente Nicolás Maduro na Venezuela, apresentado como saída para a crise econômica do país, depois da queda do petróleo agravar a inflação e desemprego. O impacto social e ambiental do Arco Mineiro do Orinoco é imenso e atinge diversos povos indígenas que vivem na região. A explicação está no desmatamento e no uso do mercúrio, usado para separar o ouro de outros minerais da terra. Quanto mais rudimentar o processo de separação do ouro, maior o risco de contaminação do trabalhador e dos rios que abastecem a região. A mineração artesanal, de pequena escala, virou um enorme problema ambiental e social impulsionada pela migração de milhares de trabalhadores para a área, a procura de um novo modo de vida. A radiografia desse deslocamento pode ser resumida em cinco mapas, que mostram o impacto da mineração no terceiro maior rio da América Latina, o rio Orinoco. O Arco Mineiro ocupa um território de 110 mil quilômetros quadrados, divididos em quatro áreas ricas em ouro, diamante, bauxita, ferro e coltan. A região já despertava grande interesse pela mineração. Com os poucos dados que o governo venezuelano abre sobre a área, é possível ver as reservas com atividade conhecida ou de exploração potencial. Clique nas áreas em azul para ver os detalhes de cada zona. O impacto é grande para povos indígenas e o Arco Mineiro sobrepõe diversas terras das 198 comunidades existentes. Estes são os territórios de ocupação tradicional na região. Locais de maior atividade mineira também sofrem com o desmatamento, que já era grande na região antes de o projeto ser anunciado pelo presidente Nicolás Maduro, em agosto de 2016. Especialistas esperam que o estímulo à mineração nestas zonas deve aumentar a destruição da floresta, o que já causa uma epidemia de malária nos locais devastados. O impacto deve ser ainda maior porque a área está no Escudo das Guianas, uma região de solo arenoso e lar de 9.411 espécies de flora, das quais 2.136 são endêmicas – ou seja, ocorrem só nesta zona. Veja os limites do Escudo das Guianas. Os mapas são parte da reportagem Explorando o Arco Mineiro, que foi publicada numa página especial do InfoAmazonia em português, espanhol e inglês. O conteúdo foi feito em parceria com o Correo del Caroní e apoio do Pulitzer Center on Crisis Reporting. Seus seis artigos incluem 50 fotos próprias, dez vídeos e seis mapas interativos. Clique aqui para acessar. Por Daniele Bragança

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Queremos Homens Completos ou Meros Cidadãos?

Aldous Husley – Admirável Mundo Novo A educação atual e as atuais conveniências sociais premem o cidadão e imolam o homem. Nas condições modernas, os seres humanos vêm a ser identificados com as suas capacidades socialmente valiosas. A existência do resto da personalidade ou é ignorada ou, se admitida, é admitida somente para ser deplorada, reprimida ou, se a repressão falhar, sub-repticiamente rebuscada. Sobre todas as tendências humanas que não conduzem à boa cidadania, a moralidade e a tradição social pronunciam uma sentença de banimento. Três quartas partes do Homem são proscritas. O proscrito vive revoltado e comete vinganças estranhas. Quando os homens são criados para serem cidadãos e nada mais, tornam-se, primeiro, em homens imperfeitos e depois em homens indesejáveis. A insistência nas qualidades socialmente valiosas da personalidade, com exclusão de todas as outras, derrota finalmente os seus próprios fins. O atual desassossego, descontentamento e incerteza de propósitos testemunham a veracidade disto. Tentamos fazer homens bons cidadãos de estados industriais altamente organizados: só conseguimos produzir uma colheita de especialistas, cujo descontentamento em não serem autorizados a ser homens completos faz deles cidadãos extremamente maus. Há toda a razão para supor que o mundo se tornará ainda mais completamente tecnicizado, ainda mais complicadamente arregimentado do que é presentemente; que graus cada vez mais elevados de especialização serão requeridos dos homens e mulheres individuais. O problema de reconciliar as reivindicações do homem e do cidadão tornar-se-á cada vez mais agudo. A solução desse problema será uma das principais tarefas da educação futura. Se irá ter êxito, e até mesmo se o êxito é possível, somente o evento poderá decidir.

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