Ao que sonham
Raul de Leoni¹
Não se pode sonhar impunemente
um grande sonho pelo mundo afora
porque o veneno humano não demora
em corrompê-lo na íntima semente…
Olhando no alto a árvore excelente,
que os frutos de ouro esplêndidos enflora,
o sonhador não vê, e até ignora
a cilada rasteira da serpente.
Queres sonhar? Defende-te em segredo,
e lembra, a cada instante e a cada dia,
o que sempre acontece e aconteceu:
Prometeu e o abutre no rochedo,
o calvário do filho de Maria
e a cicuta que Sócrates bebeu!
¹Raul de Leoni
* Rio de Janeiro, RJ. – 1895 d.C
+ Itaipava, RJ. – 1926 d.C
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