Alphonsus de Guimaraens Filho – Versos na tarde – 30/06/2013

Olhas o amanhecer
Alphonsus de Guimaraens Filho¹

Olhas o amanhecer,
vives o amanhecer como o único instante
em que o céu é entreaberto segredo de um deus mudo.

Espera: algo vai se revelar e deves estar pronto
para mergulhar teu sonho num poço de luz casta.

O intocado te espera. E amanhece. E te iluminas
como se trincasses com os dentes a polpa do absoluto

Ária ao violão
Que sonâmbula campânula
embala o íncola na ínsula
campanulando?

Cantagalo cantagálico
no áulico tez gaulesa
cantagalando.

Só, na sombra solitária
estrelinha latejante
é chama, é flor, e madruga
num rio que ri ou geme,
campanulando.

Sobre a memória madura
a cálida, a alva aurora
desce doce se incorpando,
campanulando.

¹Alphonsus de Guimaraens Filho
* Mariana, MG. – 3 de Junho de 1918 d.C
+ Rio de janeiro, RJ. – 28 de agosto de 2008

>> Biografia de Alphonsus de Guimaraens Filho


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