Entenda
Claudia Câmara ¹
Você quer saber quando, eu digo de modo permanente e peço desculpas pela inexatidão das palavras. Não as minhas, ou as que lhe digo (que palavras pertencem a ninguém), mas na armadilha escondidas em todas elas. Todas elas são traiçoeiras e escondem significados. Matam intensidades fechando em copas sentimentos profundos. Odeio as palavras. Não vivo sem elas. Sei que peço que as diga, que as repita, mas é culpa do silêncio dos nossos corpos que não conversaram nunca mais.
Você exige saber: quando. E eu urro a plenitude da palavra sempre e você pensa que sou evasiva quando, ao contrário, estou definitiva como um ponto final.
Você metáfora dizendo que o sempre e o nunca se encontram na mesma impossibilidade. E então, vencida pela sua razão, me calo.
¹ Claudia Câmara
* Belo Horizonte, MG
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