Discurso da ira
Francisco Carvalho¹
Os pobres estão se evaporando
à vista de todos.
O tempo vai passando
os pobres vão se decompondo
seus rostos são apagados pelo vento
e da memória dos computadores
até que ninguém se lembre
mais de suas caveiras sorridentes
afugentando os parasitas dos burocratas
nas repartições públicas.
Os pobres estão sumindo
aos olhos de todos.
O tempo os vai tornando
cada vez mais parecidos com a morte.
Enquanto isso, os poderosos
sacodem suas nádegas fotogênicas
fazem belos discursos para a distinta platéia
e afagam avidamente as orquídeas.
¹Francisco de Oliveira Carvalho
* Russas, Ce. – 11 de junho de 1927 d.C
+ Fortaleza, Ce. – 04 de Março de 2013 d.C
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