Le Vase Brisé
Sully Prudhomme ¹
O vaso, em que desmaia esta verbena,
De um leque a asa lépida o feriu;
E a tênue contusão foi tão pequena
Que o mínimo sonido não se ouviu!
No entanto, a oculta falha pequenina,
Imperceptível para o humano olhar –
Foi se alastrando,e silenciosa e fina,
Veio todo o cristal a contornar!
Filtra-se a linfa, gota a gota; e o vaso
Sustêm, já, agora, um caule ressequido;
Ninguém, à volta, advertiu no caso;
Não lhe toques, contudo está partido!
Quantas vezes a mão que é quase uma pluma
Nos roça o coração, e ele a sangrar,
Fundamente ferido em dor reçuma,
Vendo a flor da afeição se estiolar
E, assim, por fora o julga intacto a gente,
Que não lhe escuta o soluçar dorido;
É, na aparência, o mesmo vaso olente
Não lhe toques, porém, que está partido.
¹ René Armand François Prudhomme
* Paris, França – 16 de março de 1893 d.C
+ Châtenay-Malabry, França – 6 de setembro 1907 d.C
René Armand François Prudhomme, mais conhecido como Sully Prudhomme, foi um poeta francês.
Filho de Sully Prudhomme, comerciante, e de Clotilde Caillat, ingressou num instituto politécnico para estudar na área científica. No entanto, devido a uma doença oftalmológica, teve que desistir desse objectivo. Trabalhou numa fábrica, como escriturário, mas, descontente, decidiu estudar direito, em 1860. Em 1865, publica a sua primeira obra poética, Stances et Poemes.
Pertence ao grupo de poetas parnasianos, responsáveis pela publicação da revista Parnasse contemporain.
Foi eleito para a Academia Francesa em 1881, ocupando a cadeira 24.
Foi o primeiro autor a receber o Prêmio Nobel de Literatura, no dia 10 de dezembro de 1901.
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