Le Vase Brisé
Sully Prudhomme ¹
O vaso, em que desmaia esta verbena,
De um leque a asa lépida o feriu;
E a tênue contusão foi tão pequena
Que o mínimo sonido não se ouviu!
No entanto, a oculta falha pequenina,
Imperceptível para o humano olhar –
Foi se alastrando,e silenciosa e fina,
Veio todo o cristal a contornar!
Filtra-se a linfa, gota a gota; e o vaso
Sustêm, já, agora, um caule ressequido;
Ninguém, à volta, advertiu no caso;
Não lhe toques, contudo está partido!
Quantas vezes a mão que é quase uma pluma
Nos roça o coração, e ele a sangrar,
Fundamente ferido em dor reçuma,
Vendo a flor da afeição se estiolar
E, assim, por fora o julga intacto a gente,
Que não lhe escuta o soluçar dorido;
É, na aparência, o mesmo vaso olente
Não lhe toques, porém, que está partido.
¹ René Armand François Prudhomme
* Paris, França – 16 de março de 1893 d.C
+ Châtenay-Malabry, França – 6 de setembro 1907 d.C
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