Poema
Mário Quintana ¹
Um elevador lento e de ferragens Belle Époque
me leva ao antepenúltimo andar do Céu,
cheio de espelhos baços e de poltronas como o hall
de qualquer um antigo Grande Hotel,
mas deserto, deliciosamente deserto
de jornais falados e outros fantasmas da TV,
pois só se vê, ali, o que ali se vê
e só se escuta mesmo o que está bem perto;
é um mundo nosso, de tocar com os dedos,
não este – onde a gente nunca está, ao certo,
no lugar em que está o próprio corpo
mas noutra parte, sempre do lado de lá!
não, não este mundo – onde um perfil é paralelo ao outro
e onde nenhum olhar jamais encontrará…
¹ Mário de Miranda Quintana
* Alegrete, RS. – 30 de Julho de 1906 d.C
+ Porto Alegre, RS. – 5 de Maio de 1994 d.C
>> biografia de Mário Quintana
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