Dilma Rousseff, Barbara Gancia e chuchú requentado

Estimo melhoras
blog da Barbara Gancia

Foi péssima, em todos os sentidos, a notícia da internação de Dilma Rousseff nesta semana. Não se quer ver ninguém doente -e, justo quando a gente imaginava que, no caso da ministra-chefe da Casa Civil, as informações acerca de seu estado de saúde estavam sendo tratadas com a máxima transparência, ela é internada às pressas e começa um corre-corre dos diabos que faz vir à tona os mesmos fantasmas e a mesma boataria da época das enfermidades do presidente eleito Tancredo Neves e do todo-poderoso do governo FHC, Sérgio Motta.

Confesso que tenho uma certa simpatia pela ministra Dilma. Agrada-me a ideia de que o seu pior momento, o de Calamity Dilma, que queria resolver a parada na base do chumbo grosso nos fundilhos do inimigo, tenha ficado no passado. Gosto também, e muito, do fato de ela ser uma mulher culta e sensível.

Na mais recente visita que o presidente Lula realizou a Roma, Dilma fazia parte da comitiva e foi convidada para um tour particular à Galleria Borghese. Pois, além de conhecer a vida de todos os pintores renascentistas, ela se deteve diante de cada quadro e discorreu sobre um por um com uma intimidade que deixou a italianada de queixo caído.

A maneira séria e equilibrada como Dilma se tem conduzido no cargo também a coloca a anos-luz de outros nomes dentro de seu partido como postulante ao cargo de candidata a candidata. Alguém consegue imaginar Jacques Wagner, Marta, Ricardo Berzoini ou, valha-me Deus, um Mercadante ou um Tarso como páreo para a ministra?

Mas é aí que entra o maldito do linfoma. E, logo de cara, somos obrigados a confrontar a primeira mentira oficial. Câncer linfático não é uma “doença localizada” como foi dito. Trata-se de um mal que se dissemina pelo corpo. Se fosse suficiente remover o gânglio afetado, não seriam necessárias tantas e tão traumáticas sessões de quimioterapia.

O fato é que a ministra vai precisar de vários meses, no mínimo quatro ou cinco, para se recuperar. Graças a Deus, ela tem mesmo quase 100% de chances de ficar completamente curada. Mas, enquanto estiver sendo submetida às sessões de químio, estará sujeita a transtornos na forma de dores, enjoos e cansaço; sua resistência ficará comprometida e ela correrá o risco de contrair infecções.

Além do que, ao contrário do que vem afirmando publicamente, Dilma terá, sim, de diminuir seu ritmo de trabalho. Com a ministra ausente por quatro ou mais meses do cenário político tapuia, é de perguntar o que pode acontecer. Eu torço para que a Dilma, que é dura na queda, aguente firme e volte o quanto antes.

E que encontre forças para espantar a conversa do terceiro mandato e os esganados (alô, Ciro! Alô, Heloísa Helena!) que podem aproveitar a oportunidade para criar um fato novo.

Enquanto isso, na oposição temos o mesmo José Serra de sempre, que promete chegar pela segunda vez consecutiva a uma eleição presidencial com o seu partido arrebentado. Está tão esfacelado o PSDB, que Serra já sinalizou que escolherá para o governo de São Paulo, pasme, servir um chuchu requentado.
Ninguém merece.

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