Bate Boca no STF. Crise atravessa a Praça dos Três Poderes

Saem os deputados e senadores aéreos e entra o Supremo Tribunal Federal.

A repercussão do bate boca travado entre o ministro Gilmar Mendes, Presidente do Supremo Tribunal Federal, e o também ministro do STF Joaquim Barbosa, tem sido favorável ao ministro que desafiou Gilmar Mendes. Os comentários em blogs e jornais são só elogios ao ministro que ousou dizer no plenário, o que é sussurrado nos corredores e praças.

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Já existe até comunidade no Orkut apoiando Joaquim Barbosa – http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=87343597 – e também já aparecem slogans do tipo “Joaquim Barbosa 2010”.

A nota de solidariedade a Gilmar Mendes assinada por oito ministro, não podia ser mais medíocre. É uma panacéia pois não assume posição que salvaguarde a corte de querelas entre seu membros, nem tampouco faz qualquer tipo de censura a nenhum dos dois envolvidos. Parece até nota do PSDB, especialista em muro.

Segundo relatos publicados nos diversos blogs, Joaquim Barbosa só fez eco ao que pensam milhares de Tupiniquins que não possuem a “habilidade” do, como o chama o delegado Protógenes Queiroz, “banqueiro condenado Daniel Dantas”.

Os que acusam Joaquim Barbosa de ser petista esquecem que foi ele quem indiciou, de forma dura e categórica, a chusma de mensaleiros e cuequeiros e demais acólitos do Zé Dirceu. Esse, tachado pelo ministro de chefe de quadrilha.

Alguns ficam achando que parece descer sobre o ministro Joaquim Barbosa a “maldição do mensalão”.

Convém lembrar que ambos os ministros fizeram carreira na advocacia, onde os debates ásperos e o contraditório são comuns, não devendo, portanto, causar espanto diálogos mais acalorados entre membros de um colegiado, lotado de saberes e vaidades.

O editor

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A imagem que escapou à atenção dos poucos fotógrafos escalados para cobrir a sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal (STF) mostraria o ministro Joaquim Barbosa sentado sozinho e cabisbaxo, enquanto seus pares saíam em grupo para uma reunião que duraria mais de duas horas.

Barbosa e Gilmar Mendes, presidente do STF, haviam acabado de protagonizar a mais longa e áspera discussão pública da história do tribunal. Eles trocaram estocadas durante 13 minutos. Mas foi Barbosa o autor das mais agressivas.

Nunca antes na história deste país se ouvira um ministro acusar o outro de estar destruindo a Justiça. “Vossa Excelência está na mídia destruindo a credibilidade do Judiciário”, acusou Barbosa. “Vossa Excelência, quando se dirige a mim, não está falando com os seus capangas de Mato Grosso”, completou.

Antes que deixasse o prédio do tribunal, Barbosa foi procurado por dois dos seus colegas. Eles o aconselharam a pedir desculpas a Gilmar e a soltar uma nota se retratando. Barbosa recusou os dois pedidos. Foi embora para casa.

Os ministros que se reuniram em seguida com Gilmar cogitaram de redigir uma nota de censura a Barbosa. Desistiram. Limitaram-se a assinar uma nota de míseras quatro linhas de solidariedade a Gilmar. O Supremo suspendeu a sessão marcada para hoje.

Barbosa e Gilmar foram procuradores da República antes de ser nomeados ministros do STF por Lula e Fernando Henrique Cardoso. Jamais foram amigos – pelo contrário. Gilmar nunca engoliu o fato de não ter sido promovido a procurador de primeira categoria. Barbosa foi promovido.

A birra de Gilmar com o Ministério Público vem daí, segundo dois amigos dele. De temperamento mais explosivo, Barbosa tem birra com vários dos seus colegas de tribunal. Com alguns deles bateu-boca em público durante sessões do ano passado.

O que Barbosa disse contra Gilmar é sussurado por alguns ministros do STF e repetido em voz alta por juízes federais e procuradores da República. Gilmar não parece se importar com isso. Deve manter o mesmo comportamento que o alçou à condição de o mais polêmico ministro que já presidiu o STF.

É difícil imaginar como ele e Barbosa conviverão no mesmo tribunal daqui para frente. Barbosa deu aos críticos de Gilmar tudo o que eles queriam – munição de grosso calibre. Nem mesmo os juízes mais afoitos haviam tido a coragem até aqui de acusar Gilmar do que ele foi acusado por Barbosa.

O Congresso enfrenta uma dura crise de credibilidade que não se esgotará tão cedo. Só faltava o Supremo, do outro lado da Praça dos Três Poderes, ser atingido por algo semelhante.

blog do Noblat

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