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Maiakóvski – Poesia – 12/09/23

Boa noite Em lugar de uma carta Maiakóvski Fumo de tabaco rói o ar. O quarto — um capítulo do inferno de Krutchônikh. Recorda — atrás desta janela pela primeira vez apertei tuas mãos, atônito. Hoje te sentas, no coração — aço. Um dia mais e me expulsarás, talvez, com zanga. No teu hall escuro longamente o braço, trêmulo, se recusa a entrar na manga. Sairei correndo, lançarei meu corpo à rua . Transtornado, tornado louco pelo desespero. Não o consintas, meu amor, meu bem, digamos até logo agora. De qualquer forma o meu amor — duro fardo por certo — pesará sobre ti onde quer que te encontres. Deixa que o fel da mágoa ressentida num último grito estronde. Quando um boi está morto de trabalho ele se vai e se deita na água fria. Afora o teu amor para mim não há mar, e a dor do teu amor nem a lágrima alivia. Quando o elefante cansado quer repouso ele jaz como um rei na areia ardente. Afora o teu amor para mim não há sol, e eu não sei onde estás e com quem. Se ela assim torturasse um poeta, ele trocaria sua amada por dinheiro e glória, mas a mim nenhum som me importa afora o som do teu nome que eu adoro. E não me lançarei no abismo, e não beberei veneno, e não poderei apertar na têmpora o gatilho. Afora o teu olhar nenhuma lâmina me atrai com seu brilho. Amanhã esquecerás que eu te pus num pedestal, que incendiei de amor uma alma livre, e os dias vãos — rodopiante carnaval — dispersarão as folhas dos meus livros… Acaso as folhas secas destes versos far-te-ão parar, respiração opressa? Deixa-me ao menos arrelvar numa última carícia teu passo que se apressa.

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Meio Ambiente – As árvores se comunicam

O ecologista Robert Macfarlane explica: “Uma árvore moribunda pode abrir mão de seus recursos em benefício da comunidade, ou uma muda jovem localizada em uma área muito sombreada da vegetação rasteira pode receber recursos adicionais de seus vizinhos mais fortes. Permite que as plantas enviem avisos umas às outras. Uma planta que está sendo atacada por pulgões pode sinalizar para outra planta próxima intensificar sua resposta defensiva antes que os pulgões a alcancem. Há muito se sabe que as plantas se comunicam acima da superfície do solo. “Da mesma forma, por meio de hormônios que são transmitidos pelo ar. Mas esses tipos de avisos enviados pela rede fúngica permitem maior precisão sobre quem são o remetente e o destinatário. As árvores cooperam. Eles se comunicam. Eles compartilham. Não apenas entre membros da mesma espécie, mas entre espécies diferentes: os abetos e as bétulas Douglas alimentam-se uns dos outros. E não são só as árvores: sabemos que, com exceção de algumas espécies, todas as plantas têm essa mesma relação com as micorrizas. Estas descobertas põem em causa a nossa forma de compreender as fronteiras entre as espécies.” Do livro “Menos é mais”, de Jason Hickel.

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