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Dia da Não Violência: O que aprendemos com Mahatma Gandhi

As suas ideias continuam poderosas. OMIKRON OMIKRON Gandhi morreu há 70 anos, mas suas ideias permanecem poderosas.  O dia 30 de janeiro é conhecido como o Dia da Não Violência. Criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2007, a data é uma homenagem ao líder pacifista Mahatma Gandhi. Ele foi assassinado neste mesmo dia, em 1948. Mohandas K. Gandhi nasceu em Porbandar, no interior da Índia, em 1869. Ainda em vida, ele recebeu o título de Mahatma de seus seguidores, que significa “grande alma”. Gandhi foi o responsável pelo movimento de emancipação do país e da luta em defesa dos direitos humanos. A sua estratégia era conhecida pela resistência pacífica e a não cooperação com as autoridades. Por meio da desobediência civil das leis consideradas injustas, Gandhi ficou conhecido ao redor do mundo na defesa da não violência em lutas sociais. Ele também era adepto do jejum como forma de protesto e a sua figura influenciou as comunidades muçulmanas e hindus da Índia. Porém, foi justamente por tentar atenuar a tensão entre as comunidades religiosas que Gandhi foi assassinado por um hindu radical em Nova Déli. As disputas entre os dois grupos persistem e resultaram no Estado do Paquistão. Em homenagem aos 70 anos da morte do pacifista, listamos dez ideias de Gandhi que continuam extremamente poderosas: BEAWIHARTA BEAWIHARTA / REUTERS Violência é criada por desigualdade, a não violência pela igualdade. ANDREW KELLY / REUTERS A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência. HINDUSTAN TIMES VIA GETTY IMAGES Não há caminho para a paz. A paz é o caminho. GETTY IMAGES/ISTOCKPHOTO Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição. BIJENDRA Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.​​​​ GETTY IMAGES/EYEEM Você não deve perder a fé na humanidade. A humanidade é um oceano. Se algumas gotas do oceano estão sujas, o oceano não se torna sujo. GETTY IMAGES Temos de nos tornar a mudança que queremos ver. GETTY IMAGES/ISTOCKPHOTO O amor nos ensina a ter, para a fé dos demais, o mesmo respeito que se tem pela própria. GETTY IMAGES O fraco nunca perdoa. O perdão é a característica do forte. GETTY IMAGES A felicidade existe quando o que você diz, pensa e faz estão em completa harmonia. By Ana Beatriz Rosa

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Ética, – Robôs – Tecnologia

O Google está em um dilema porque o carro autômato do Google, é quase impossível de se acidentar, porque o computador calcula todos as possibilidades. Contudo, e sempre há um porém, se for inevitável um acidente que possa resultar na morte de alguém, quem o computador escolherá? Um carro com um casal idoso ou um carro com uma família, por exemplo. Eis a tecnologia ante um problema ético para o qual não sei se a Inteligência Artificial poderá resolver, uma vez que, apesar das três regras de Asimov¹ para os robôs, o emocional, no mundo real seria capaz de também decidir. ¹Três Leis da Robótica: 1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal. 2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei. 3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.

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Violência e Redução da Desigualdade

Da Roma Antiga ao século 20, violência foi fator-chave para reduzir desigualdade, diz historiador  Direito de imagemGETTY IMAGESHistoriador afirma que desigualdade só foi reduzida de forma consistente em poucos episódios, todos marcados por violência Grandes guerras, revoluções, colapso de Estados, epidemias. Depois de estudar a distância que separa ricos e pobres nos últimos 3 mil anos, Walter Scheidel , professor da Universidade de Stanford, chegou à conclusão que, dos romanos até aqui, foram episódios de violência que ajudaram a reduzir a desigualdade de renda de forma significativa. E não foi qualquer tipo de violência. Em seu último livro, The Great Leveler: Violence and the History of Inequality from the Stone Age to the Twenty-First Century (A Grande Niveladora: Violência e a História da Desigualdade da Idade da Pedra ao Século 21, sem edição no Brasil), o pesquisador destaca episódios que mataram milhões de pessoas, como a Peste Negra e as duas Guerras Mundiais, ou que desmantelaram completamente regimes de governo, como a queda do Império Romano e as revoluções comunista e chinesa. O nivelamento, de forma geral, é por baixo: os choques de violência fazem com que todo mundo fique ‘mais pobre’ do que antes, mas, como os ricos têm mais a perder, destaca Scheidel, a distância entre as classes mais abastadas e as menos favorecidas diminui. Em entrevista à BBC Brasil, o historiador austríaco explica por que não espera arrefecimento da escalada da desigualdade que tem marcado o século 21, rebate as críticas à sua tese e admite que o processo recente – e pacífico – de redução do espaço entre o topo e a base da pirâmide social em países da América Latina, inclusive o Brasil, pode ser uma “esperança”. Muito antes do capitalismo A desigualdade existe desde que o homem deixou de ser nômade e que lhe foi possível acumular recursos, diz Scheidel. Isso aconteceu mais ou menos há 10 mil anos, quando nasceu a agricultura e o processo de domesticação de animais. “Ela é uma condição inerente à civilização”, ele observa. No decorrer da História, o abismo entre ricos e pobres foi estreitado de forma significativa em poucos episódios, ele defende, desencadeados por quatro “niveladores”: grandes guerras, revoluções, colapso de Estados e epidemias. Antes do século 20, diz, apenas os dois últimos estavam atuantes. O efeito “nivelador” das epidemias se dava, segundo Scheidel, porque, ao matarem tanta gente de uma vez só, reduziam drasticamente a oferta de mão de obra e empurravam os salários para cima. Esse movimento foi observado, por exemplo, após a Peste Negra, nos séculos 14 e 15, que dizimou praticamente um terço dos europeus. Direito de imagemGETTY IMAGESPor matarem parcela significativa da força de trabalho, epidemias acabavam empurrando para cima os salários Quanto ao colapso de governos, o historiador ressalta que boa parte das civilizações mais antigas foi construída em torno de Estados concentradores de renda. Eram sociedades bastante estratificadas, em que uma pequena parcela privilegiada explorava o restante. Quanto mais tempo esses Estados duravam, maiores ficaram, o que aumentava as chances de aprofundamento das desigualdades, inclusive de renda. No Império Romano, um dos temas de especialidade do historiador, os ricos ficavam ricos cada vez mais rápido à medida que o Estado crescia. O mesmo vale para a China da dinastia Tang, entre os séculos 7 e 10, e a civilização Maia, ele exemplifica. A tese do historiador gerou reações polêmicas, levando parte dos leitores a concluir que a desigualdade seria algo inexorável | Foto: Divulgação Quando modelos de Estado como esses desmoronam – e, com eles, as leis e as instituições que permitem que o topo da pirâmide multiplique com mais facilidade seu patrimônio -, abre-se espaço para equalização. Em geral, todo mundo fica “mais pobre” do que antes – mas, como os ricos têm mais a perder, destaca Scheidel, a desigualdade diminui. O pesquisador usou diferentes bases de dados para comparar períodos distintos da História. Quando não havia informação especificamente sobre renda, como foi o caso com as civilizações mais antigas, foram usados dados que se relacionavam de forma indireta com patrimônio, como os registros oficiais de recolhimento de impostos sobre a riqueza ou sobre salários e as pesquisas domiciliares que apontavam, por exemplo, o tamanho das propriedades. Era moderna O século 20, por sua vez, foi marcado pelos outros dois “niveladores”: grandes conflitos armados – a Primeira e Segunda Guerras Mundiais – e revoluções transformadoras – a comunista, a chinesa, a cubana, por exemplo. Direito de imagemGETTY IMAGESRevoluções ‘transformadoras’ agem como niveladores da mesma forma que o colapso de governos, destruindo leis e instituições O historiador destaca os dados relativos à Segunda Guerra para dar uma dimensão do impacto desses episódios sobre a distribuição de renda. De 1935 a 1945, a fatia da riqueza concentrada pelos japoneses que estavam entre os 1% mais ricos despencou de 20% para quase 6%, observa Scheidel. Na França, a queda foi de 16% para 8% e nos Estados Unidos, de 18% para cerca de 11%. O fenômeno do pós-guerra tem diversas razões – algumas mais ou menos preponderantes a depender do país. Entre elas, estão a redução da rentabilidade dos investimentos e a cobrança de pesados impostos sobre renda e propriedade, que afetaram os mais ricos, e a necessidade de mão de obra menos qualificada, que proporcionou melhora na remuneração dos mais pobres. Comum a todos os países foi o choque de violência da guerra, que, para o austríaco, foi catalisadora de movimentos que poderiam até ter acontecido, mas de forma muito mais lenta. Os níveis de desigualdade se mantiveram relativamente estáveis pelo menos pelas três décadas seguintes, com a ajuda do avanço da democracia, já que regimes autoritários tendem a ser mais concentradores de renda, a expansão dos sindicatos – com efeito positivo sobre os salários -, e a adoção de modelos de Estado de bem-estar social. E voltaram a aumentar depois da década de 1980, em um fenômeno já descrito pelo economista Thomas Piketty em O Capital no Século 21: o avanço do mercado financeiro fez com que os investimentos passassem cada vez

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Poluição: A vida por trás de máscaras na China

Restrição do uso de carvão para aquecer casas ajudou a melhorar qualidade do ar em parte do país. Em Pequim, usar máscaras respiratórias é tão comum quanto usar óculos Mas em cidades como Pequim, poluição segue alarmante, e máscaras respiratórias devem continuar fazendo parte do cotidiano. Pela primeira vez em muito tempo, os moradores das províncias do nordeste da China estão olhando para céus azuis. Desde o ano passado está em vigor uma legislação que restringe o uso de carvão para a calefação em Pequim e em outras 27 cidades de grande porte da região. De acordo com o Greenpeace na Ásia Oriental, no último ano, a concentração de partículas finas tóxicas no ar caiu 33% nas cidades do nordeste chinês em 2017 em relação ao ano anterior. Também conhecidas como PM2,5, tais micropartículas são inaláveis e podem se instalar nos pulmões, provocando danos à saúde.  Apesar da melhora, os moradores de grandes metrópoles chinesas ainda não vão deixar de usar suas máscaras contra poluição. Na verdade, apenas parte da queda na concentração de partículas atmosféricas finas na região se deve à proibição da queima de carvão para o aquecimento doméstico. Outra causa, segundo análise do Greenpeace, foram as condições climáticas favoráveis, como fortes ventos vindos do norte. Na China como um todo, a porcentagem das micropartículas PM2,5 na atmosfera caiu apenas 4,5% no ano passado, valor bem menor que a taxa de 33% verificada nas cidades do nordeste. Essa foi a menor queda registrada no país desde 2013, quando a China declarou “guerra à poluição”. Ainda assim, devido a essa melhora modesta, cerca de 160 mil mortes prematuras foram evitadas na China em 2017, segundo estimativas do Greenpeace. Contudo, em muitas províncias industriais, a poluição atmosférica piorou. Isso porque a nem todas as cidades chinesas se aplica uma regulação rigorosa como a do nordeste do país. Um exemplo é a província de Heilongjiang, na qual as emissões de indústrias como a siderúrgica contribuíram para um aumento de 10% nos níveis de partículas tóxicas na atmosfera. Para Huang Wei, especialista em clima e energia do Greenpeace na Ásia Oriental, o governo não deve focar apenas no aquecimento doméstico e tomar medidas em relação às emissões industriais. “Políticas que favorecem o carvão e a indústria pesada estão impedindo o progresso”, afirma. Até nas cidades do nordeste, que apresentaram resultados melhores, houve dias em 2017 em que o smog estava tão denso como de costume. Segundo o Índice de Qualidade do Ar de Pequim, em 28 de dezembro por exemplo, boa parte da capital estava sob níveis de poluição “muito prejudiciais à saúde”. O ministro do Meio Ambiente admitiu no início de janeiro que a partir do fim do mês a situação deve piorar novamente. Chen e o marido sempre viveram em Pequim. Para ela, a máscara se tornou um acessório cotidiano Máscaras não vão sair de moda tão cedo Para Chen, moradora de Pequim, “a poluição já faz parte do cotidiano”. “Procuro usar minha máscara o máximo possível quando estou na rua, mas em locais fechados, geralmente fico sem ela. A máscara se tornou um acessório cotidiano para mim, assim como óculos”, disse. Wang Wei, vendedor ambulante do distrito de Chaoyangmen em Pequim, vê a máscara como item essencial para o trabalho na rua. “No inverno, após um dia de trabalho no nevoeiro de poluição, estou acostumado a ter muita tosse e problemas respiratórios”, contou à DW. Com a péssima qualidade do ar como uma realidade cotidiana para a maioria dos chineses, o governo tem sido cada vez mais pressionado a agir. Essa pressão se intensificou nos últimos anos com o maior peso que questões ambientais e de sustentabilidade passaram a ter na agenda política. “O foco na redução da poluição está alinhado a prioridades maiores do governo chinês, cujos objetivos são abordar outros problemas internos na China”, afirmou à DW o pesquisador Duncan Freeman, do Centro de Pesquisa União Europeia-China do Colégio da Europa, na Bélgica. “A opinião pública está cada vez mais manifestando suas preocupações quanto aos impactos da poluição na saúde. Ao mesmo tempo, os impactos ambientais ameaçam a sustentabilidade do modelo econômico chinês, o que é um problema fundamental para o desenvolvimento futuro do país.” Transição energética Desde o início da “guerra à poluição” em 2013, a concentração de partículas PM2,5 no ar caiu 33% em 74 cidades chinesas, conforme mostram dados dos últimos cinco anos do Ministério do Meio Ambiente. A maior parte da redução na emissão de poluentes se deve à transição de uma matriz energética dominada pelo carvão para uma matriz cada vez mais baseada no uso do gás natural. Freeman alerta, no entanto, que essa transição ainda está longe de chegar ao fim. “O carvão não pode ser rapidamente removido da matriz energética da China sem causar transtornos. Ele continuará sendo uma das maiores fontes de energia da China por muitos anos”, diz o pesquisador. Para Peter Singer, conselheiro sobre energias renováveis da Agência Internacional de Energia (IEA) e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os recentes índices de poluição atmosférica da China mostram que a adoção de uma infraestrutura energética mais limpa está tendo impacto em algumas províncias. Contudo, segundo Singer, no âmbito internacional, a relação da China com carvão de altos índices de carbono indica que o país ainda tem que mudar a própria conduta. “Não podemos esquecer o grande investimento em carvão que a China ainda representa”, destaca. DW

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Reforma da Previência: lucros para poucos, “fumo” para a maioria

Por que a decisão do governo de fazer propaganda da Reforma da Previdência no Google é polêmica.  Presidente tem dado uma série de entrevistas defendendo a Reforma da Previdência A iniciativa do Palácio do Planalto de procurar o Google para publicar anúncios sobre a Reforma da Previdência causou desconfiança nas redes sociais nas últimas semanas. Considerada um dos maiores desafios da gestão Temer e com votação prevista para fevereiro, a medida é impopular – o que explica a procura do governo por novos meios para tentar aumentar a aceitação do projeto. Para analistas, o passo faz parte de uma expansão nas estratégias publicitárias do governo, recorrendo à publicidade extremamente segmentada permitida por plataformas digitais – uma tendência não só para a propaganda oficial, mas para as campanhas eleitorais de 2018. A estratégia, no entanto, exige precauções, dizem eles. As propagandas sobre a reforma têm sido alvo de críticas e questionadas judicialmente – em decisões diferentes no ano passado, juízes concluíram que as peças analisadas buscavam convencer, em vez de informar, e que não possuíam o caráter educativo ou de orientação social exigido pela Constituição. O governo nega que isso tenha ocorrido, e as decisões acabaram derrubadas (leia mais abaixo). De acordo com a Secretaria Especial de Comunicação (Secom), o governo começou a usar o Google para campanha publicitária em dezembro último, somando anúncios na poderosa ferramenta de buscas à publicidade que vem fazendo em prol da Reforma da Previdência em redes como o Facebook, o Twitter e o YouTube (que também pertence ao Google). O secretário responsável pela pasta, Márcio Freitas, afirmou à BBC Brasil que ela vem estudando formas de viabilizar o que chama de “parceria” com o Google, e que o principal interesse no momento é aprimorar o alcance de conteúdo oficial sobre a Reforma da Previdência. Os anúncios promovem uma reforma “contra privilégios, a favor de todos” – como diz uma das últimas publicações do Planalto em seu perfil no Facebook. O Google confirmou à BBC Brasil que foi procurado pelo governo e afirma que os integrantes da Secom pediram informações sobre a inserção de publicidade e sobre o funcionamento da plataforma de anúncios do Google, buscando cenários especificamente para a campanha pela Reforma da Previdência. Não se trataria, segundo a empresa, de uma parceria, e sim da compra de publicidade, seguindo os mesmos procedimentos que a empresa de tecnologia adota com o setor privado e também com outros governos. De acordo com a assessoria de imprensa, alguns governos estaduais e municipais brasileiros já têm a prática de anunciar na plataforma. Procurado novamente pela reportagem para esclarecer o que queria dizer com parceria, o titular da Secom não respondeu. Direito de imagemREUTERSGoverno passou a usar a ferramenta em sua estratégia de divulgação da reforma em dezembro Mirando no alvo O movimento é parte do chamado microtargeting político. Jargão do marketing, o microtargeting (algo como mirar um “microalvo”) ou microssegmentação é a busca da publicidade por alcançar nichos específicos do público – e se vale dos perfis que as redes sociais traçam com base nos algoritmos com que operam, mapeando os hábitos e preferências dos usuários. É por causa do microtargeting que recebemos anúncios de hotéis em Madri depois de fazer uma busca sobre a Espanha; ou que de repente vemos na página do nosso email publicidade de eletrodomésticos parecidos com os que pesquisamos na Black Friday. O mesmo recurso pode ser usado pelo governo federal para direcionar sua campanha pela Reforma da Previdência, que enfrenta rejeição de até 70% da população em alguns levantamentos – em dezembro, o governo comemorou uma pesquisa encomendada ao Ibope que mostrava 46% de rejeição. Ao publicar anúncios ou impulsionar publicações específicas de órgãos públicos, o governo pode customizar o que vai oferecer para certas faixas etárias e regiões geográficas nas redes sociais, ou reagir às perguntas mais frequentes feitas no Google. Freitas defende a estratégia, dizendo que o Google “faz uma leitura muito eficaz da relevância de determinados assuntos na internet e é capaz de perceber as dúvidas mais comuns que as pessoas têm”. “Queremos saber quais as principais perguntas que as pessoas estão fazendo e as principais fontes de informações que consultam, para nos colocarmos dentre essas fontes e oferecer maiores esclarecimentos à sociedade”, afirma Freitas, referindo-se à publicidade oficial como um “conteúdo neutro” e não como uma peça de convencimento em massa. “O objetivo fundamental do governo é que as pessoas tenham acesso a informações corretas sobre a Reforma da Previdência. Precisamos evitar que informações de baixa qualidade, as fake news, se propaguem, e formular campanhas para disseminar conteúdo neutro e correto para a sociedade brasileira”, diz, argumentando que a ferramenta é “amplamente usada hoje no mercado por diversas empresas e governos”, e que está mais do que na hora de o governo federal utilizar essa tecnologia. ‘Não há tentativa de direcionamento’ Especialistas dizem que não há restrições legais para que a publicidade oficial seja direcionada para determinados nichos a partir dos perfis que revelamos nas redes sociais, mas alertam que é preciso transparência no uso e no monitoramento desses mecanismos. Professor de inovação e tecnologia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Fabro Steibel diz que governos de países como França, EUA e Reino Unido também usam o Google e redes sociais para inserir anúncios de suas ações. Ele alerta que, assim como em outros meios, a publicidade oficial deve servir a informar de forma objetiva, sem tentar convencer. E ressalta que o conteúdo oficial precisa estar discriminado claramente como tal. O Google ressalta que os anúncios são explicitamente indicados como publicidade e não interferem na “busca orgânica”, ou seja, a área central de resultados relacionados às palavras-chave digitadas pelo usuário. Os resultados que aparecem primeiro na busca são os mais relevantes de acordo com o algoritmo da plataforma. De 2016 para cá, de acordo com a Secom, o governo federal gastou R$ 103,6 milhões com agências de propaganda para formular campanhas sobre a Reforma da Previdência. Ao longo de 2017, o percentual investido em inserções na

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