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T.S. Eliot – Poesia – Versos na tarde – 23/05/2017

Quarta-Feira de Cinzas V T.S. Eliot¹ V Se a palavra perdida se perdeu, se a palavra usada se gastou Se a palavra inaudita e inexpressa Inexpressa e inaudita permanece, então Inexpressa a palavra ainda perdura, o inaudito Verbo, O Verbo sem palavra, o Verbo Nas entranhas do mundo e ao mundo oferto; E a luz nas trevas fulgurou E contra o Verbo o mundo inquieto ainda arremete Rodopiando em torno do silente Verbo.                           Ó meu povo, que te fiz eu. Onde encontrar a palavra, onde a palavra Ressoará? Não aqui, onde o silêncio foi-lhe escasso Não sobre o mar ou sobre as ilhas, Ou sobre o continente, não no deserto ou na úmida planície. Para aqueles que nas trevas caminham noite e dia Tempo justo e justo espaço aqui não existem Nenhum sítio abençoado para os que a face evitam Nenhum tempo de júbilo para os que caminham A renegar a voz em meio aos uivos do alarido Rezará a irmã velada por aqueles Que nas trevas caminham, que escolhem e depois te desafiam, Dilacerados entre estação e estação, entre tempo e tempo, entre Hora e hora, palavra e palavra, poder e poder, por aqueles Que esperam na escuridão? Rezará a irmã velada Pelas crianças no portão Por aqueles que se querem imóveis e orar não podem: Orai por aqueles que escolhem e desafiam                        Ó meu povo, que te fiz eu. Rezará a irmã velada, entre os esguios Teixos, por aqueles que a ofendem E sem poder arrepender-se ao pânico se rendem E o mundo afrontam e entre as rochas negam? No derradeiro deserto entre as últimas rochas azuis O deserto no jardim o jardim no deserto Da secura, cuspindo a murcha semente da maçã.                      Ó meu povo ¹Thomas Stearns Eliot * Nuneaton, Reino Unido – 22 de novembro de 1819 + Chelsea, Londres, Reino Unido – 22 de dezembro de 1880 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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