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Wikileaks revela o suposto método da CIA para ‘hackear’ telefones

Portal assegura que divulgará “o maior vazamento de dados de inteligência da história” Julian Assange segura um relatório da ONU na embaixada de Equador. AP O Wikileaks, plataforma fundada por Julian Assange para divulgar informações confidenciais ou privadas, iniciou nesta terça-feira a publicação de milhares de documentos que atribui ao Centro de Inteligência Cibernética da CIA.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O material consistiria, segundo o WikiLeaks, de detalhes e ferramentas de um programa de espionagem cibernética dos serviços de inteligência norte-americanos, cuja publicação colocaria a agência federal em sérios apuros. O site afirma se tratar do maior vazamento da história da CIA, pois a agência de inteligência “recentemente perdeu o controle da maioria do seu arsenal de hackeamento, incluindo softwares, vírus maliciosos, troyans, sistemas de controle remoto e documentação associada”, segundo o WikiLeaks. “O arquivo parece ter estado circulando de forma não autorizada entre ex-hackers e prestadores de serviços do Governo, um dos quais ofereceu fragmentos ao Wikileaks”, acrescenta o site em um comunicado. Uma parte do vazamento, ao qual o Wikileaks se refere como Ano Zero, consiste de 8.761 documentos e arquivos de uma rede isolada de alta segurança, situada no chamado Centro de Inteligência Cibernética que a CIA mantém em Langley (Virgínia), que incluem esses instrumentos de espionagem. O chamado programa Ano Zero incluiria especificamente uma série de armas informáticas para poder grampear telefones e aparelhos produzidos por companhias norte-americanas, como os iPhones da Apple, o sistema Android do Google, o Windows da Microsoft e os televisores Samsung, que assim se tornariam microfones disfarçados. Estes documentos serão divulgados após vazamentos relativos a partidos e políticos franceses durante a campanha eleitoral de 2012. Agentes da CIA teriam recebido ordens de averiguar conversas privadas de Nicolas Sarkozy sobre outros candidatos, assim como as estratégias de François Hollande e Marine Le Pen, as dinâmicas partidárias e suas posições com relação à política econômica. No final do ano, as agências de inteligência dos Estados Unidos acusaram Moscou de orquestrar uma campanha de espionagem durante as eleições presidenciais de novembros nos EUA, mas numa escala muito diferente deste caso, já que acusavam o Kremlin de revelar emails do Partido Democrata – publicados pelo próprio Wikileaks – e difundir notícias falsas, entre outras estratégias, a fim de prejudicar a candidatura de Hillary Clinton e favorecer a chegada de Donald Trump ao poder. Esse episódio contrapôs Trump, então presidente-eleito, aos seus próprios serviços de espionagem, cuja credibilidade ele colocou em dúvida. Depois de tomar posse na Casa Branca, em 20 de janeiro, voltou a enfrentar esse assunto quando a imprensa divulgou as conexões de membros da sua equipe com Moscou. As revelações desta terça-feira, se confirmadas, darão a Trump um bom trunfo para sua tese de que a CIA está infestada de fofoqueiros que não cuidam direito da informação confidencial. Jonathan Liu, porta-voz da CIA citado pela agência AP, limitou-se dizer que não faria comentários sobre a autenticidade ou conteúdo de tais documentos. O WikiLeaks havia planejado uma entrevista coletiva via internet para apresentar seu projeto Vault 7, mas posteriormente anunciou no Twitterque suas plataformas tinham sido atacadas e que tentará se comunicar mais tarde. Em nota, o australiano Assange, refugiado desde 2012 na Embaixada do Equador em Londres, disse que o vazamento desta terça-feira é “excepcional do ponto de vista legal, político e forense”.

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Lava Jato abre porta no STF para julgar doação legal como propina

Supremo aceita denúncia contra senador Valdir Raupp, em decisão que eleva temor de citados no escândalo. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato. ROSINEI COUTINHO/SCO/STF A força-tarefa da Operação Lava Jatoo bteve uma vitória estratégica nesta quinta-feira no Supremo Tribunal Federal.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A segunda turma da corte, responsável pelos casos ligados à investigação, decidiu transformar em réu o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) com base na acusação, feita pela Procuradoria-geral da República, de que ele teria recebido propina de uma construtora por meio de uma doação legal para sua campanha em 2010. O caso era esperado com ansiedade em Brasília porque pode ser um precedente para uma enxurrada de novas denúncias contra políticos no âmbito da Lava Jato. Com a aceitação da acusação formal contra Raupp, o STF joga por terra a esperança de blindagem dos que se defendiam das afirmações dos delatores do esquema mostrando registros de doações de campanha legais, já aprovadas pela Justiça Eleitoral. A acusação de que Raupp recebeu R$ 500.000 de propina da construtora Queiroz Galvão para sua campanha está baseada no depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e delator da Lava Jato, e de outros operadores do esquema. Segundo a denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot, aceita pelo Supremo, o repasse de dinheiro fazia parte do acordo político para manter Paulo Roberto Costa no cargo. “Tem sido o entendimento desta corte de que o depoimento de agente colaborador basta para aceitação de denúncia, mas não condenação”, disse Edson Fachin, o relator da Lava Jato no Supremo. Foi um um duplo recado: aos políticos e também à força-tarefa. Se os primeiros não escaparão de responder legalmente pelas acusações de delatores, os procuradores devem se preparar para provar eles que levantam. Na denúncia contra Raupp, Janot compila telefonemas e registros de reuniões para sustentar a acusação de que o senador e os envolvidos na trama corrupta se comunicavam intensamente. O ministro Gilmar Mendes também questionou a robustez das provas apresentadas pela procuradoria, consideradas por ele “apenas um pouco acima” do mínimo aceitável. “Uma doação feita às claras aumenta o ônus probatório da acusação”, afirmou. O magistrado também que a prova de que Raupp “atuou para manter Paulo Roberto Costa em uma diretoria da Petrobras é difícil de ser obtida”. Para ele, o Superemo terá que fazer um “escrutínio severo” com relação àquilo que o MPF afirma terem sido as contrapartidas oferecidas pelos políticos pelos pagamentos recebidos. O placar final na segunda turma do Supremo foi de 5 X 0 pela aceitação da denúncia por corrupção passiva, e 3 X 2 pela aceitação da denúncia por lavagem de dinheiro – Dias Toffoli e Mendes não viram indícios suficientes do crime. “A assertiva dos acusados de que não conheciam a origem espúria dos valores não pode a meu ver, nesta etapa do processo, ser acolhida”, argumentou Fachin. Seu voto foi acompanhado pelos quatro demais ministros integrantes da instância, ainda que com ressalvas. “A doação oficial, registrada, pode ser sim um instrumento de lavagem de dinheiro”, referendou Celso de Mello. O ministro Antonio Dias Toffoli também votou pelo recebimento da denúncia, mas rejeitou a atribuição de crime de lavagem de dinheiro. Coube ao advogado de Raupp, Daniel Gerber, mencionar a expectativa em torno do caso, tratado como um marco na Lava Jato: “Estamos diante de um caso que irá gerar jurisprudência não só para a Lava Jato, mas para todos os casos futuros”. ElPais

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