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Mallarmé – Versos na tarde – 25/12/2016

Angústia Mallarmé¹ Não vim domar teu corpo esta noite, ó cadela Que encerras os pecados de um povo, ou cavar Em teus cabelos torpes a triste procela No incurável fastio em meu beijo a vazar: Busco em teu leito o sono atroz sem devaneios Pairando sob ignotas telas do remorso, E que possas gozar após negros enleios, Tu que acima do nada sabes mais que os mortos: Pois o Vício, a roer minha nata nobreza, Tal como a ti marcou-me de esterilidade, Mas enquanto teu seio de pedra é cidade. De um coração que crime algum fere com presas, Pálido, fujo, nulo, envolto em meu sudário, Com medo de morrer pois durmo solitário. ¹Étienne Mallarmé * Paris, França – 18 de Março de 1842 + Valvins, França – 09 de Setembro de 1898 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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