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Thiago de Melo – Versos na tarde – 17/07/2016

Aprendiz do Espanto Thiago de Mello¹ Não deflorei ninguém. A primeira mulher que eu vi desnuda (ela era adulta de alma e de cabelos) foi a primeira a me mostrar os astros, mas não fui o primeiro a quem mostrou. Eu vi o resplendor de suas nádegas de costas para mim, era morena, mas quando se virou ficou dourada. Sorriu porque os seus peitos me assombraram o olhar de adolescente desafeito à glória da beleza corporal. Era manhã na mata, mas estrelas nasciam dos seus braços e subiam pelo pescoço, eu lembro, era o pescoço que me ensinava a soletrar segredos guardados na clavícula. Pedia já estirada de bruços me chamando, que eu passeasse meus lábios pelas pétalas orvalhadas da nuca, eram lilazes, com as gemas de leve eu alisasse as espáduas de espumas e esmeraldas, queria a minha mão lhe percorrendo, mas indo e vindo, o vale da coluna, cuidadosa de mim, trés doucement. Ela me inaugurou o contentamento inefável de dar felicidade. Tanto conhecimento só podia ser de nascença, hoje eu calculo. Não era um saber de experiências feito, mas quanta ciência para transmiti-lo. Ela era de outras águas, a fontana de trinta anos, que veio lá do Sena com a sina de me dar a beber na aurora dos seus olhos, nos seus peitos, na boca musical, no mar do ventre, no riso de açucena, na voz densa, nas sobrancelhas e no vão das pernas – o mel antigo da sabedoria de que a libido cresce quando atende, de que a tesão se acende na ternura, que as ante-salas se prolonguem vastas até estar pronto para entrar no céu. ¹Amadeu Thiago de Mello * Barreirinha, AM – 30 de março de 1926 d.C

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Inquérito de Rosso por peculato chega ao Supremo

Processo estava no TRE e apura se o deputado usou servidores comissionados do Distrito Federal para trabalhar em uma das campanhas da deputada distrital Liliane Roriz, em 2010 Rogério Rosso foi candidato à presidência da Câmara, mas perdeu no segundo turno para Rodrigo Maia. Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana a investigação que apura se o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) usou servidores comissionados do Distrito Federal para trabalhar na campanha da deputada distrital Liliane Roriz (PTB) em 2010. À época, Rosso era governador do Distrito Federal.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]O processo chegou ao STF na última quarta-feira (13), mas foi tornado público apenas nesta sexta-feira (15). A ministra Cármen Lucia será a relatora. O caso estava no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), mas foi encaminhado ao Supremo porque Rogério Rosso tem foro privilegiado. Isto é, como qualquer deputado federal, só pode ser investigado ou julgado criminalmente pela instância máxima do Judiciário brasileiro. O inquérito apura crime eleitoral e peculato. De acordo com o artigo 312 do Código Penal, é peculato “apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”. A pena varia de dois a 12 anos de reclusão, além de multa. Tanto Rosso como Liliane negam as acusações. O parlamentar do DF, que exerce seu primeiro mandato no Congresso Nacional, ganhou notoriedade nos últimos meses, a princípio como líder do PSD (cargo que ainda ocupa) e como um dos principais articuladores do grupo de parlamentares próximo ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Foi nessa condição que ele presidiu a comissão da Câmara que aceitou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Depois, por ter chegado ao segundo turno da disputa pela presidência da Câmara, na qual foi derrotado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele foi candidato do chamado Centrão, coalizão de partidos influenciados por Cunha. Rogério Rosso negou, em depoimento prestado à Polícia Federal em março de 2014, ter tratado de nomeações de cargos com Liliane Roriz, atual vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Segundo o depoimento, ele disse que “jamais interveio nas administrações regionais sobre atendimento de nomeações de pessoas indicadas por Lilliane Roriz, nem determinou que tais pessoas não cumprissem o expediente administrativo”. Rosso disse ainda que “sua determinação era exclusivamente que todos os servidores do governo do Distrito Federal (GDF) cumprissem com eficiência suas obrigações e que os secretários e administradores regionais tinham delegação para nomear pessoas que efetivamente trabalhassem e cumprissem efetivamente com suas responsabilidades”. Rosso e Liliane foram indiciados pelo delegado da Polícia Federal Manoel Vieira da Paz Filho, que tomou como base o depoimento de 23 pessoas nomeadas para cargos comissionados no DF. “Durante a investigação criminal foi possível identificar que Liliane Maria Roriz, então candidata ao cargo de deputada distrital, solicitou para Rogério Rosso que este nomeasse em várias administrações regionais do GDF pessoas por ela indicadas, sendo que tais pessoas trabalhariam exclusivamente para sua campanha eleitoral, ou indicassem outra pessoa para trabalhar no GDF, em troca de serviços voluntários em sua campanha eleitoral e consequentemente voto favorável a Liliane Roriz”, afirmou o delegado. Liliane Roriz também nega todas as acusações. Segundo a deputada, filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, as pessoas trabalharam em sua campanha de forma voluntária e nunca ouviram dela a promessa de serem contratadas no governo. Mais sobre processos contra parlamentares

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Economia: A inflação não dá folga no neoliberalismo de Macri

Ah, a inflação. Os populistas não se preocupam com a inflação. Gastam mais, muito mais do que arrecadam. Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil  Como decorrência, uma das sequelas é a inflação que pune exatamente os que vivem de salário. Já os neoliberais cuidam muito desse aspecto. Têm responsabilidade fiscal e não admitem explosões inflacionárias. Isto posto vamos à realidade argentina do governo conservador de direita de Maurício Macri. Apesar da recessão e da queda de vendas, os aumentos se mantêm firmes.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Dentro do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o novo cálculo da “inflação núcleo”, que exclui os serviços públicos e outros itens, se acelerou no mês passado. Escalou 3 por cento, contra 2,7 de maio. O Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) informou que os preços aumentaram 0,3 pontos percentuais em junho em relação ao mês anterior. Os dados difundidos continuam sem dar conta do incremento acumulado no primeiro semestre, tampouco a variação interanual. Os índices de preços ao consumidor publicados por órgãos provinciais, sindicatos e consultorias privadas exibem aumentos da ordem de 25 por cento entre janeiro e junho, alcançando só no primeiro semestre a meta autoimposta pelo ministro da Fazenda e Finanças, Alfonso Prat-Gay, para o ano todo. Os distintos porta-vozes do governo e os economistas das consultorias privadas preveem uma desaceleração inflacionária no segundo semestre, que, no entanto, terá entre seus principais fatores a queda do poder aquisitivo e a contração das vendas. Os sinais de diminuição da alta dos preços ainda não aparecem. Pelo contrário, o “IPC-Núcleo” registrou em junho 3 por cento, mais que os 2,7 por cento registrado em maio. Esse novo indicador do Indec exclui os preços da energia e os alimentos por sua elevada volatilidade de curto prazo para tentar mostrar uma tendência sobre como evolui a inflação. É um truque elaborado pelo Indec que recriou o conceito de “inflación núcleo” para tentar mostrar uma tendência descendente no custo de vida. Para sua “core inflation”, como se denomina em inglês, o Indec deixa de fora a eletricidade, a água, o gás, os serviços de saúde, a educação, o transporte, os cigarros, as frutas, as verduras e as viagens, entre outros itens em que se observou uma marcante aceleração de preços ao longo deste ano. O informe do Indec mostrou aumentos significativos em itens centrais do orçamento familiar durante junho: 11,1 por cento em verduras, que já haviam galgado 20,1 por cento no mês anterior, e 10,9 por cento em azeites, ao lado de fortes aumentos também nos itens Vivenda e Serviços Básicos e Atenção médica, de 7,1 e 7,0 por cento, respectivamente. Também tiveram altas acima da média os preços dos medicamentos (5,1) e dos produtos panificados (3,8), o mesmo ocorrendo com o item Alimentos e Bebidas, com uma alta de 3,2 por cento, dentro do qual a carne registrou altas entre 0,4 e 4,8 por cento, segundo os cortes. Em Frutas e Verduras, a batata subiu 17,2 por cento; o tomate, 13,0; a cebola, 11,5 e a abóbora, 9,9, enquanto a banana subiu 9,5. O item Educação aumentou 2,2 por cento. Todos os valores resultam da medição na área metropolitana de Buenos Aires, já que outra das novidades do novo IPC é que o Indec abandonou a tomada de preços no restante do território nacional, o que sinaliza que está tentando esconder que o ritmo da inflação nessas áreas é ainda mais rápido. Os bens que representam 61,5 por cento da cesta, mostraram uma variação de de 2,2 por cento em junho, enquanto os serviços, que explicam os restantes 38,5 por cento, tiveram uma variação de 4,5 por cento com relação a maio. Diante dos fatos, Alfonso Prat Gay, reavaliou a meta inflacionária que ele mesmo previu para 2016 de até 25 por cento: “Se não der entre dezembro e dezembro, a alcançaremos entre março e março”. E eles acham que o povo argentino não está sentindo na própria pele, acompanhando a situação e cotejando as promessas eleitorais. Por Max Altman

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Em delação, Cleto cita relação entre Cunha e atual ministro Dyogo Oliveira

O ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto, delator na Lava Jato, teria afirmado em sua delação que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mandou que ele abortasse sua candidatura à presidência do conselho do FI-FGTS em 2014, quando o atual ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, na época secretário-executivo adjunto, se lançou candidato.Eduardo Cunha se reunia semanalmente para passar orientações ao vice da Caixa Cleto teria afirmado que Cunha tinha “assuntos de seu interesse” no Ministério da Fazenda, que vinham sendo tratados com Dyogo. As informações são do colunista Lauro Jardim. Propinas nas obras do Porto Maravilha Também na delação, Cleto afirma que foi orientado por Eduardo Cunha a segurar por três semanas um voto para cobrar propina e, depois, recomentado a votar contra a liberação de recursos do FGTS para a empresa Sete Brasil. A suposta propina teria sido de R$ 52,5 milhões, remetidos a contas bancárias no exterior, segundo o jornal O Globo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Eduardo Cunha solicitou ao depoente que esperasse para proferir o referido voto. Infere que a finalidade de Cunha era obter um tempo para poder solicitar propina das empresas neste ínterim”, registra um dos termos da delação. Como vice-presidente da Caixa entre 2011 e 2015, no setor de Fundos de Governo e Loterias, Cleto tinha poder de voto nas alterações na liberação de recursos do FGTS ao projeto do Porto Maravilha, no Rio. Cleto detalhou relação de Cunha com BTG Pactual Em sua delação, o ex-vice-presidente da Caixa afirma que Cunha pedia “agilidade e prioridade na análise” nos pedidos do BTG Pactual. O caso era sempre discutido em encontros na sede do banco, em São Paulo, e na própria Caixa. Eram dois os interesses de André Esteves, do BTG: a empresa de saneamento Estre Ambiental, da qual o BTG era sócio, e a na renovação do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS). A empresa de saneamento precisava que o FI-FGTS comprasse R$ 500 milhões em ações da empresa. Cleto foi recomendado por Cunha a apoiar a operação e o investimento foi aprovado em fevereiro de 2014. A assessoria do BTG afirma que o investimento não se concretizou. Em relação ao FCVS, Cleto explicou que o Banco Nacional tinha uma dívida grande com o Banco Central em razão do Proer, e a intenção do BTG era usar o Fundo de Compensação de Variações Salariais para quitar o montante. O BTG tinha interesse em comprar o Nacional e Cleto foi recomendado a agilizar o caso. Fonte/JB

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