Arquivo

William Blake – Versos na tarde – 26/06/2016

O Preço da experiência Wlliam Blake¹ Qual é o preço da experiência? Os homens a compram com uma canção? Adquirem sabedoria dançando nas ruas? Não, ela é comprada pelo preço De tudo que um homem possui, sua casa, sua esposa, seus filhos. A sabedoria é vendida num mercado sombrio onde ninguém vem comprar, E no campo infecundo que o fazendeiro ara em vão por seu pão. É fácil triunfar sob o sol do verão E na colheita cantar na carroça cheia de grão. É fácil falar de prudência aos aflitos, Falar das leis da prudência ao andarilho sem teto, Ouvir o grito faminto do corvo na estação invernal Quando o sangue vermelho mistura-se ao vinho e ao tutano do cordeiro É tão fácil sorrir diante da ira da natureza Ouvir o uivo do cão diante da porta no inverno, e o boi a mugir no matadouro; Ver um deus em cada brisa e uma bênção em cada tempestade. Ouvir o som do amor no raio que arrasa a casa do inimigo; Rejubilar-se diante do praga que cobre seu campo, e da doença que ceifa seus filhos, Enquanto nossas oliveiras e nosso vinho cantam e riem diante da porta, e nossos filhos nos trazem frutas e flores. Então o lamento e a dor estão quase esquecidos, bem como o escravo que gira o moinho, E o cativo acorrentado, o pobre prisioneiro, e o soldado no campo de batalha Quando os ossos rompidos deixam-no gemendo à espera da morte feliz. É fácil rejubilar-se sob a tenda da prosperidade: Eu poderia cantar e me rejubilar deste modo: mas eu não sou assim. ¹William Blake * Londres, Inglaterra – 28 de Novembro de 1757 d.C + Londres, Inglaterra – 12 de Agosto de 1827 d.C Poeta, pintor inglês, sendo sua pintura definida como pintura fantástica, e tipógrafo. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »

Nova operadora terá tarifa única para ligações e internet

Até o final do ano será lançada a Veek, a primeira operadora móvel virtual do Brasil dedicada ao público jovem, especialmente aquele de classe C. Celular: o controle do consumo, assim como o atendimento, acontecerá todo dentro de um aplicativo móvel para Android e iOS Até o final do ano será lançada a Veek, a primeira operadora móvel virtual do Brasil dedicada ao público jovem, especialmente aquele de classe C. Sua proposta é ser simples e objetiva, tendo tarifa única para o minuto de voz, independentemente da natureza da ligação (para móvel ou fixo, local ou de longa distância), assim como uma tarifa única por Megabyte trafegado e outra por SMS enviado. Não haverá serviços de valor adicionado (SVAs).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Somos um ‘pipe’ eficiente, honesto e sincero. Gosto de dizer que não somos uma operadora, mas uma comunicação móvel, um serviço de conectividade”, diz Alberto Blanco, criador da Veek, em entrevista exclusiva para MOBILE TIME. Só serão vendidos planos pré-pagos. O controle do consumo, assim como o atendimento, acontecerá todo dentro de um aplicativo móvel para Android e iOS. Os valores das tarifas ainda não foram definidos, mas Blanco promete que será mais barato que as teles tradicionais porque sua estrutura é mais enxuta, proporcionando menores custos operacionais. A Veek disponibilizará uma calculadora para as pessoas compararem os preços: basta informar quanto consumiu em minutos, Megabytes e mensagens de texto no último mês com a sua operadora e será calculado em seguida quanto seria gasto na Veek. “Em 80% das vezes será mais barato na Veek”, garante. A meta da empresa é conquistar uma receita média por usuário de R$ 40 ao mês, diz o executivo. Marketing multinível Outra característica que distingue a Veek das demais operadoras é a adoção do modelo de marketing multinível. Os usuários que convidarem outros usuários serão remunerados por isso. ada assinante tem um código identificador que deve ser informando pelos seus convidados quando estes se cadastrarem na Veek. Cada novo assinante adquirido via web gera R$ 5 para o usuário que convidou. Há também a possibilidade de se comprar um kit com dez SIMcards ao preço de R$ 100 e que podem ser revendidos a R$ 20 cada, gerando portanto um lucro de R$ 10 por cada assinante conquistado dessa forma. Além disso, o “veeker”, como são chamados os usuários que promovem a operadora, receberá 2,5% do valor de cada recarga feita pelos seus convidados diretos, mais 1% de cada recarga feita pelos convidados dos seus convidados, e outro 1% no nível seguinte de convidados. A partir do quarto nível, ele não recebe mais nenhuma participação. Blanco está conversando com influenciadores da Internet de diferentes comunidades para estimulá-los a virarem veekers. A ideia é que eles divulguem seu código de identificação em seus canais online: sempre que o código for informado quando do cadastro de um novo usuário, o influenciador ganhará dinheiro. Os veekers receberão um cartão de débito da Mastercard no qual será carregada toda a receita gerada dentro do sistema. É o “Veek Card”. Através do app, ele poderá também acompanhar a geração de receita através dos seus convidados. Rede A Veek usará a rede da TIM. Porém, seu contrato não é direto com a operadora, mas através da Surf Telecom, uma MVNE (mobile virtual network enabler). A Surf Telecom, por sua vez, fornecerá o core da rede e o sistema de billing para a Veek e para outras operadoras virtuais no futuro. Na prática, para fins regulatórios, a Veek é uma operadora móvel virtual credenciada. Experiência Blanco tem larga experiência em marketing de telecomunicações. Ele foi o primeiro diretor de marketing da Oi, responsável pelo lançamento da marca da companhia, quase 15 anos atrás. Depois, teve outros empreendimentos e atualmente é CEO da agência de marketing Riot, que vai cuidar da campanha de lançamento da própria Veek. Fernando Paiva/Teletime <iframe src=&quot;//mfa.nissan.predicta.net/mrm-ad/ad/noscript/?;c=3555;sc=5469;p=3;psi=1419851817;n=1419851817;tc=https://adclick.g.doubleclick.net/aclk?sa=L&amp;ai=BRxJyo-5uV8eSJIOSxgTuvIrQDrapz_UIAAAAEAEgruLWITgAWMbJ4O2UA2DNmOCA6AKyARJleGFtZS5hYnJpbC5jb20uYnK6AQlnZnBfaW1hZ2XIAQnaAWdodHRwOi8vZXhhbWUuYWJyaWwuY29tLmJyL3RlY25vbG9naWEvbm90aWNpYXMvbm92YS1vcGVyYWRvcmEtdGVyYS10YXJpZmEtdW5pY2EtcGFyYS1saWdhY29lcy1lLWludGVybmV0mALWP6kCe5nRgYLdkz7AAgLgAgDqAh8vOTI4Ny9leGFtZS9ub3RpY2lhcy90ZWNub2xvZ2lh-ALy0R6QA5wEmAOcBKgDAeAEAdIFBRC20a1okAYBoAYW2AcA4AcP&amp;num=0&amp;cid=CAASEuRo9AXCNCindONtLW3xFoCw-Q&amp;sig=AOD64_0C4R5E9x34yAPGxMA1DmZ_jhRqHw&amp;client=ca-pub-8963691186389224&amp;adurl=&quot; width=&quot;728&quot; height=&quot;90&quot; border=&quot;0&quot; frameborder=&quot;0&quot; marginheight=&quot;0&quot; marginwidth=&quot;0&quot; scrolling=&quot;no&quot;></iframe> <iframe src=&quot;//mfa.nissan.predicta.net/mrm-ad/ad/noscript/?;c=3555;sc=5469;p=3;psi=1419851817;n=1419851817;tc=https://adclick.g.doubleclick.net/aclk?sa=L&amp;ai=BRxJyo-5uV8eSJIOSxgTuvIrQDrapz_UIAAAAEAEgruLWITgAWMbJ4O2UA2DNmOCA6AKyARJleGFtZS5hYnJpbC5jb20uYnK6AQlnZnBfaW1hZ2XIAQnaAWdodHRwOi8vZXhhbWUuYWJyaWwuY29tLmJyL3RlY25vbG9naWEvbm90aWNpYXMvbm92YS1vcGVyYWRvcmEtdGVyYS10YXJpZmEtdW5pY2EtcGFyYS1saWdhY29lcy1lLWludGVybmV0mALWP6kCe5nRgYLdkz7AAgLgAgDqAh8vOTI4Ny9leGFtZS9ub3RpY2lhcy90ZWNub2xvZ2lh-ALy0R6QA5wEmAOcBKgDAeAEAdIFBRC20a1okAYBoAYW2AcA4AcP&amp;num=0&amp;cid=CAASEuRo9AXCNCindONtLW3xFoCw-Q&amp;sig=AOD64_0C4R5E9x34yAPGxMA1DmZ_jhRqHw&amp;client=ca-pub-8963691186389224&amp;adurl=&quot; width=&quot;728&quot; height=&quot;90&quot; border=&quot;0&quot; frameborder=&quot;0&quot; marginheight=&quot;0&quot; marginwidth=&quot;0&quot; scrolling=&quot;no&quot;></iframe> <iframe src=&quot;//mfa.nissan.predicta.net/mrm-ad/ad/noscript/?;c=3555;sc=5469;p=3;psi=1419851817;n=1419851817;tc=https://adclick.g.doubleclick.net/aclk?sa=L&amp;ai=BRxJyo-5uV8eSJIOSxgTuvIrQDrapz_UIAAAAEAEgruLWITgAWMbJ4O2UA2DNmOCA6AKyARJleGFtZS5hYnJpbC5jb20uYnK6AQlnZnBfaW1hZ2XIAQnaAWdodHRwOi8vZXhhbWUuYWJyaWwuY29tLmJyL3RlY25vbG9naWEvbm90aWNpYXMvbm92YS1vcGVyYWRvcmEtdGVyYS10YXJpZmEtdW5pY2EtcGFyYS1saWdhY29lcy1lLWludGVybmV0mALWP6kCe5nRgYLdkz7AAgLgAgDqAh8vOTI4Ny9leGFtZS9ub3RpY2lhcy90ZWNub2xvZ2lh-ALy0R6QA5wEmAOcBKgDAeAEAdIFBRC20a1okAYBoAYW2AcA4AcP&amp;num=0&amp;cid=CAASEuRo9AXCNCindONtLW3xFoCw-Q&amp;sig=AOD64_0C4R5E9x34yAPGxMA1DmZ_jhRqHw&amp;client=ca-pub-8963691186389224&amp;adurl=&quot; width=&quot;728&quot; height=&quot;90&quot; border=&quot;0&quot; frameborder=&quot;0&quot; marginheight=&quot;0&quot; marginwidth=&quot;0&quot; scrolling=&quot;no&quot;></iframe> <iframe src=&quot;//mfa.nissan.predicta.net/mrm-ad/ad/noscript/?;c=3555;sc=5469;p=3;psi=1419851817;n=1419851817;tc=https://adclick.g.doubleclick.net/aclk?sa=L&amp;ai=BRxJyo-5uV8eSJIOSxgTuvIrQDrapz_UIAAAAEAEgruLWITgAWMbJ4O2UA2DNmOCA6AKyARJleGFtZS5hYnJpbC5jb20uYnK6AQlnZnBfaW1hZ2XIAQnaAWdodHRwOi8vZXhhbWUuYWJyaWwuY29tLmJyL3RlY25vbG9naWEvbm90aWNpYXMvbm92YS1vcGVyYWRvcmEtdGVyYS10YXJpZmEtdW5pY2EtcGFyYS1saWdhY29lcy1lLWludGVybmV0mALWP6kCe5nRgYLdkz7AAgLgAgDqAh8vOTI4Ny9leGFtZS9ub3RpY2lhcy90ZWNub2xvZ2lh-ALy0R6QA5wEmAOcBKgDAeAEAdIFBRC20a1okAYBoAYW2AcA4AcP&amp;num=0&amp;cid=CAASEuRo9AXCNCindONtLW3xFoCw-Q&amp;sig=AOD64_0C4R5E9x34yAPGxMA1DmZ_jhRqHw&amp;client=ca-pub-8963691186389224&amp;adurl=&quot; width=&quot;728&quot; height=&quot;90&quot; border=&quot;0&quot; frameborder=&quot;0&quot; marginheight=&quot;0&quot; marginwidth=&quot;0&quot; scrolling=&quot;no&quot;></iframe>

Leia mais »

Ballet – Arte – Fotografias

Phillip Ollenburg – NYC Ballet Fotografia de Henry Leutwyler Elisa Carrillo – “The Talisman” – Concert Hall Fotografía de Carlos Quezada [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »

Misha Gleeny: “Os grandes traficantes brasileiros não moram nas favelas”

Escritor autor de livro sobre o Nem da Rocinha critica política de guerra às drogas. Os caminhos da cocaína desde que a folha da coca é colhida por camponeses latino-americanos até chegar às narinas dos exigentes consumidores da Europa ou dos Estados Unidos deixam um rastro de morte no terceiro mundo. E o Brasil, com seus 50.000 homicídios anuais, não é exceção.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Não se trata, no entanto, de óbitos provocados pela overdose da droga. São uma consequência direta das infinitas batalhas por rotas e mercados, embates travados em nome da chamada “guerra às drogas”. Crítico da política proibicionista liderada por Washington e Europa e imposta aos países produtores e distribuidores, o jornalista inglês Misha Gleeny, que já mergulhou na rede do crime organizado transnacional em McMáfia (Companhia das Letras), agora aborda a o impacto do “fracasso da guerra às drogas” na vida de um indivíduo em particular: o traficante de drogas Nem da Rocinha. Sua história é contada no livro O Dono do Morro: Um homem e a batalha pelo Rio (Companhia das Letras). O autor, que estará na Feira Literária Internacional de Paraty este ano, conversou com o EL PAÍS no final de junho. MAIS INFORMAÇÕES Subiu o morro como Antônio, desceu como Nem da Rocinha “A Rocinha não precisa de teleférico, mas sim de saneamento básico” “Há lugar do Rio em que a polícia é despótica, sufoca a vida dos jovens” A ‘tropa de elite’ é suspeita de ter papel no assassinato de Amarildo Pergunta. Qual a diferença entre o traficante que atua na favela, como o Nem, e o grande traficante, como o mexicano El Chapo Guzmán? Resposta. Existem dois tipos básicos de traficantes no Brasil. O primeiro são os traficantes como o Nem, que atuam na ponta do varejo e distribuem a droga nas áreas urbanas ao longo da costa brasileira. A cocaína vem da Bolívia, Peru ou Colômbia, e parte dela é entregue nas cidades, levada pelos matutos. Eles se encarregam de levar a droga na mochila, de ônibus ou carro, e são parte fundamental do abastecimento das cidades. Cerca de 50% da droga vendida no varejo é entregue para as facções criminosas pelos matutos, que são pessoas de diversas nacionalidades, e não são especialmente ricos. O Nem, no contexto doméstico do tráfico de drogas do Rio de Janeiro, era uma figura muito importante. Mas o papel do Nem não tem nada a ver com o papel do El Chapo Guzmán no México, por exemplo. O Chapo faz parte do segundo tipo de traficante, que atua no atacado, que abastece os mercados mais ricos. Esse segundo perfil também existe no Brasil, só que os Chapos do Brasil não têm a mesma origem social que o mexicano, que nasceu em um bairro pobre. Quem faz esse serviço no Brasil costuma ser pessoas de classe média e classe alta que têm negócios legítimos operando, geralmente nas áreas de transporte e agricultura. Acontece que os lucros desses negócios são multiplicados quando eles utilizam essa rede de logística para transportar toneladas de cocaína através do país. Já descobriram carregamentos de cocaína dentro de carne bovina brasileira que seria exportada pra Espanha, por exemplo. As drogas atravessam o Brasil e deixam o país principalmente pelos portos de Santos e do Rio de Janeiro, e são vendidas no atacado para uma variedade de destinos como países do oeste da África, Espanha, os Balcãs, Holanda e Irlanda. Essa é a função primária do Brasil no mercado global da cocaína: entregar a droga das áreas de produção em grandes quantidades para outros países. P. São perfis completamente distintos de traficantes no atacado e no varejo… R. Esses dois perfis de traficantes tem muito pouco a ver entre si. Os lucros do negócio doméstico do tráfico de cocaína que abastece o Brasil – o país é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo – não chegam nem perto do negócio de exportar a cocaína para a Europa. As margens de lucro crescem exponencialmente com a exportação. O perfil social dos envolvidos no tráfico do atacado no Brasil não tem nada a ver com a figura do bandido morador de favela que existe no imaginário da população. O perfil social dos envolvidos no tráfico do atacado no Brasil não tem nada a ver com a figura do bandido morador de favela que existe no imaginário da população. A única pessoa que circulou pelos dois mercados, atacado e varejo, foi o Fernandinho Beira-Mar, do Comando Vermelho [o traficante foi preso em 2002 na Colômbia, e havia construído uma rede de contatos com guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia para comprar e exportar a droga pelo Brasil]. P. Qual a marca da gestão do Nem na Rocinha? R. A Rocinha é uma favela muito fácil de defender, ela tem praticamente duas entradas, uma na parte alta e outra na baixa. Isso significa que o Nem não precisou investir tantos recursos na defesa da favela, em armas. Ele pode simplesmente investir mais recursos no negócio da cocaína, e ele aliou isso a uma redução da violência e do uso ostensivo de armas na comunidade. Isso fez com que as pessoas se sentissem seguras para comprar a droga lá, ele atraiu muitos consumidores de classe média que se abasteciam lá por saber que a favela era pacífica. Logo o faturamento bruto do tráfico subiu muito sob sua gestão. E ele investia parte desses recursos em duas outras coisas: primeiro na comunidade. Para que ela se sinta cuidada, feliz, próspera, ele injetava dinheiro na favela e fez com que a economia local florescesse. E, em segundo lugar, usava o dinheiro para corromper a polícia. Investigadores me disseram que ele tinha informantes na Polícia Civil e na Militar, gente de médio escalão, que o alertava sobre batidas e operações na Rocinha. Tudo isso para garantir seu poder político na comunidade. P. A impressão que se tem ao ler o livro era de que o Nem era um traficante que evitava a violência. Isso

Leia mais »

Festas juninas dos deputados custam 20 milhões de reais aos brasileiros

Deputados paralisam trabalhos em sete dos últimos dez dias úteis por festas juninas. Waldir Maranhão no último dia 14. Foto ALEX FERREIRA CÂMARA DOS DEPUTADOS Entre os dias 20 de junho e 1º de julho, os contribuintes brasileiros gastarão cerca de 20 milhões de reais para ver os deputados federais que os representam tirarem dias extras de folga durante o período de festas juninas em um ano de crise econômica e política. Na semana passada, por determinação de Waldir Maranhão (PP-MA), o controverso presidente interino da Câmara dos Deputados, a Casa ficou parada durante três dos cinco dias úteis, a justificativa era o feriado de São João, no dia 24 de junho.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Nesta, o recesso branco durará quatro dias e o santo homenageado é São Pedro, em 29 de junho. A única data em que está prevista a realização de uma sessão em que pode haver votações é nesta terça-feira, ainda assim, a expectativa é que não haja quórum mínimo para deliberações, que é a metade dos 513 deputados. MAIS INFORMAÇÕES Começa a ofensiva política para enfraquecer a Lava Jato Do PC do B ao DEM, propina de Machado não conhece ideologia Entre traições e subornos, a política brasileira desmascarada O cálculo do custo dos parlamentares aqui citado é baseado no valor diário que eles representam aos cofres públicos: 2,87 milhões de reais. A conta é feita sobre salários além dos gastos com auxílio moradia, verba de gabinete, alimentação, transporte, aluguel de veículo e imóveis, além de verbas com a divulgação do mandato. Ele não inclui, por exemplo, o valor da manutenção e funcionamento dos prédios da Câmara nem o quanto é pago para os servidores concursados ou terceirizados. Em nota divulgada pela sua assessoria de imprensa, Maranhão informou que a paralisação se deve aos “festejos juninos, durante os quais há grande mobilização popular, especialmente na região Nordeste do país”. Nesses dias, as comissões continuarão funcionando, mas possivelmente estarão esvaziadas. O detalhe é que, em menos de um mês, está prevista outra folga geral na Câmara, que é o recesso parlamentar oficial entre os dias 18 e 31 de julho. A decisão dele também leva em conta o período de campanha eleitoral que se aproxima. Em agosto, começará o prazo em que os concorrentes às prefeituras e às Câmara de Vereadores iniciam a divulgação de suas candidaturas. Deputados federais estão entre os principais concorrentes a prefeitos de diversos municípios. A decisão de Maranhão de paralisar os trabalhos desagradou a gregos e troianos. O nanico e oposicionista PSOL emitiu uma nota para chamar o deputado do PP de “perdulário e irresponsável”. “Esse tipo de posicionamento irresponsável e monocrático tem um custo para o contribuinte. Afinal, é ele quem paga a multa pelas remarcações das passagens aéreas. Figuras como Maranhão, que ora atendem a interesses do centrão, ora do próprio Eduardo Cunha, ora do governo interino de [Michel] Temer desmoralizam a Câmara dos Deputados e a atividade parlamentar”, afirma o documento assinado pelos seis deputados da legenda. Do lado governista também houve chiadeira. “Num momento como esse, em que deve haver um esforço em torno do processo de reconstrução nacional e de recuperação da economia e projetos importantes estão na pauta da Câmara, é inadmissível que uma decisão unilateral do presidente interino paralise os trabalhos durante uma semana”, reclamou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy. “Quando temos só um dia na semana de trabalho há um estímulo para que os deputados continuem na sua base e não venham para a sessão”, disse o líder do Governo na Câmara, André Moura. Inicialmente, a intenção da gestão Temer era votar dois projetos que considera prioritários nestes dias de paralisação, a medida provisória 718, que altera algumas regras tributárias no período dos Jogos Olímpicos e a proposta que crias normas de governança nas empresas estatais. Antônio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Departamento de Intersindical de Assessoria Parlamentar (uma ONG que estuda o Legislativo brasileiro), entende que essa paralisação foi feita apenas para prorrogar a cassação do mandato do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “É uma manobra para Cunha ganhar tempo. Não fazia sentido paralisar a agenda do Congresso neste momento”, ponderou. Ainda assim, na avaliação de Queiroz, a gestão Temer não será prejudicada com o recesso branco. “Os principais temas estão neste momento com o Senado. Se essas medidas ficarem para a próxima semana, não haverá problemas. Além disso, a base está bastante homogênea, coisa que não estava no Governo Dilma. Ou seja, não há riscos para o Governo Temer no Legislativo”. Na Casa ao lado, o Senado, a expectativa é que não haja paralisação principalmente por causa da Comissão do Impeachment de Dilma Rousseff (PT), que quer concluir os trabalhos o quanto antes, e porque boa parte dos senadores querem dar ao presidente interino Michel Temer o respaldo legislativo que ele precisa para se manter no cargo. A decisão sobre essa pausa ou não nos trabalhos deve ser tomada na próxima semana pelo presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele já demonstrou que tem interesse em seguir trabalhando e faz as articulações políticas nesse sentido, mas sua vontade ainda depende do aval da maioria dos congressistas, conforme previsto na Constituição Federal. ElPais

Leia mais »

Elite mantém riqueza por séculos porque merece? Cientista causa polêmica ao dizer que sim

Estudos realizados em diferentes países têm mostrado que as famílias ricas permanecem no topo da pirâmide social por séculos. Um economista britânico, porém, tem uma teoria polêmica para explicar isso: para ele, esses grupos talvez “mereçam” estar ali. Teoria de que famílias bem-sucedidas têm habilidades passadas geneticamente entre gerações causa polêmica entre acadêmicos Gregory Clark e o colega Neil Cummins demonstraram, por meio de uma investigação de sobrenomes, que o status de uma família pode se manter por mais de oito séculos na Inglaterra. E isso se reflete em vários setores da sociedade: a mesma elite se manteve nos postos governamentais mais altos, nas universidades mais prestigiadas e nas diretorias de grandes empresas, fenômeno também verificado em países como Suécia, Estados Unidos, Índia, Taiwan, Japão, Coreia e Chile (único país da América Latina a ser estudado).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Até na China encontramos os mesmos sobrenomes na elite por muitas gerações, mesmo após a revolução comunista de Mao Tsé-tung”, afirmou Clark à BBC Brasil. Agora, diz o economista, o desafio é explicar como essas famílias permanecem tanto tempo nessa posição – e é aí que suas conclusões, embora preliminares, provocam controvérsia. “Queremos saber até onde esse padrão é explicado pelas conexões sociais e até onde se explica pela transmissão genética de habilidades nas famílias”, diz. Segundo ele, os primeiros resultados apontariam para a ideia de que famílias bem-sucedidas transmitem algumas características – como ambição, motivação e talentos sociais – para as gerações seguintes, o que permitiria a elas continuar em posições de poder e privilégio. Ou seja: Clark defende que essas dinastias teriam uma “competência social” natural, o que provaria que elas merecem estar lá. ‘Determinismo genético’ As afirmações do especialista causam polêmica entre acadêmicos e analistas. Um exemplo é um artigo publicado em maio pelos economistas Guglielmo Barone e Sauro Mocetti, do Banco da Itália. Em uma pesquisa semelhante, mas desta vez comparando as listas de pagadores de impostos de Florença em 1427 e em 2011, eles chegaram a uma conclusão semelhante à de Clark: os sobrenomes das famílias mais abastadas da região cerca de 600 anos atrás coincidem com os dos grupos mais ricos nos dias atuais. Isso significa que essas dinastias foram capazes de manter sua riqueza durante os diversos cercos à cidade, a campanha do imperador francês Napoleão na Itália, o regime fascista de Benito Mussolini e duas guerras mundiais. Mas a concordância termina aí: o que o britânico vê como possível sinal de meritocracia, os italianos chamam de “injustiça e ineficiência da sociedade”, que “desperdiça os talentos das pessoas que vêm de contextos menos privilegiados”. IPesquisador afirma que elite demora entre 300 e 500 anos para deixar esta posição em países tão diferentes como Inglaterra, China, Suécia e Chile image copyright OLGA LISITSKAYA | THINKSTOCK Outra crítica à teoria da “competência herdada” vem da revista britânica The Economist – que vê, a exemplo dos economistas que estudaram Florença, um sistema de privilégios que trabalha a favor dos ricos. Para a publicação, o trabalho de Clark “sugere que os negros pobres permanecem assim porque descendem de pessoas com competência social menor”. “Pode não ser um livro racista, mas transita pelo determinismo genético”, conclui. Questionado pela BBC Brasil, o britânico admite que sua teoria poderia dar margem a argumentos racistas e de segregação social. “Claro que poderia. Mas eu estudo a mobilidade social para tentar entender quais são as forças na base da nossa sociedade. Não serei um bom estudante se só quiser buscar explicações que me façam sentir melhor sobre o mundo”, diz. “Não estou dizendo que racismo não existe e que não pode influenciar a mobilidade social dos negros. Mas dentro dos grupos de elite que estudamos, a manutenção do status parece ter uma explicação genética.” Segundo ele, estudos com crianças adotadas por famílias ricas têm mostrado que suas trajetórias profissionais e financeiras seriam mais influenciadas pelos pais biológicos do que pelos adotivos. “Os dados mostram que as famílias adotivas não são assim tão poderosas quando se trata de influenciar no futuro de suas crianças”, diz. Mudança lenta A análise do britânico revela que migrar de uma classe social para outra pode levar muito tempo – as famílias que compõem o topo costumam ficar ali por cerca de 15 gerações, e até mais do que isso. “A mobilidade social acontece e as famílias de elite tendem a se aproximar do centro da pirâmide social, sendo substituídas por outras no topo. Mas isso é bem mais lento do que se pensava, leva cerca de 300 a 500 anos”, disse à BBC Brasil. Um dos estudos de Clark e Cummins analisou o status social de sobrenomes únicos da elite inglesa – como Baskerville, Darcy e Neville – entre os anos de 1170 e 2012. Para isso, monitorou a presença deles nas universidades de Oxford e Cambridge ao longo do tempo. “Para entrar nessas universidades, era preciso ter frequentado escolas preparatórias especiais, falar latim e preencher muitos requisitos. Hoje, pessoas de qualquer escola do país poderiam entrar, já que elas fazem uma prova padrão”, explica o economista. “Mesmo assim, notamos que esses sobrenomes permanecem lá. A mudança não foi tão grande.” Clark afirma que o status dos clãs se mantém mais fortemente até do que alguns traços físicos, como a altura. E mais: a linhagem familiar poderia determinar até 50% da renda ou do nível educacional de uma pessoa. “Um filho de pais ricos pode acabar não indo para a faculdade, por exemplo, e tendo uma queda de padrão. Mas os filhos dele tendem a ter mais sucesso do que os de pessoas normais que não tiveram educação superior. É como se a família sempre se recuperasse e tivesse uma tendência a manter um nível educacional alto”, afirma. Essas variações nas trajetórias dos filhos de pais ricos – quando um dos filhos mantém o status familiar e outro não – também fortaleceriam a explicação genética, segundo o economista. “Se fosse só a ‘cultura familiar’, isso seria transmitido mais fortemente a todas as crianças de uma família,

Leia mais »