Um abastado senhor de difusa cidadania sueco-britânica compra 160 mil hectares de terras amazônicas, nos municípios de Manicoré e Itacoatiara (pode?, como fica a lei que regula a venda de terras para estrangeiros?). Por: Luiz Gonzaga Schroeder Lessa* E, não satisfeito, difunde e propagandeia para que outros empresários sigam o seu exemplo, com o objetivo declarado de comprar a Amazônia, a pretexto de preservar o meio ambiente e reduzir gastos substanciais com pagamentos de seguros milionários, resultantes de calamidades naturais. E, ainda, pasme-se, fixa o valor para tal – US$ 18 bilhões! Por mais incrível que possa parecer, não se escuta, não se lê, não se publica uma palavra sequer daqueles que, por fé de ofício, têm o dever, o compromisso, de preservar a integridade e os intereses nacionais e que deveriam, energicamente, manifestar a oposição do País contra tamanho disparate e insensatez.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Onde está o Itamaraty? Se não lhe cabe falar nesse caso é difícil compreender para que serve, para que existe. Seu silêncio e sua omissão atentam contra o país, soam não apenas como apatia, mas como concordância, por certo, assim procedem os atuais responsáveis pelo M.R.E. por não admitirem, não quererem enxergar, que existem ponderáveis pressões internacionais que contestam a plena soberania brasileira sobre a nossa vasta região amazônica e que este senhor, Hohan Eliasch, nada mais é do que uma de suas mais atuantes vozes. Onde está a palavra da presidente da República, que gosta de falar sobre tantos outros assuntos de menor importância, ela que é, constitucionalmente, a responsável maior pela integridade e soberania nacionais? Todavia, o ex-presidente Lula tem pesada culpa nesse cartório, pois foi o patrocinador da controversa lei de gestão de florestas públicas, que possibilita alienar a terceiros, inclusive estrangeiros, parcelas substanciais de terras amazônicas. Contando com a irresponsável colaboração de um congresso apequenado fez passar, quase sem resistência (apenas no senado a votação foi apertada), essa lei que, longe de atender aos interesses do país e de preservar a floresta, coloca-a em risco de destruição, a exemplo do ocorrido nos países asiáticos onde semelhante política foi implementada. Esse mutismo incompreensível mortifica os brasileiros que, embora desesperançados, ainda sonham com um País digno e altivo. Enfim, o silêncio dos responsáveis é consentâneo com o grave comprometimento do quadro moral-ético-político que vive o Brasil, onde tudo é permitido e tolerado e nada mais causa espanto, repulsa e indignação. Sem maiores pejos e preocupações, compromete-se o porvir das gerações futuras e coloca-se em risco a soberania, patrimônio inalienável do sofrido povo brasileiro. *Luiz Gonzaga Schroeder Lessa é general de Exército e ex-presidente do Clube Militar.