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Artur da Távola – Versos na tarde – 20/01/2016

Tempo Artur da Távola¹ Hoje eu sou poesia, Pedaço de nuvem Nas mãos do teu dia. Eu sou amargura, Espaço de espanto Num céu de loucura. Hoje eu quero ser jardim, Temporada de espanto No sorriso de teu sim. Agora vai ser a vez Da esperança sem lança, Da amizade sem força, Do afago sem sexo, Do sexo sem falsa noção de esmagar. Chegou o tempo De ser E amar. ¹Paulo Alberto Monteiro de Barros * Rio de Janeiro, RJ. – 03 de Janeiro de 1936 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Maio de 2008 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Relatório acusa Apple, Samsung e Sony de conivência com trabalho infantil

É a economia estúpido. O capital é assim mesmo. Os caras estão preocupados apenas com uma coisa, o lucro! O pior é que não dá em nada. Está aí a Zara que não me deixa mentir. E essa é a forma da violência mais cruel e silenciosa. “O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a.” Karl Marx José Mesquita A organização de direitos humanos Anistia Internacional acusou as empresas Apple, Samsung e Sony, entre outras, de falhar em identificar o uso de trabalho infantil na produção dos minerais usados em seus aparelhos. Em um relatório sobre a mineração de cobalto na República Democrática do Congo, a Anistia afirma ter encontrado crianças de até 7 anos de idade trabalhando em condições perigosas. O cobalto é componente vital para as baterias de íon-lítio. As empresas afirmaram que seguem política de tolerância zero em relação a trabalho infantil. “Companhias cujo lucro global é de US$ 125 bilhões não podem realmente alegar incapacidade de verificar de onde vêm suas matérias-primas essenciais”, disse Mark Dummett, pesquisador nas áreas de negócios e direitos humanos da Anistia. Leia também: O jornal é feito por crianças exploradas na Índia Mortes Mineiros trabalhando em condições perigosas ganham alguns dólares por dia A República Democrática do Congo responde por 50% ou mais do cobalto produzido no planeta. Mineradores trabalhando por longo período neste segmento da extração mineral enfrentam problemas de saúde e risco de acidentes fatais, afirma a Anistia. A organização diz que ao menos 80 mineiros morreram no subsolo congolês entre setembro de 2014 e dezembro de 2015. A Anistia também entrevistou crianças que trabalhariam nas minas do país. Paul, órfão de 14 anos de idade, começou a minerar aos 12 anos. “Eu fiquei até 24 horas nos túneis. Chegava de manhã e só saía na outra manhã. Tinha que ir ao banheiro nos túneis. Minha mãe adotiva planejava me mandar para a escola, mas meu pai adotivo era contra, e ele me fez trabalhar nas minas”, contou o menino à Anistia. A Unicef estima que há cerca de 40 mil crianças trabalhando em minas no sul da República Democrática do Congo. ‘Tolerância zero’ Em resposta ao relatório, a Apple afirmou que o “trabalho infantil não é tolerado em nossa cadeia de fornecedores e estamos orgulhosos de liderar a indústria em salvaguardas pioneiras (contra o trabalho infantil)”. A empresa afirmou, ainda, conduzir rigorosas auditorias junto a fornecedores e que qualquer um que empregue crianças é forçado a retornar o menor a sua casa, financiar a educação da vítima em escola escolhida pela família, continuar a pagar salários e oferecer um emprego quando o jovem tem idade para trabalhar. A Samsung também afirmou ter “tolerância zero” em relação a trabalho infantil e que, assim como a Apple, vem conduzindo auditorias regulares junto a seus fornecedores. “Se houver violação e trabalho infantil for encontrado, os contratos com fornecedores serão imediatamente encerrados”, declarou a empresa. A Sony comentou: “Estamos trabalhando com nossos fornecedores para enfrentar questões ligadas a direitos humanos e condições de trabalho em locais de produção, assim como na aquisição de minerais e outras matérias primas”. ‘Paradoxo‘ Muitas crianças trabalham na extração de cobalto – Getty Images O relatório da Anistia rastreou o comércio de cobalto a partir de áreas onde há trabalho infantil. O mineral é comprado por intermediários diretamente das minas e vendido à empresa Congo Dongfang Mining, subsidiária da gigante chinesa Zhejiang Huayou Cobalt Ltd. A Anistia afirma ter entrado em contato com 16 multinacionais listadas como clientes de fabricantes de baterias que têm como fornecedor de cobalto a Huayou Cobalt. Uma empresa admitiu a conexão, enquanto outras quatro reconheceram serem incapazes de dizer com certeza qual seria a fonte do cobalto usado por elas. Outras cinco companhias negaram ligações comerciais com a Huayou Cobalt, embora apareçam como clientes nas listas encontradas em documentos da gigante chinesa. Seis empresas afirmaram estar investigando o caso. “É um paradoxo que na era digital algumas das mais ricas e inovativas empresas do mundo, capazes de levar ao mercado aparelhos incrivelmente sofisticados, não consigam mostrar de onde vêm suas matérias-primas”, criticou Emmanuel Umpula, diretor da Africa Resources Watch, organização que colaborou com a Anistia no relatório. Com dados da BBC  

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Política canibal: Senadores fazem exigências para reconduzir Temer ao comando do PMDB

Caciques do PMDB já consideram não lançar candidatura alternativa à de Michel Temer, atual presidente nacional do partido, e apoiar o vice-presidente da República para se reeleger na eleição de março. Há, porém, uma lista de exigências colocadas na mesa sobretudo por senadores peemedebistas. Eunício e Renan querem presidência do Senado e liderança de bancada em troca de apoio a Temer De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo” desta terça-feira (19), o senador Romero Jucá (RR) deve ser designado para a primeira vice-presidência do partido. Os pedidos a Temer incluem, ainda, o apoio à eleição de Eunício Oliveira (CE) para a presidência do Senado em 2017, quando Renan, após dois mandatos, deixará o posto e ficará impedido de se reeleger. Renan, então, pelo acordo, se tornaria o líder da bancada do PMDB no Senado. Como Valdir Raupp é o atual primeiro vice-presidente e não foi contemplado na cúpula do comando do partido, a ele seria destinada a presidência da Fundação Ulysses Guimarães, hoje sob o comando de Moreira Franco. O impasse, que só deve ser decidido às vésperas da convenção do partido, é se Temer renunciaria ao cargo, como quer o grupo de Renan Calheiros, ou se apenas se licenciaria, deixando Jucá no comando da sigla interinamente, como quer o próprio Temer. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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O papel da mídia na construção estereotipada da figura do “criminoso” no Brasil

No filme Kika (1993), o cineasta espanhol Pedro Almodóvar apresenta uma personagem secundária que, pela sua excentricidade, acaba por se tornar inesquecível. Por Maiquel Wermuth ¹ Trata-se de Andréa Balafrée (interpretada pela atriz Victoria Abril), conhecida publicamente como Andréa Cara-Cortada, psicóloga apresentadora de um programa televisivo sensacionalista intitulado “Lo peor del día”, no qual não tinha pejo em mostrar, sem cortes, o sangue ainda escorrendo das vítimas dos mais variados crimes. A busca – e, em algumas situações, a “construção” das notícias – era tarefa incansável da apresentadora, sempre atenta àquilo que poderia chamar a atenção do grande público. Sua rotina, fora do programa, consistia em percorrer, com sua motocicleta, as ruas em busca de “fatos noticiáveis”, o que coloca em xeque, em muitas situações, a sua ética profissional, na ânsia de encontrar matérias publicáveis. Em cena, Cara-Cortada – em meio a entrevistas com estupradores, notícias de crimes violentos e imagens de autoflagelação – anuncia o produto do seu patrocinador, o leite “La Real”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A personagem de Almodóvar, pelo menos no que diz respeito à realidade brasileira, parece estar servindo de inspiração para programas televisivos que tem na criminalidade – apresentada de forma sensacionalista – o seu principal “produto”. Com efeito, no Brasil essa crescente exposição midiática da criminalidade tem contribuído, como já referimos na coluna anterior, para a criação de uma atmosfera de medo que nem sempre corresponde à realidade. Além disso, referida atuação dos órgãos de comunicação de massa tem contribuído para reforçar estereótipos historicamente construídos pelo sistema punitivo brasileiro. A mídia brasileira tem sido cada vez mais apelativa e sensacionalista. E o pior: uma prova de que a população adere à opinião repressiva imposta pela mídia é a grande audiência alcançada pelos programas de televisão que tratam de crimes e ações policiais, que passam uma imagem maléfica e amedrontadora daqueles que são colocados como “ameaça”. Bourdieu (1997) apresenta uma lição bastante pertinente para a análise ora empreendida: para o sociólogo, a busca do sensacional e do espetacular, do furo jornalístico, é o princípio de seleção daquilo que pode e daquilo que não pode ser mostrado na mídia, o que é definido pelos índices de audiência – ou seja, pela pressão do campo econômico, do mercado, sobre os jornalistas. Nessa mesma linha, Herman e Chomsky (2003, p. 11) referem que os “produtos” da mídia estão diretamente relacionados aos interesses de quem a financia – e aqui, novamente, os comerciais do leite “La Real” durante o programa da personagem Andrea Cara-Cortada demonstram a crítica de Almodóvar à mídia sensacionalista –, com a particularidade de que “isso em geral não é realizado por intervenção bruta, mas pela seleção de pessoal com pensamento similar e pela internalização das prioridades e definições por parte de editores e jornalistas daquilo que é digno de ser noticiado, isto é, que está de acordo com a política da instituição”. Em um contexto tal, as imagens, aliadas às legendas que dizem o que é preciso ler e compreender, produzem oefeito de real, ou seja, fazem ver e fazem crer no que fazem ver. A televisão, particularmente, é capaz de veicular informações íntimas, “expressivas”, despertando nos espectadores uma sensação de imediatismo e intimidade, ou seja, uma sensação de estar face a face com o objeto da apresentação, o que conduz a uma nova ênfase nos aspectos emotivos e íntimos de determinados eventos, bem como à tendência cada vez maior de revelar as “personalidades” dos envolvidos (GARLAND, 2005). Ao analisar obras recentes de ficção ou documentários que acentuaram a presença visual de cidadãos pobres, negros, moradores de favelas e bairros de periferia no cinema e na televisão brasileiros, particularmente a partir de algumas obras de grande repercussão como Notícias de uma guerra particular (1999), Palace II (2000),Cidade de Deus (2002), O invasor (2003), Ônibus 174 (2003), Cidade dos homens (2003), e Falcão, meninos do tráfico (2006), Hamburguer (2007) demonstra a forma estereotipada por meio da qual esses personagens são apresentados ao público. Em relação ao último trabalho, a autora (2007, p. 117) destaca que os meninos personagens do filme expressam visões escabrosas do mundo, sem perspectiva de futuro, em um presente altamente instável. Esses meninos aparecem desprovidos de individualidade, pequenos ícones de um estado hobbesiano que ameaça se instaurar. Sabemos pelas informações que cercaram a exibição do filme […] que dos dezessete meninos entrevistados, dezesseis já estavam mortos quando o trabalho foi ao ar. Mas o filme não permite distinguir cada um. A mídia contribui para que o sistema punitivo desempenhe, a contento, a sua principal função que, na contemporaneidade, não é diversa daquela que sempre desempenhou na sociedade brasileira: servir como instrumento de controle e de disciplina das classes subalternas, infundindo-lhes terror, de forma a preservar a segurança e os interesses das classes hegemônicas. A mídia, desta forma, ratifica uma confissão “de que, historicamente, criminalizamos a pobreza e mantemos um Direito Penal de ‘classes’” (STRECK, 2009, p. 93). Na ótica de Andrade (2003, p. 61), “a mídia passa a colonizar, com imensas vantagens, a função legitimadora historicamente desempenhada pela Criminologia positivista – e o conjunto das ciências criminais – operando com o mesmo senso comum, criminologicamente modelado, na dimensão do ‘espetáculo’ de amplíssimo alcance.” Episódios como a invasão pela polícia paulista do território conhecido como “Cracolândia” com o escopo de reprimir o tráfico e o consumo de drogas, bem como a remoção violenta dos moradores de bairros populares nos grandes centros do país – a exemplo do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos – SP tornaram-se, segundo Cantarino (2012, p. 6), “emblemas de um momento político de retomada da criminalização das favelas e periferias pela opinião pública, em que a violência policial, mesmo que ilegal (por conter excessos, abusos e violação de direitos humanos) conta com legitimação social.” Isso porque “o aumento da repressão estaria relacionado a uma intensificação dos estereótipos e estigmas em torno da pobreza e da exclusão, que fazem com que a violência por parte do Estado (da polícia) torne-se legítima.” Repristina-se, aqui, a mesma forma encontrada

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