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Clarice Lispector – Prosa na tarde – 17/01/2016

“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.” “Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato… Ou toca, ou não toca”. Clarice Lispector * Tchetchelnik, Ucrânia – 10 de Dezembro de 1920 d.C + Rio de Janeiro, RJ – 9 de Dezembro de 1977 d.C

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Conheça o plano do Google para acabar com as senhas

Um dos próximos objetivos da Alphabet, empresa mãe do Google, é acabar com as senhas utilizadas atualmente que, apesar de exigirem caracteres alfanuméricos, ainda não são totalmente seguras. Com esse objetivo, a empresa criou o projeto Abacus, que propõe substituir as palavras-chave por leituras biométricas diferenciadas. De acordo com a Alphabet, o Abacus trabalha com uma pontuação cumulativa de confiança. O celular monitora continuamente o usuário e se torna capaz de reconhecer alguns padrões de localização, fala, tipo de caminhada e até o rosto do dono. De acordo com o ex-googler, Chris Messina, a nova maneira de verificação é até 10 vezes mais segura do que a verificação em duas etapas. Algumas pessoas não parecem tão animadas com a novidade: “Muito legal até eu quebrar minha perna ou mão e não conseguir autenticar quaisquer serviços para obter informações de saúde”, rebateu o engenheiro da Cisco, Shawn Cooley. Privacidade Muita gente aponta ainda que para funcionar perfeitamente, o recurso teria que recolher uma série de dados do usuário. No entanto, a maior parte dessas informações já é recolhida por aplicativos como o Facebook e o WhatsApp. Via Engadget

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Janot pede a cassação do mandato de Fernando Collor

A Procuradoria-Geral da República encaminhou denúncias no ano passado ao Supremo Tribunal Federal pedindo que os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Benedito de Lira (PP-AL). Ex-presidente e senador do PTB foi denunciado pela PGR por lavagem de dinheiro e corrupção. Também foram denunciados os deputados federais Vander Loubet (PT-MS), Nelson Meurer (PP-PR) e Arthur Lira (PP-AL) percam os cargos para os quais foram eleitos caso sejam condenados na Operação Lava Jato, após o fim de uma eventual ação penal. De acordo com a reportagem, nas peças encaminhadas à Corte, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede “a decretação da perda de função pública para o condenado detentor de cargo ou emprego público ou mandato eletivo, principalmente por ter agido com violação de seus deveres para com o Poder Público e a sociedade”. O Estadão destaca que o requerimento tem como base o artigo 92 do Código Penal, que prevê a sanção quando penas por crimes como abuso de poder ou contra a administração pública for igual ou superior a um ano e maior que quatro anos nos demais casos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A denúncia contra Collor – sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro – foi oferecida em agosto do ano passado ao Supremo e é mantida até o momento em segredo de Justiça, mas a informação foi confirmada ao Estado. “As investigações indicam que Collor recebeu R$ 26 milhões em propina entre 2010 e 2014 por um contrato de troca de bandeira de postos de combustível assinado pela BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás, e por outros contratos da estatal com empreiteiras e que são alvo da Lava Jato”, diz o jornal. Procuradoria suspeita que Collor tenha lavado dinheiro com obras de arte A Procuradoria-Geral da República suspeita que o senador Fernando Collor (PTB-AL) tenha feito lavagem de dinheiro por meio de compra de obras de arte milionárias. Os indícios surgiram nas investigações da operação Lava Jato, após busca e apreensão em endereços de um restaurador que teria feito a mediação da venda de quadros ao parlamentar, de acordo com informações da “Folha de S.Paulo” desta quinta-feira (14). Após as denúncias de que Collor teria comprado obras de arte em espécie, os investigadores obtiveram notas fiscais que comprovam vendas de pelo menos R$ 1,5 milhão ao senador. Ao jornal, a assessoria do senador informou que o acervo é constituído em parte por herança familiar e que a denúncia de lavagem de dinheiro é “absolutamente infundada” Em julho do ano passado, durante apreensão de carros de luxo na casa de Collor, a Polícia Federal também encontrou um quadro de Di Cavalcanti. Segundo a denúncia, a obra teria sido adquirida por R$ 2 milhões. Fernando Collor já foi denunciado pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, por lavagem de dinheiro e corrupção. No ano passado, o senador polemizou na tribuna do Senado ao xingar publicamente Janot. As informações são do Estado de S. Paulo.

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A criminalização da advocacia, por quem se amedronta com o Tribunal da Mídia

Não há, para mim, ramo mais nobre do direito que a advocacia criminal. Porque nela não estão em jogo bens, rendas, impostos, contratos, querelas pessoais, familiares, questões de alta indagação constitucional.    Está em jogo, muitas vezes, aquilo que Cecília Meirelles definiu como “uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda” : a liberdade. A minha geração formou-se admirando grandes advogados criminais ou, ao menos, arrastados ao campo do Direito Penal pelas necessidades de enfrentar o autoritarismo. Sobral Pinto, Heleno Fragoso, Evandro Lins e Silva, para ficar apenas naqueles que estão na história como marcos da democracia. Tirante os apresentadores de programas policiais, ninguém questionava a honra destes profissionais pelos crimes que seus representados tinham – ou não – cometido. Esta história de “advogado de bandido” é própria de meganhas de palitos nos dentes e cordão de ouro brilhando sobre a camisa desabotoada.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Há, claro, advogados bandidos, como há médicos bandidos, jornalistas bandidos e até padres bandidos, como volta e meia se descobre um abusador de batina. Mas advogar, mesmo para possíveis criminosos, é uma arte nobre e é natural que estes profissionais vivam disto, como um médico vive dos pacientes e um engenheiro dos contratantes da obra. O que jamais impediu que muitos, muitas vezes advogassem de graça, curassem de graça ou projetassem de graça, como é belo exemplo o Niemeyer. Que o Ministério Público saltasse protestando contra a carta dos advogados também é compreensível: é o perseguidor, sua função, rebatendo quem defende o perseguido. Embora tenham fugido de abordar os questionamentos concretos dos advogados – a vinculação da prisão preventiva à concordância de tornarem-se delatores – é o que podia sair da cabeça de uma “força tarefa de Deus”, que baixou à Terra com suas inabaláveis verdades. Mais ainda porque contam, neste caso, com um juiz que só a eles dá ouvidos, diante do qual os advogados de defesa cumprem um papel protocolar e são uma chateação que tem de ser suportada até  que cumpram-se as formalidades da condenação. Mas foi deplorável ver o presidente da Associação dos Magistrados do Brasil, João Ricardo dos Santos Costa, dizer que as posições dos advogados refletem os seus “interesses particulares” como contratados – alguns deles – para defendê-los. Ou que diga que estão “atacando e tentando desqualificar o Poder Judiciário”. Atacar  decisões e atos do Ministério Público ou de integrantes do Judiciário é um dever do advogado, Excelência. E juiz não ficar ofendido pessoalmente com isso é condição básica do exercício de sua função, embora recentemente tenhamos passado a ver com Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes – e, agora, com alguns ensaios de Dias Toffoli –  o “chilique judicial” chegar à mais alta corte nacional. Não compreender isso é não compreender o papel – constitucional, inclusive – da advocacia. Tão grave quanto isso foi e é a ausência da Ordem dos Advogados do Brasil, que parece também estar vivendo um progressivo convencimento de que o advogado é algo como um “despachante judicial”. Contraditório, porque a Ordem comemora a nova lei que garante ao advogado o conhecimento de todos os elementos do inquérito, sob pena de nulidade absoluta de todos os elementos investigatórios e probatórios a que se negue acesso – o que, qualquer um sabe, foi o que menos ocorreu na Operação Lava Jato. Mais de uma centena dos mais conhecidos advogados do país faz um pronunciamento grave como o que fez e a Ordem “desaparece” em sua omissão? Talvez a associação de magistrados tenha reclamado e a OAB silenciado justamente por algo que é mencionado na carta, o eixo em torno do qual se desenvolvem os abusos na Operação Lava Jato e que, sem este fator, certamente teriam tido remédio nas decisões dos tribunais superiores, com o sistema de freios e contrapesos da Justiça funcionando. É o trecho que diz que “ a atuação do Poder Judiciário não pode ser influenciada pela publicidade opressiva que tem sido lançada em desfavor dos acusados e que lhes retira, como consequência, o direito a um julgamento justo e imparcial – direito inalienável de todo e qualquer cidadão e base fundamental da democracia.”. Mas a “publicidade opressiva” é a mídia de partido único e seu poder incontrastável que, até mais rápida e impiedosamente que o Dr. Sérgio Moro, acusa, julga e condena neste país, agora sem possibilidade até de recurso aos tribunais que a admitiram como instância suprema de julgamento, inapelável. Fernando Brito/Tijolaço

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Rainha da Jordânia responde a charge de Charlie Hebdo sobre Aylan

Desenho sugere que menino sírio poderia ser ‘médico, professor, pai’. Charge de revista causou polêmica ao citar criança e caso de assédio. Desenho publicado pela rainha Rania, da Jordânia, questiona o que o menino sírio Aylan poderia ser quando crescesse (Foto: Reprodução/Facebook/Queen Rania) A rainha da Jordânia respondeu com um desenho alternativo a uma caricatura do jornal satírico francês Charlie Hebdo sobre o pequeno Aylan Kurdi, um menino sírio afogado numa praia turca e cuja foto, representação explícita do drama dos refugiados, comoveu o mundo. saiba mais Charge do Charlie Hebdo sobre garoto sírio afogado causa revolta No último número do Charlie Hebdo, o diretor da revista, Riss, assina uma charge em que um homem aparece assediando uma mulher. O desenho é acompanhado da seguinte legenda: “Migrantes: no que teria se transformado o pequeno Aylan se tivesse crescido?”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O próprio Riss responde, com a legenda “Apalpador de bundas na Alemanha” (tradução livre de “Tripoteur de fesses en Allemagne”), em referência às agressões sexuais registradas neste país na noite de Ano Novo. Segundo as denúncias, a maioria dos suspeitos seria de refugiados. Em suas contas do Facebook e do Twitter, a rainha Rânia da Jordânia publicou um desenho do caricaturista jordaniano Osama Hajjaj, que dá uma visão alternativa: ao lado do pequeno afogado, uma menino mais velho usando uma mochila escolar e depois, um médico. A charge foi publicada em árabe, inglês e francês com a mesma pergunta inicial da caricatura do jornal francês: “No que teria se transformado o pequeno Aylan se tivesse crescido?” A rainha respondeu: “Aylan poderia ter sido médico, professor ou pai carinhoso”. O desenho do jornal Charlie Hebdo gerou fortes críticas nas redes sociais. Questionada pela AFP na quinta-feira sobre a controvérsia, a publicação não quis se pronunciar. Da France Presse

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‘Geração Wattpad’: Os autores que saltaram das redes sociais literárias às grandes editoras

A ilustradora de livros infanto-juvenis Bruna Brito, de 37 anos, perdeu a conta de quantos “nãos” ouviu de editores brasileiros. As escritoras Lilian Carmine, Camila Moreira e Nana Pauvolih, reveladas na internet – Image copyright Fotos Divulgação Com uma gaveta cheia de originais recusados, resolveu, em fevereiro de 2010, adotar um pseudônimo, escrever em inglês e seguir um caminho diferente do habitual: postar o primeiro capítulo de Lost Boys (“Garotos Perdidos”, em tradução literal) na Wattpad, uma rede social de literatura. A estratégia deu certo. Dois anos depois, seu romance de estreia atingiria a marca de 34 milhões de visualizações.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Quando totalizei 1 milhão de leituras, tive a certeza de que a minha história tinha potencial para ser publicada de verdade”, recorda Bruna Brito, ou melhor Lilian Carmine – o pseudônimo autoral que ela usa –, que diz ter aprendido a escrever em inglês lendo os livros de Terry Pratchett e os quadrinhos de Neil Gaiman. Pouco depois, Lilian Carmine recebeu uma ligação de Londres. Do outro lado da linha, Gillian Green, diretora de ficção da Random House, a convidava para lançar o livro em papel. No Brasil, Lost Boys saiu pela editora LeYa e teve tiragem inicial de 50 mil exemplares. “O fato de o livro ter sido aparentemente escrito por uma autora estrangeira não é um fator definitivo. O que ajuda nas vendas é termos uma boa história”, afirma Tainã Bispo, editora da LeYa. “Lost Boys”, de Lilian Carmine, acabou publicado pela Leya. Image copyright Divulgação Ainda neste ano, Lilian lança seu mais novo trabalho, Bad Luck (“Má sorte”, em tradução livre), que mistura um garoto cigano, um gato negro e uma garota apaixonada por livros. “Não aconselho ninguém a escrever para ficar rico ou virar celebridade. O importante é escrever porque ama escrever ou porque a literatura faz de você uma pessoa feliz”, afirma. ‘YouTube dos escritores’ Lilian integra a seleta lista de autores revelados por plataformas virtuais de autopublicação, como a americana Amazon, a chinesa Cloudary e a polonesa Booklines. De todas, a mais popular é a canadense Wattpad, que já contabiliza 40 milhões de usuários – 800 mil deles brasileiros. A startup, fundada em 2006 pelos amigos Allen Lau e Ivan Yuen, contabiliza 175 milhões de histórias – 5,3 milhões em português –, disponíveis em 50 idiomas. “Mais do que uma plataforma de autopublicação, somos uma comunidade virtual de leitores e escritores. Os editores podem não apenas descobrir novos talentos, como divulgar títulos futuros, compartilhar conteúdos exclusivos e promover concursos literários”, diz Ashleigh Gardner, diretora de conteúdo da empresa. Ana Lima, diretora-executiva do selo Galera, da Record, afirma que as redes sociais literárias se tornaram uma ótima fonte de prospecção de futuros best-sellers. Como o britânico Taran Matharu, de 26 anos. Dele, o selo já lançou O Aprendiz, o primeiro livro da série Conjurador. “Ajuda saber que 6 milhões de leitores gostaram do livro dele e acompanharam sua publicação no Wattpad. É uma chancela, mas, não uma garantia de sucesso”, pondera. A escritora Mila Wander alcançou grande êxito virtual em um curto espaço de tempo – Image copyright Divulgação Márcia Pereira, editora de ficção da Planeta, cita o exemplo da pedagoga pernambucana Mila Wander, de 26 anos, contratada após ter 4 milhões de visualizações em dois meses. “A audiência das redes sociais é uma informação relevante a ser considerada quando avaliamos uma obra. Afinal, publicar livros é um negócio e, como tal, precisa ter sucesso”, afirma. Filão romântico-erótico Um dos casos mais curiosos (e bem-sucedidos) de jovem talento que migrou das redes sociais para as grandes editoras é Anna Todd. Um ano e quatro meses depois de postar o primeiro capítulo de After (“Depois”, em tradução literal) na Wattpad, essa americana de 25 anos já tinha alcançado a marca de 1 bilhão de visualizações. Em pouco tempo, teve seu passe comprado pela Simon & Schuster, que teria desembolsado valor em torno de seis dígitos para transformar os quatro volumes do romance em livro físico. Por aqui, After foi lançada pelo selo Paralela, da Companhia das Letras. “Ser escritora era um sonho que eu mesma não sabia que tinha até postar o primeiro capítulo”, recorda Anna, ex-garçonete do Texas que digitava a história entre um pedido e outro. “No começo, escrevia só para me divertir mesmo!” No Brasil, o primeiro selo a lançar uma autora nacional autopublicada foi a Suma de Letras, da Objetiva. Falta de familiaridade de leitores com e-books pode explicar sucesso também de livros impressos – Image copyright Thinkstock O Amor Não Tem Leis, da mato-grossense Camila Moreira, de 2 anos7, chegou às livrarias em agosto de 2014. A estudante de Direito começou a postar o romance em novembro de 2013, após sofrer uma desilusão amorosa. Com apenas três capítulos postados, alcançou 20 mil visualizações. “Essa boa receptividade só comprova o quanto o mercado estava carente de histórias romântico-eróticas”, analisa Roberta Pantoja, responsável pelo Marketing Digital dos e-books da Objetiva. Mas o que leva o leitor a comprar a versão impressa de uma história que já leu na web? “Nem todo mundo se familiarizou com a leitura de e-books”, arrisca Mila Wander, autora de O Safado do 105 e Diário de Uma Cúmplice. “Tenho fãs que simplesmente não curtem livros digitais.” Mudando o ato de escrever A ideia de fundar uma plataforma de produção e compartilhamento literário também chegou ao Brasil. Em junho de 2012, três amigos de Campinas (SP) – Flávio Aguiar, André Campelo e Joseph Henri Bregeiro – fundaram a Widbook. A companhia já abriu escritório na Califórnia, atingiu a marca de 250 mil membros e publicou 8 mil livros. Outros 45 mil estão no forno. A Widbook oferece um serviço que permite ao usuário conhecer melhor o perfil de seu público. “Por R$ 7,99 mensais, o escritor fica sabendo quanto tempo o leitor permaneceu em cada capítulo, quais os fãs mais assíduos e em que trecho da obra abandonou a leitura”, detalha. Com essas e outras informações, pode alterar o rumo da trama, mudar perfil de personagens e deletar tramas paralelas.

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