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Karmelo C. Iribarren – Versos na tarde – 10/09/2015

Os dias normais Karmelo C. Iribarren¹ Chegam e vão-se sem deixar rasto, e tu ficas a vê-los a afastarem-se sobre os telhados – e com eles, os anos – e apenas sentes nada ou sentes algo, vago, que não sabes decifrar. São os dias normais, os de sempre, os que parece que passam à distância, os assassinos do amor. ¹Karmelo C. Iribarren *San Sebastian, Espanha – 19 de setembro de 1959 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Fotojornalismo e o poder da imagem

A foto do menino Aylan e o poder das imagens. Registro da criança síria morta numa praia turca provocou reações intensas nas mídias sociais e influenciou o debate político. Mas por que algumas fotografias nos tocam mais que outras e acabam entrando para história? O tabloide Bild, jornal de maior circulação na Alemanha, dispensou o uso de imagens em uma edição pela primeira vez em sua história. “Dessa forma, queremos mostrar como as fotos são importantes no jornalismo”, afirmou a redação do diário. Mas nem todas as fotos são iguais: há imagens que ficam guardadas na memória. E há outras, por mais fortes que sejam, que não tocam tanto o espectador e desaparecem rapidamente de sua mente. Mas o que transforma uma foto num ícone? Como a fotografia consegue captar não apenas um momento, mas é capaz de eternizar o zeitgeist ou contextos complexos numa única imagem? As imagens de Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos de idade que morreu afogado no Mediterrâneo e foi encontrado na costa turca, provocaram reações e emoções intensas nas mídias sociais. O debate político em torno da política de refugiados da Europa mudou após a publicação da fotografia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Personificação de catástrofes O historiador da arte e curador Felix Hoffmann acredita na força das imagens. Para ele, fotos podem influenciar e mudar o pensamento e a ação. Mas somente se elas perdurarem por determinado tempo e se fixarem nas mentes das pessoas. Na galeria de arte c/o Berlim, ele pesquisou as fotos apocalípticas do 11 de Setembro e se ocupou da questão de por que algumas dessas imagens permanecem em nossa memória. Segundo Hoffmann, a fotografia possui a capacidade de personificar catástrofes, de lhes dar um rosto. Sem tais imagens, muitas pessoas não poderiam compreender a dimensão da guerra e de catástrofes. “As fotos de Aylan Kurdi são um bom exemplo da força das imagens”, explica. “A Europa se encontra agora num momento de extrema gravidade. Agora resta a pergunta de quanto tempo essa foto permanecerá na mídia.” Hoffmann, que também é pai, afirmou ter ficado “emocionalmente chocado” com a imagem do menino de três anos, encontrado morto na praia de Bodrum. Segundo o historiador, a onda de refugiados, que se vê diariamente na mídia, ganha assim um história pessoal. Além disso, muitas pessoas acabaram se identificando com a imagem e disseram: “Poderia ser meu filho.” Mais forte que a TV Historiadores como ele, diz Hoffmann, foram treinados para investigar os mecanismos de ação das imagens. O especialista explica que o fotojornalista francês Henri Cartier-Bresson já chamava a sua profissão de “negócio com o momento decisivo”. “Fotografar significa levar cabeça, olho e coração para a mesma linha de visão”, afirma o jornalista e cofundador da agência de fotografia Magnum. Cartien-Bresson também trabalhou em zonas de guerra e fez história com suas fotos. Mas através da cobertura ao vivo, a relação entre o espectador e o jornalista mudou, diz Hoffmann. Ele recorda os Jogos Olímpicos de Munique em 1972, que foram ofuscados pelo assassinato de atletas israelenses tomados como reféns. “Pela primeira vez na história, os espectadores puderam assistir ao vivo a um atentado na TV”, lembra. O terrorismo adentrou, por assim dizer, as salas de estar da população, explica o historiador. Mas, apesar da cobertura ao vivo ininterrupta e do burburinho permanente nas redes sociais, a foto continua o meio de comunicação mais intenso para captar uma tragédia, afirma Hoffmann. Diante da enxurrada de informações, também depende da qualidade da imagem, ressalta. Empatia pelo fotografado Ninguém pendurou em suas paredes de sua sala de estar imagens de catástrofes ou tragédias humanas, como o assassinato de John F. Kennedy, em 1963, ou a menina de nove anos Kim Phùc, no Vietnã, fotografada nua com queimaduras graves na pele, enquanto fugia do ataque de bombas napalm em 1972. Mesmo assim, tais imagens se tornaram ícones. Elas formam a decoração da narrativa de nossa era, explica o historiador, acrescentando que ninguém pode se lembrar com exatidão de quando viram tais imagens, mas elas se tornaram parte de uma memória visual coletiva – ao menos no Ocidente. “Isso está bastante ligado à forma como lidamos com histórias e fotos. Você pode observar por toda parte o poder que as imagens podem ter”, continua Hoffmann. Segundo ele, algumas vezes, sentimos empatia somente quando entramos numa espécie de relação amorosa ambivalente com uma fotografia, mesmo no caso da morte de alguém. Na avalanche de imagens de sofrimento, dor ou paixão, tornam-se ícones somente aquelas que provocam em nós um sentimento de dó, também por estarem mostrando a realidade dos acontecimentos. DW

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Brasil alcança meta da ONU de redução da mortalidade infantil entre 1990 e 2015

País reduziu 73% da mortalidade e é um dos 62 que conseguiram atingir Objetivo do Milênio; em todo o mundo, mortalidade infantil caiu 53% nos últimos 25 anos. Criança é vacinada contra poliomelite em Curitiba, em agosto de 2015 Foto Cesar Brustolin / SMCS O Brasil é um dos 62 países que conseguiram alcançar o Objetivo do Milênio da ONU do corte de dois terços nos índices de mortalidade infantil entre 1990 e 2015. Das 61 mortes registradas a cada 1.000 nascimentos em 1991, o país chegou a 16 a cada 1.000 esse ano, uma redução de 73%. Os dados são do relatório Levels and Trends in Child Mortality 2015 (Níveis e Tendências em Mortalidade Infantil), divulgado nesta terça-feira (09/09) por Unicef, Organização Mundial de Saúde (OMS), Banco Mundial e o Departamento da ONU para Questões Econômicas e Sociais (Undesa).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Leia também: Brasil atingiu meta do milênio em redução de pobreza e fome, diz ONU Mais de 2 mil crianças sofreram intoxicação por agrotóxicos no Brasil nos últimos sete anos Alunos são orientados a levar água de casa e ‘segurar xixi’ em escolas afetadas pela crise de abastecimento em SP No entanto, o relatório destaca também as desigualdades dentro do país, que tem mais de mil municípios (de um total de cerca de 5.500) com menos de 5 mortes a cada 1.000 nascimentos, enquanto em 32 municípios este índice passa de 80. Além disso, crianças indígenas brasileiras têm duas vezes mais probabilidade de morrer antes de completar um ano de idade do que suas compatriotas de outras etnias. Em todo o mundo, a mortalidade entre crianças com menos de cinco anos de idade caiu pela metade desde 1990. No entanto, a meta global estabelecida pela ONU de chegar ao fim de 2015 com apenas um terço do número de mortes entre crianças registrado em 1990 não será alcançada. A queda nos indicadores nos últimos 25 anos foi de 53%, dos 12,7 milhões de mortes em 1990 para estimadas 5,9 milhões de mortes até o fim desse ano. Isso significa que 16 mil crianças morrerão em 2015 antes de completar cinco anos de idade, estima o relatório. Entre as mortes, 45% são de bebês com menos de 28 dias de idade. Eles tendem a perecer devido a complicações pós-parto, infecções generalizadas, prematuridade, pneumonia, diarreia e malária. Quase metade dessas mortes são de bebês com quadro de desnutrição. Projeto de estudantes de letras dá aulas de português para refugiados em SP Pesquisa recupera arquivo do Clamor, comitê que denunciou crimes das ditaduras sul-americanas Mais de 2 mil crianças e adolescentes sofreram intoxicação por agrotóxicos no Brasil nos últimos sete anos Geeta Rao Gupta, vice-diretora-executiva da Unicef, reconhece o “tremendo progresso global” na questão, mas destaca que os avanços seguem lentos. “O número grande demais de crianças que ainda morrem devido a doenças evitáveis antes de completar cinco anos de idade – ou até em seu primeiro mês de vida – deve nos motivar a redobrar nossos esforços”, afirmou Gupta ao jornal britânico The Guardian. Metade de todas as mortes de crianças até os cinco anos de idade no mundo ocorre na África Subsaariana, onde uma em cada 12 crianças morre antes de completar cinco anos. Um terço do total de mortes acontece no Sudeste Asiático. “Sabemos como prevenir as mortes desnecessárias de recém-nascidos. A assistência de saúde de qualidade, que consiste em passos simples e acessíveis como garantir o contato corporal imediato, a exclusividade da amamentação e o cuidado extra de bebês pequenos e doentes, pode salvar milhares de vidas todos os dias”, disse Flavia Bustreo, diretora-geral assistente da OMS. Entre os países que também alcançaram o Objetivo do Milênio da ONU estão Eritreia, Etiópia, Libéria, Madagascar, Malaui, Moçambique, Níger, Ruanda, Uganda e Tanzânia. Fonte:ÓperaMundi

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Filme chinês traz trama sobre paranoia e vigilância em tempos de modernidade

“Rua Secreta” é o longa-metragem de estreia da diretora Vivian Qu e está em cartaz em São Paulo; desfecho do filme faz lembrar o de clássico de Coppola. Protagonista do filme, Qiuming trabalha como freelancer em uma agência de cartografia em Nanjing Entre as muitas contradições do chamado “capitalismo de Estado” adotado pela China, está o fato de o país asiático – que investe cada vez mais em alta tecnologia – censurar diversas páginas da internet. Esta característica acentua no local uma discussão que é hoje global: em tempos de redes sociais e aplicativos com geolocalização, como definir os limites entre a praticidade fornecida por estes serviços e a invasão de privacidade muitas vezes resultante deles? Tal questão é um dos cernes do filme chinês Rua Secreta, que entrou em cartaz em São Paulo na última quinta-feira (03/09).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] No longa-metragem de estreia da diretora Vivian Qu, o jovem Qiuming (Lu Yulai) trabalha comotrainee em uma empresa de cartografia digital da cidade de Nanjing. Durante uma de suas jornadas, ele descobre uma rua sem saída que não está documentada nos mapas do município e que desaparece até mesmo do mapa que ele acabara de atualizar. Com vontade de entender este mistério, e também atraído por uma mulher que cruza seu caminho, o protagonista passa a rondar o local em busca de respostas. A primeira metade do filme é usada para pontuar algumas de suas preocupações. A presença temática da vigilância e do voyeurismo de nossos tempos pode ser vista na cena inaugural, quando o equipamento cartográfico utilizado por Qiuming ganha função de câmera e é usado pelo protagonista para seguir os passos de Lifen (He Wenchao), a moça com quem ele virá a se relacionar; já a revelação de um segundo emprego do protagonista, como instalador de câmeras ilegais, surge como prenúncio irônico a respeito do desenrolar da narrativa. O grande mérito desta parte do trabalho é o de conseguir conduzir a atenção do espectador para as inquietações do protagonista, ao mesmo tempo em que faz observações precisas sobre problemas chineses. Em uma das cenas, por exemplo, os cartógrafos são perseguidos ao serem confundidos com funcionários de uma empreiteira que quer colocar fim a uma ocupação habitacional. Entretanto, quando tais sutilezas dão lugar à literalidade exigida pela bem feita construção do mistério – no momento em que os responsáveis pela opressão do protagonista são nomeados -, o filme apresenta uma queda perceptível graças ao insuficiente desenvolvimento do roteiro, que trilha caminho genérico e não sustenta o seu promissor início. Ressalvas à parte, o desfecho de Rua Secreta – que faz lembrar o de A Conversação, clássico de Francis Ford Coppola – conclui um trabalho interessante sobre como o controle do indivíduo e a paranoia andam juntos em tempos de Google Maps. Veja o trailer do filme: Por:Adriano Garrett [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]  

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