Arquivo

Jack Gilbert – Versos na tarde – 31/08/2015

Algumas palavras em defesa Jack Gilbert ¹ Dor em todo o lado. Mortandade em todo o lado. Se bebés não morrem de fome algures, morrem de fome noutro lugar qualquer. Com moscas rondando-lhes as narinas. Mas nós apreciamos as nossas vidas porque Deus assim o quer. Se assim não fosse, as madrugadas de Verão não teriam sido feitas de tal beleza. O tigre de Bengala não teria sido concebido com tão miraculosa perfeição. As mulheres pobres junto à fonte riem em comunhão no intervalo entre o sofrimento por que passaram e o terror que as espera no futuro, sorrindo e dando gargalhadas enquanto alguém na aldeia está muito doente. O riso acontece todos os dias nas horrendas ruas de Calcutá, e as mulheres riem nas prisões de Bombay. Se negarmos a nossa felicidade, se resistirmos à nossa satisfação, diminuímos a importância das suas privações. Devemos arriscar a alegria. Podemos prescindir do prazer, mas não da alegria. Não da satisfação. Temos de ter a teimosia de aceitar o nosso contentamento no impiedoso forno deste mundo. Fazer da injustiça a única medida da nossa atenção é louvar o Demónio. Se a locomotiva do Senhor nos abater, devemos agradecer porque no nosso fim houve magnitude. Admitamos que haverá música apesar de tudo. Cá estamos, de novo na proa de um pequeno navio estreito, olhando para a ilha que dorme: a beira-mar são três cafés fechados e uma luz nua que ainda arde. Ouvir o débil som de remos quebrando o silêncio enquanto um barquinho sai do porto e depois regressa vale realmente a pena todos os anos de dor que estão por vir. Tradução de Andreia C. Faria ¹ Jack Gilbert * Pensilvânia, EUA – 18 de fevereiro de 1925 d.C + Califórnia, EUA – 13 de novembro de 2012 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »

Dos trabalhadores em situação análoga à escravidão, 82% são terceirizados

Dado foi apresentado nesta terça-feira (25) em congresso promovido pela Fundacentro, na Faculdade de Direito da USP; os casos mais frequentes estão nos setores de confecções e construção civil Estatísticas do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) mostram que em 82% dos casos de trabalho análogo à escravidão encontrados em 20 anos de combate ao crime, os trabalhadores eram terceirizados. Em 1995 os grupos móveis de fiscalização começaram a atuar. “Os casos mais frequentes estão no setor de confecções e da construção civil. São pessoas sem registro em carteira e principalmente sem documentos”, disse o auditor Luis Alexandre Faria, do Ministério do Trabalho e Emprego em São Paulo. O dado foi apresentado nesta terça-feira (25), quando foram discutidas a regulamentação da terceirização e as estratégias sindicais para as melhorias das condições de trabalho durante o 3º Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde. O evento, promovido pela Fundacentro na Faculdade de Direito da USP, termina sexta-feira (28).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Desde 1995, quando foram criados os grupos móveis de fiscalização, mais de 49 mil pessoas foram resgatadas de fazendas de gado, soja, algodão, frutas, cana, carvoarias, canteiros de obras, oficinas de costura, entre outros. Nesse período, o trabalho escravo contemporâneo deixou de ser visto como algo restrito a regiões de fronteira agropecuária, como a Amazônia, o cerrado e o Pantanal e, paulatinamente, passou a ser fiscalizado também nos grandes centros urbanos. O combate à terceirização e ao PLC 30/2015, que tramita no Senado para regulamentação da prática, esteve no centro do debate. A secretária de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa, reafirmou o caráter nefasto do PL na “pauta precarizante”, cujos malefícios incluem a rotatividade e mais acidentes. “Os patrões nos acusam de não entender a realidade, de ser contra a modernidade. E não há nada de moderno na proposta que remonta os tempos de escravidão, tão antiga quanto o advento do capitalismo, reduzindo direitos, conquistas.” Graça criticou ainda a PEC 18/2011, que reduz a idade mínima para o trabalho de 16 anos para 14. “Ao reduzir a idade para trabalhar, estimula um círculo vicioso de miséria, com jovens que vão deixar de estudar e entrarão precocemente no mercado de trabalho.” Pejotização O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, destacou a perversidade da terceirização, que transforma milhões de pessoas, que já tiveram direitos, em pessoas jurídicas (PJs), e empurra outros milhões para contratos terceirizados. “Dizem que somos contra os terceirizados e que não queremos que eles tenham direitos – um acinte. Muita gente esta à margem da lei, consequência da terceirização.” Bancário, Índio destacou que a discriminação afeta gravemente a autoestima do trabalhador. “Já vi vigilante comendo sua marmita no banheiro, sentado na latrina, porque não se sentia à vontade para se sentar no refeitório.” O dirigente aproveitou para criticar a Agenda Brasil, proposta pelo governo. “A agenda é para esfolar o trabalhador. Nos não podemos aceitar essa agenda, que é tão golpista como os manifestantes que vão às ruas pedir o impeachment da presidenta. Precisamos defender os poucos avanços que tivemos.” Índio entende que no momento atual o grande capital impõe mais exploração para aumentar seus lucros, num ataque às convenções coletivas, à CLT, a princípios constitucionais de valorização do trabalhador e normas internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “É um processo mais que de terceirização, mas de precarização.” Greve solidária O conselheiro da Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (Abrat) Luís Carlos Moro defendeu a greve solidária. Para ele, as categorias profissionais devem ampliar sua atuação também na defesa de interesses de categorias próximas. “Greve é direito. Mas não basta o bancário defender apenas a sua categoria, porque vivemos uma luta institucional de classes. As estratégias sindicais devem se voltar para os trabalhadores com categorias vizinhas. Isso tem de ser estratégia do movimento sindical. O direito de greve por solidariedade. Vamos fazer essa estratégia”, disse Moro. Para o advogado, os trabalhadores devem se unir para combater a ameaça da regulamentação da terceirização, “patrocinada por um Congresso afinado com os interesses das grandes empresas que patrocinam suas campanhas, e não com o interesse do povo brasileiro”. “O PLC 30 é reflexo dessa dissociação”, disse. Por Cida de Oliveira, na RBA

Leia mais »

Três motivos para o criador do Facebook rir à toa – e um para se preocupar

Em 2004, um universitário americano de 20 anos, ainda desconhecido do público, foi chamado para participar de uma entrevista em uma grande emissora dos Estados Unidos para explicar um site que havia lançado alguns meses antes. Mark Zuckerberg passou de desconhecido a um dos mais jovens bilionários do mundo em 11 anos – Image copyrightAFP “O que é o Facebook exatamente?”, perguntou uma jornalista a ele. Hoje, pouco mais de uma década depois, esta pergunta não faz mais qualquer sentido – assim como chamar Mark Zuckerberg de um universitário desconhecido. Neste período, o Facebook se tornou a rede social mais popular do planeta, presente em centenas de países, e um dos sites mais acessados na internet como um todo. A empresa não só cresceu por conta própria como também comprou outras menores, como o serviço de mensagens WhatsApp e a rede social Instagram, e tornou-se uma corporação bilionária. Mark Zuckerberg tornou-se um empreendedor bilionário de sucesso, o equivalente ao Bill Gates ou Steve Jobs de sua geração, e uma das vozes mais influentes do mundo. Leia mais: Facebook desenvolve ferramenta que pode te reconhecer mesmo sem mostrar o rosto Este feito bastaria para que ele tivesse um sorriso estampado em seu rosto todos os dias, mas, no último mês, o Facebook atingiu marcos importantes na sua autodeclarada missão de “conectar o mundo”. No entanto, mesmo diante destas boas novas, as ações da companhia perderam valor, um sinal de alerta enviado por analistas de mercado e investidores. Veja a seguir três motivos pelos quais Zuckerberg está rindo à toa e um para se preocupar: ____________________________________________________________________ Metade dos internautas do mundo usam o Facebook todo mês Image copyrightGetty Images Em julho, a rede social anunciou que o número de pessoas que a usa pelo menos uma vez por mês cresceu 13% de abril a junho, para 1,49 bilhão de pessoas. Isso equivale a metade dos 3 bilhões de internautas estimados em todo o mundo. Junto a este aumento no número de usuários mensais veio um crescimento da receita de 39% neste trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, para US$ 4,04 (R$ 14,2 bilhões). Leia mais: Um ano após o desafio do balde gelo, o que aconteceu? ____________________________________________________________________ Uma em cada sete pessoas do planeta acessaram o Facebook em apenas um dia Image copyrightReuters Na última segunda-feira, o Facebook atingiu um outro marco importante: pela primeira vez, 1 bilhão de pessoas o acessaram em um único dia. Na prática, isso significa que uma em cada sete habitantes do planeta entrou no site num período de 24 horas. Este número dá uma noção do crescimento acelerado do Facebook nos últimos anos, pois há pouco tempo, em 2012, a empresa celebrava a marca de 1 bilhão de usuários por mês. Leia mais: Polícia caça grupos que pregam intolerância no Facebook ____________________________________________________________________ Isso pode ser só o começo Image copyrightGetty Images Ao anunciar a marca de 1 bilhão de usuários em um só dia, Zuckerberg disse: “Este é só o começo (de nossa missão) de conectar o mundo”. O repórter de tecnologia Dave Lee, da BBC News, concorda com ele. “É claro que, nos Estados Unidos e na Europa, está quase atingindo seu limite de crescimento, mas há muitos lugares onde ainda pode crescer, como África, a maioria da Ásia e parte da América Latina”, escreve Lee em um artigo recente. “Muito em breve, ter 1 bilhão de pessoas usando o Facebook em um dia não será algo extraordinário. Vamos olhar para este dia e rir de como insignificante este marco terá se tornado.” Leia mais: Filtro arco-íris do Facebook é criticado na Rússia e no Oriente Médio ____________________________________________________________________ Mas este crescimento tem um preço Image copyrightAFP Pouco depois do anúncio dos resultados financeiros do último trimestre, quando a empresa anunciou que metade dos internautas do mundo o usam todo mês, as ações da empresa caíram 5%. A queda em si não é expressiva, mas, segundo analistas, sinaliza uma preocupação do mercado com a estratégia da empresa. O Facebook informou que seus gastos no último trimestre aumentaram 82%, para US$ 2,8 bilhões, o que fez seu lucro cair 9%, um sinal de que o aumento de sua receita não está acompanhando o ritmo de crescimento dos gastos. Segundo Zuckerberg, isto reflete os “investimentos e melhorias” promovidos pela rede social, como um novo data center aberto para evitar que o site fique fora do ar e novas formas das pessoas se conectarem a ele. Mas ficou claro que a forte expansão do Facebook tem um alto preço, e isso deixa seus investidores ligeiramente preocupados em relação ao futuro da empresa. Leia mais: Facebook constrói drone que viabiliza acesso à internet em locais remotos BBC

Leia mais »