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Lêdo Ivo – Versos na tarde – 13/08/2015

Soneto Puro Lêdo Ivo¹ Fique o amor onde está; seu movimento nas equações marítimas se inspire para que, feito o mar, não se retire das verdes áreas de seu vão lamento. Seja o amor como a vaga ao vago intento de ser colhida em mãos; nela se mire e, fiel ao seu fulcro, não admire as enganosas rotações do vento. Como o centro de tudo, não se afaste da razão de si mesmo, e se contente em luzir para o lume que o ensolara. Seja o amor como o tempo — não se gaste e, se gasto, renasça, noite clara que acolhe a treva, e é clara novamente ¹Lêdo Ivo * Maceió, AL – 18 de Fevereiro de 1924 d.C + Sevilha, Espanha – 23 de dezembro de 2012 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Afagando cérebro – a oposição e o imponderável

Talvez influenciado pelo fato de estar sendo entrevistado por uma publicação estrangeira – em certos países e organismos multilaterais se conhece bem os avanços alcançados pelo Brasil nos últimos anos – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, para a revista alemã Kapital, na semana passada, que a presidente Dilma Rousseff é “honrada”, e que o ex-presidente Lula é um líder “popular” cuja prisão, caso viesse a acontecer, poderia dividir o país. Foi o que bastou para que fosse imediatamente execrado pela parcela da opinião pública que ocupa, destilando bílis, os sites e portais mais reacionários – para dizer o mínimo – da internet brasileira. O que importa, não é saber – embora torçamos para que isso tenha ocorrido – se FHC foi sincero em suas considerações sobre a presidente Dilma, e, sim, prestar atenção à verdadeira avalanche de estupidez que suscitaram suas palavras. “Doido”, “senil”, “demente”, “gagá”, “caduco”, “bipolar” – odioso, preconceituoso e covarde, o fascismo despreza e confunde a idade com fraqueza e costuma ser particularmente impiedoso com os mais velhos, as mulheres e as crianças – “doente de Alzheimer”, e o já tradicional apelo do “morre de uma vez” foram alguns dos epítetos lançados pela malta nos grandes portais da internet, contra o ex-presidente da República.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Outros o acusaram de “pateta”, “traidor”, “idiota”, “maconheiro”, “THC”- lembrando sua defesa da descriminalização da Cannabis – e de “cara de pau”, “sem-vergonha”, e ladrão – acusando-o de estar “roubando também”, ou de já ter se encontrado secretamente com Lula para conchavos. E os mais “espertos”, a serviço da nefasta “via alternativa”, que espreita, como hiena, nos meandros da história, os países que se rendem aos que fomentam o caos e a cizânia, preferiram, como sempre, aproveitar a oportunidade para intensificar os ataques contra a democracia – “político é tudo lixo”, “farinha do mesmo saco”; defender a violência: “é preciso amarrar a boca do saco”, “matar todo mundo a paulada” e “jogar o saco no rio”; e propagar a teoria – esse é “esquerda caviar”, “comunista enrustido” – da conspiração, segundo a qual PT e PSDB representariam, na verdade, duas faces da mesma moeda, da “tática da tesoura stalinista”, de disfarçar parte da esquerda como direita; tomariam parte da estratégia de conquista da hegemonia, por meios pacíficos e “gramscianos”, do poder, e atuariam seguindo os padrões do “marxismo cultural”, como fantasiam, e pregam certas correntes da imbecilidade neo-direitista antinacional. Tudo isso coroado pelos pedidos de instalação no país de nova ditadura – agora com caráter “policial-jurídico-militar” – e os indefectíveis slogans da campanha – que já está no ar há muito tempo – de BOLSONARO 2018 para a Presidência da República. Na página do ex-capitão do Exército, no Facebook, por exemplo – que, significativamente, já tem mais de 3 vezes o número de curtidas (1.5 milhão contra 450.000) que a página oficial de FHC, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso aparece como defensor das drogas ao lado do ex-presidente uruguaio José Mujica, em contraponto ao próprio Deputado Bolsonaro, que se destaca, convenientemente, à direita, ao lado da figura do Presidente da Indonésia – país que pune o tráfico com a pena de morte – Joko Vidodo (que é, na verdade, um fabricante e exportador de móveis) em uniforme militar. Enquanto o setor de óleo e gás – de alta tecnologia – corre o risco de desmantelamento, a indústria naval é destruída, com o fechamento de estaleiros, a indústria de defesa se desarticula, com seus principais projetos sendo ameaçados, e as maiores empresas do Brasil são arrebentadas, milhares de seus fornecedores quebram, e se pretende impor a elas multas absurdas de bilhões de reais, para que não sobre pedra sobre pedra, eliminando-se milhares de empregos, brasileiros que fazem questão de ignorar que ainda somos – apesar de tudo – a oitava economia do mundo e o terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos, e que o nosso desemprego é de um terço de países como a Espanha, comemoram em grupos como o Direitas Já, Direita Brasil, Direita Conservadora, Direita Realista, Direita Política, Tradutores de Direita, Direita Forte, Rede da Direita Nacional, Canal de Direita, Professores de Direita, Direita Atual, Direita Ocidental, Extrema Direita Nacionalista Brasileira, Linhas Direitas, Jovens de Direita, Militantes de Direita, Garotas Direitas, Sou de Direita, Extrema-Direita, Direita Unida, Direita Única, Direita Blindada, Direita Conservadora, Direita Brasil, Rua Direita, Direita Nacional Brasileira, Vem pra Direita Brasil, Skins Direitista (sic) e dezenas de outras comunidades menores, os problemas do país, torcendo, muitas vezes, abertamente, pela derrocada da Nação, a quebra do Estado de Direito e a inviabilização da economia e da governabilidade. É principalmente quado o tufão se aproxima, que é preciso escutar a voz da razão. A reação – nos dois sentidos – contra as declarações de Fernando Henrique Cardoso na internet é apenas a ponta do iceberg de um quadro claro, para o qual os setores mais influentes da sociedade brasileira ainda não acordaram – ou só estão começando – talvez tardiamente – a atentar. O PSDB corre grandes riscos se não souber corrigir o rumo de sua nau em meio à tempestade que ele mesmo ajudou a conjurar, e mesmo com o risco de perder o mandato, já existe quem esteja, como a Senadora Lúcia Vânia, de Goiás, tomando a decisão de abandonar o barco no meio do caminho, alegando não acreditar em uma “oposição movida a ódio”, e fazendo apelo a mais “equilíbrio e sensatez”, diante da gravíssima situação política que está sendo enfrentada pelo país. Ao embarcar na “direitização” da classe média, e endossar, de forma atravessada, indireta, e, eventualmente, interesseira, o discurso da exageração da crise, da criminalização dos políticos, da judicialização da política, e da repetição da irresponsável e continua multiplicação, à estratosfera, de cifras (da ordem de dezenas de bilhões de reais) em pseudo prejuízos da corrupção que não correspondem aos fatos ou às provas efetivamente, inequivocamente, colhidas até agora, o PSDB – deixando-se seduzir pela perspectiva do caos – está brincando de afagar as cabeças de Cérbero

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Projeto avalia sete ferramentas para publicação na internet

O Volt Data Lab testou sete plataformas de publicação de narrativas na Web (storytelling) , com o objetivo de ajudar os usuários o software mais adequada às suas necessidades e possibilidades. Este é o terceiro grupo de plataformas de um conjunto de cinco distribuídas segundo os seguintes critérios: 1. Visualização de Dados; 2. Extração e Tratamento de Dados; 3. Plataformas para “storytelling”; 4. Ferramentas de Mapas; 5. D3 e visualizações avançadas. Os softwares foram classificados em notas de 0 a 5 — sendo 0 a pior nota e 5 a melhor. Dar notas às coisas não é um modelo infalível, claro, mas esperamos que isso lhe ajude na escolha de suas ferramentas no dia a dia. Também há uma lista boa sobre outros recursos (para escrever, acompanhar notícias, montar blogs, cobrar por seu trabalho etc.) feita em inglês pela ReadThisThing, aqui. Se você não sabe bem como montar sua visualização, há um excelente catálogo aqui que pode ajuda-lo. Nota importante: o Volt Data Lab não é patrocinado, financiado nem possui qualquer tipo de vínculo ou apoio financeiro, institucional ou comercial com quaisquer produtos ou empresas abaixo listados. Se um dia for o caso e isso acontecer, notificaremos isso aqui e em futuras listas, e daremos sempre nossa opinião independente.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Segue a lista dos sete programas avaliados para produçã de narrativas online: Squarespace Se o WordPress é o publicador mais utilizado por aí, o Squarespace é seu irmão gêmeo menos popular, só que mais sofisticado. Ele não tem o arsenal de plugins e templates do WP, tampouco seu software é aberto. Mas o que parece uma desvantagem é na verdade o oposto. O Volt gosta do WordPress e o usamos para projetos especiais nos quais o Squarespace fica aquém (como em recursos de “interactive scrolling“)— na verdade, a primeira versão do Volt foi em WP, com host na Digital Ocean. Mas decidimos migrar para o Squarespace e não nos arrependemos. O Squarespace oferece praticamente a mesma coisa sem boa parte do aborrecimento — os templates são mais bonitos, mais facilmente customizáveis, a integração com muitos serviços, incluindo monitoramento de audiência é simples e elegante, e, pra melhorar, é o preço deles é competitivo (US$ 8/mês no plano anual de entrada). Eles também oferecem uma série de facilidades, como fácil integração com Google Apps, compra de domínio (embora um pouco mais cara do que o normal) e até mesmo uma ferramenta para criação de logotipos. Antes que você fale, ah, mas o WordPress e o Ghost são open source, gratuitos, basta eu instalar no meu servidor. Concordo. Mas um servidor bom e dedicado, como Digital Ocean ou Amazon, não sai por menos de US$ 10/mês. E, se sua audiência crescer, que é o que você quer, fica ainda mais caro porque você vai ter que comprar mais capacidade — ou você acha que aquela cacetada de plugins e templates pesados para WP (né, Theme X?) não ocupam nada de memória. Obviamente, você ter seu próprio servidor tem suas muitas vantagens. Mas isso é contornável. OVolt assina o modo “Developer“, ao custo de US$ 16/mês, e podemos usar o Squarespace comohosting, o que nos dá flexibilidade para projetos e aplicativos especiais fora de nosso template. O Squarespace passou a ficar mais conhecido por causa de seu anúncio com o ator Jeff Bridges no Super Bowl deste ano, nos EUA. Eles alegam ter milhões de assinantes.  Não é melhor nem pior que o WordPress, só é preciso ver qual se encaixa melhor nos seus projetos.   Pago — planos mensais de US$ 8, U$ 24, US$ 80 e US$ 200      Avaliado pelo Volt (4,5/5) Bëhance Produto da Adobe voltado principalmente para designers e programadores divulgarem seus projetos e portfólios. Aliás, é quase um marketplace para isso, com sua comunidade própria. Funciona também para outros tipos de projetos editoriais, embora não seja um CMS (Content Management System) convencional. Não dá para colocar seu próprio domínio nas páginas, mas com um pouquinho de conhecimento é possível “embedar” seu projeto em outra plataforma de maneira bastante fiel. Demora um pouco para pegar a manha de todos os recursos, mas as possibilidades são muitas uma vez que se aprende.    Gratuito      Avaliado pelo Volt (4/5) Medium O Medium é uma bela ferramenta. O jeito como a plataforma é apresentada e tem seu estilo (CSS) desenvolvido é de tirar o chapéu. Há infinitas combinações de layouts e é ridiculamente fácil de usar. O SEO (Search Engine Optimization) é razoável, mas a comunidade e engajamento das pessoas no Medium faz toda diferença. É por isso que o Volt o escolheu para abrigar seu blog. Mas tem um grande revés, o qual pode não fazer muita diferença pra maioria das pessoas, mas certamente é uma frustração para programadores, designers e alguns jornalistas: ele não aceita nenhum tipo de código externo (snippet). No caso do Volt, isso é um revés importante: as visualizações interativas que fazemos em nossos projetos têm que virar imagens estáticas e perdem sua força e utilidade. Outro ponto negativo: ainda não permitem você utilizar seu próprio domínio. Dizem eles que estão trabalhando nessas duas questões, e até têm cedido domínios para um clubinho de projetos, como o youpix, mas ainda não para o varejo.     Totalmente gratuito     Avaliado pelo Volt (3,5/5) Atavist O Atavist é uma plataforma elegante, de deixar com água na boca qualquer um que quer desenvolver projetos especiais de jornalismo na Internet. E não apenas jornalismo. Como um jornalista brasileiro disse recentemente no Congresso da Abraji, a plataforma dos caras é tão boa, que o que era antes uma revista digital com uma boa plataforma tornou-se uma plataforma com uma boa revista digital. Eles recentemente reformaram a marca e o site, e ficaram ainda melhores. Eu diria que o Atavist está a poucos passo do CMS perfeito. Mas ainda falta um tanto para se chegar lá. Enquanto o Squarespace e o WordPress oferecem uma plataforma com menos recursos de fácil customização, o Atavist peca em querer ser mais um produto empacotado do que um CMS. O resultado, na minha opinião,

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O potencial revolucionário da cidadania digital

A forma como interagimos com nossos governos está mudando de forma extremamente rápida, graças às possibilidades abertas pelas novas tecnologias. A cada dia aparecem mais aplicativos e plataformas que oferecem novos canais de acesso a informação e de debate sobre políticas públicas. Marisa von Bülow ¹ Doutora em ciência política e professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília. Estuda as relações entre Internet e ativismo político e movimentos sociais nas Américas. Entre esses canais (muitos dos quais já foram objeto de discussão nesta coluna), estão aqueles que dão a oportunidade de votar em propostas de políticas públicas e em projetos de lei. Por exemplo, o aplicativo DemocraciaOS criou uma maneira fácil de votar e de comparar os resultados das votações online, feitas pelos internautas, com os resultados das votações realizadas pelos nossos representantes. Inspirados na experiência do DemocraciaOS, a página Euvoto.org transformou-se em um canal para que moradores de São Paulo registrem virtualmente sua opinião sobre alguns projetos em tramitação na Câmara Municipal. Os próprios vereadores apresentam um curto vídeo com a justificativa do projeto de sua autoria, que então é submetido a uma votação dos internautas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Há duas semanas, o governo federal lançou uma nova plataforma, a “Dialoga Brasil”, na qual os internautas são convidados a apresentar propostas para melhorar o funcionamento de alguns programas em áreas tão diversas como saúde, segurança pública, educação e redução da pobreza. Nessa mesma plataforma também é possível votar em propostas feitas por outros usuários, criando assim uma espécie de banco de propostas de políticas públicas. A facilidade para participar é a marca dessas iniciativas. Basta preencher um cadastro e, em poucos cliques, acessar a informação e votar. Por exemplo, uma das propostas mais bem votadas na plataforma Dialoga Brasil é a que sugere que dados de programas federais como o Bolsa Família sejam disponibilizados. É o acesso à participação gerando mais demanda de transparência. Todas essas iniciativas são muito positivas, especialmente se vistas como complemento de um conjunto amplo de possibilidades de participação que incluem fóruns presenciais como Conselhos de políticas públicas e Conferências de políticas públicas. No entanto, a realização plena do potencial da cidadania digital esbarra em alguns obstáculos importantes. Em primeiro lugar, o mais óbvio: o problema do acesso ao mundo digital, tema já tratado anteriormente nesta coluna. Metade das residências brasileiras ainda não tem acesso à Internet. Isso significa que existe o risco dessas plataformas digitais reproduzirem a assimetria que já existe offline, ou seja, que continuem participando os que na verdade já participam. Ou que participem tão poucos que, na prática, tornam-se canais inócuos. Mas outros obstáculos também existem e talvez possam ser mais facilmente contornáveis. Por exemplo, as plataformas de votação em geral são muito limitadas em termos do que os internautas podem propor. São dadas a eles opções previamente definidas. Seria interessante, por exemplo, que a plataforma Dialoga Brasil abrisse espaço para a sugestão de outros programas e políticas públicas, indo além dos que são listados pelos administradores do site. Assim, os internautas teriam maior poder para colocar temas na agenda. Outra sugestão é incluir um espaço de apresentação de opiniões e comentários. Por exemplo, que a autora das propostas possa apresentar uma breve justificativa. Isso permitiria que os demais participantes tomassem uma decisão favorável ou contrária de forma mais consciente. Em resumo, a ideia é incluir maneiras de dar maior poder aos usuários das plataformas na decisão sobre o que é discutido e como a discussão é feita. Mas talvez o obstáculo mais importante para que se alcance o potencial dessas plataformas tenha a ver com o que acontece após a participação. Esses canais criam a expectativa de que o diálogo político está sendo ampliado, de que os cidadãos passam a ter um poder que não tinham antes. No entanto, não há nenhuma garantia de que a participação terá qualquer tipo de impacto, e o entusiasmo inicial pode rapidamente transformar-se em frustração e em apatia. Para diminuir esse risco, os administradores de plataformas de votação devem ser muito explícitos quanto ao que é possível esperar da participação. No caso de canais oficiais (como o Dialoga Brasil), talvez fosse possível adicionar alguns compromissos que sirvam de incentivo para a participação. Por exemplo, que as propostas mais votadas terão uma resposta por escrito dos gestores da área. O Partido de la Red, criado na Argentina em 2012, tem feito campanha prometendo que os representantes que eventualmente sejam eleitos seguirão o que for decidido nas votações virtuais, por meio do DemocraciaOS. Outras iniciativas similares estão sendo implementadas em vários lugares do mundo. Mas para que estas realmente representem uma transição para um tipo diferente de representação é preciso que todos os cidadãos tenham acesso (de qualidade) à Internet. Enquanto isso não acontecer, ainda estaremos longe de aproveitar o potencial revolucionário da cidadania digital. ¹ Marisa von Bülow escreve às quartas-feiras no blog do Noblat

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Os homens que estão acima da Justiça

“É uma temeridade quebrar os sigilos bancários de pessoas que têm reputação ilibada. Não existe nada que desabone a sua conduta. Eles são grandes empresários nacionais”. Foi com esse entendimento que cinco dos sete senadores (do PT, PMDB, PSDB, DEM, PP, PR e PSD) da CPI criada no Senado para apurar o escândalo envolvendo o HSBC jogaram no lixo a decisão do Supremo Tribunal Federal e voltaram atrás na decisão anterior, de quebrar o sigilo bancário de sete empresários postos acima de qualquer suspeita e fora do alcance das instituições públicas. Jacob Barata, Jacob Barata Filho, David Ferreira Barata, Rosane Ferreira Barata (que são os reis dos ônibus no Rio de Janeiro e donos de frotas em Belém), Jack Rabinovick (do grupo Vicunha), Benjamin Steinbruch e família (da privatizada Companhia Siderúrgica Nacional, CSN), mais de 8 mil brasileiros, deveriam ser investigados pela CPI. Eles são acusados de manterem contas secretas no exterior, que não foram declaradas à Receita Federal nos anos de 2006/2007 (e por isso não pagaram os impostos devidos), com valores superiores a 7 bilhões de dólares. A comprovação dos fatos, revelados por vazamento de informações feitas nos arquivos do banco, os enquadraria nos crimes de evasão de divisas e sonegação fiscal, além de lavagem de dinheiro. O STF autorizou a quebra do sigilo bancário de todos esses criminosos em potenciais. A CPI do Senado aprovou a medida. Mas logo em seguida voltou atrás. Pensando no interesse da nação? O absurdo vai ficar por isso mesmo? O caso já foi esquecido, como o escândalo da CC5, que incrementou as remessas ilegais de dinheiro para fora do Brasil? blog do Lucio Flavio Pinto [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Era o que faltava: você paga a defesa do Cunha

Aos pouquinhos, o espírito de corpo do Legislativo vai se convertendo em espírito de porco. E o anormal assume ares de doce normalidade. Não bastasse a presença de um investigado por corrupção no comando da Câmara, um pedaço da defesa de Eduardo Cunha foi espetado no bolso do contribuinte. A Câmara protocolou no STF um recurso no qual pede a anulação de provas contra Cunha recolhidas nas suas dependências em maio. Alega-se que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, violou a imunidade do Legislativo ao determinar a busca do papelório sem pedir permissão à direção da Câmara. Repetindo: a Câmara acha que, antes de mandar recolher as provas contra Eduardo, o STF deveria ter pedido autorização ao Cunha. Ou vice-versa. É algo tão apropriado quanto pedir ao rabo para morder o próprio cachorro. Ou vice-versa. Chama-se Fernando Luiz Albuquerque Faria o signatário da petição.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Trata-se do advogado-geral da União substituto. Cunha disse que não acionou a Advocacia-Geral da União. O advogado-geral Luiz Inácio Adams informou que a presidência da Câmara acionou, sim, a AGU. Pelo Twitter, Cunha se reposicionou em cena. “Como faz tanto tempo do fato, sinceramente, não tenho condições de afirmar se na época [há três meses] a Câmara solicitou algo”, escreveu o morubixaba do PMDB. “Mas, se solicitou, foi na defesa da prerrogativa da Câmara, jamais para qualquer ato que fosse utilizado para minha defesa.” Agora mesmo é que a coisa ficou clara: a direção da Câmara toma decisões como um cirurgião que recolhe num recipiente em que está escrito fígado, um coração para ser transplantado num doente que espera na fila por um novo rim. Tudo isso com você pagando a conta do hospital. Já imaginou que país maravilhoso seria o Brasil se, de repente, baixasse uma epidemia de ridículo no Congresso Nacional? Josias de Souza

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