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Augusto Frederico Schmidt – Versos na tarde – 28/04/2015

Luciana Augusto Frederico Schmidt¹ As raparigas que dançavam, Luciana, a pálida, todas Como frutos apodrecerão Porque só há um destino Com muitos caminhos, embora. Depois outras raparigas é que dançarão. Luciana passará com o seu sorriso triste, Suas mãos brancas repousarão — Porque só há um destino Com muitos caminhos, embora. Cada um conhece o seu destino: Luciana, a pálida, e as outras também, Todas as raparigas que dançavam — Cada um traz seu destino no rosto, No rosto de Luciana e das outras também. Em breve, todas as figuras mudarão: Serão outras, tudo terá passado — Os homens e as mulheres, o salão, Os móveis — nem lembrança sequer restará. Luciana terá desaparecido como a poeira da estrada Como a poeira, o tempo dispersará a fisionomia de Luciana: E — atentai bem — Luciana não se repetirá. Ninguém se repete no tempo. Cada um é diferente. Cada um existe uma vez só e não é substituído. Contemplai bem, pois, Luciana, que não se repete. ¹Augusto Frederico Schmidt * Rio de Janeiro, RJ – 18 de Abril de 1906 d.C + Rio de Janeiro, RJ – 8 de Fevereiro de 1965 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Ideias de Cunha para alterar modelo de julgamento de políticos são absurdas

Encrencado no escândalo da Petrobras, o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, encantou-se com a ideia de acabar com o chamado “foro privilegiado”. Acha que congressistas desonestos não devem ser processados no STF, mas na primeira instância do Judiciário. “Temos de tirar a impressão de que somos privilegiados. Tem que ser igual para todo mundo”, afirma. Beleza. O problema é que, no modelo idealizado por Cunha, a igualdade entre os seres humanos termina na maneira como eles são feitos. Pela proposta do morubixaba da Câmara, deputados e senadores de colarinho sujo passariam a ser julgados por magistrados de primeiro grau. Mas esses juízes não poderiam decretar prisões, ordenar batidas policiais de busca e apreensão ou autorizar escutas telefônicas contra políticos sob investigação. A decisão sobre tais providências continuaria sob a responsabilidade do Supremo. Por quê? Segundo Cunha, é para evitar a “perseguição política” de juizinhos de comarcas mequetrefes contra políticos injustiçados.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Quer dizer: adotando-se a fórmula Cunha, os corruptos livram-se da bala de prata do Supremo e caem nas mãos de juízes proibidos de exercer os poderes de que dispõem para produzir provas contra os suspeitos. Dito de outro modo: além de retardar o trabalho da Justiça, condicionando as ações dos juízes à prévia autorização do STF, os trapaceiros passariam a lançar mão de todos os infindáveis recursos judiciais que a lei faculta aos endinheirados eventualmente condenados na primeira instância. Para o pobre-diabo, os rigores da lei. Para o violador de cofres públicos, as calendas gregas. Há no STF 11 magistrados. Os juízes de primeiro grau são contados em cerca de 16 mil. Imagine o que seria dos parlamentares se acabasse o foro privilegiado e todos ficassem ao alcance de batidas policiais ou de grampos telefônicos autorizados pelos doutores da primeira instância. O Brasil dos políticos passaria a ser um país de vidro. E os desonestos talvez tivessem um pouco mais de zelo com sua digitais. Além do investigado Eduardo Cunha, pega em lanças pelo fim do “privilégio de foro” o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A exemplo de Cunha, Lira protagoniza um dos inquéritos da Lava Jato que correm no Supremo. Não é só: enquadrado na Lei Maria da Penha, foi denunciado pela Procuradoria da República noutro processo. É acusado de agredir com “tapas, chutes e pancadas” uma ex-companheira, Jullyene Cristine Santos Lins. Na sessão em que o deputado virou réu, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, leu trechos do depoimento da vítima. Reproduziu as aspas da agredida segundo a transcrição que consta dos autos: “Que Arthur apareceu entre 21h e 22h na residência da declarante, e quando esta abriu a porta, foi recebida com tapas, chutes, pancadas, foi arrastada pelos cabelos, tendo sido chutada no chão.” O ministro prosseguiu: “a declarante indefesa perguntava o porquê daquilo, dizendo a seu ex-companheiro que este não era seu dono e que não tinha razão de aquilo acontecer, até porque ambos já estavam separados há cerca de sete meses (…).” O deputado nega as acusações. No STF, ele talvez seja julgado antes da prescrição do crime. Num processo iniciado na primeira instância, com todos os recursos protelatórios que a legislação brasileira enseja, a contenda ganha a aparência de uma prescrição esperando para acontecer. Blog Josias de Souza

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Ração para midiotas

A Folha de S. Paulo, que revelou o caso, é o único dos três jornais de circulação nacional que retoma a denúncia de que o governo de São Paulo paga R$ 70 mil, mensalmente, para um blogueiro cuja única função é postar na internet e nas redes sociais mensagens contra o governo federal, seus aliados e, principalmente, o Partido dos Trabalhadores. Na edição de quarta-feira (22/4), o diário paulista complementa a história, levando o leitor a entender a relação entre a política, a mídia tradicional e ativistas do mundo digital. O roteiro é simples: o advogado Fernando Gouveia criou em janeiro de 2013 a Appendix Consultoria, como uma nova persona jurídica para atividades que já desempenhava no site Implicante.org – colocando oficialmente sua militância a serviço do governo paulista. Com essa estrutura, passou a ser remunerado com dinheiro público. Diz a Folha de S. Paulo: “O site difunde notícias, artigos, memes, vídeos e montagens contra petistas”. Ou seja, o objeto do contrato que é pago pelo governo do estado é uma fraude. No sábado (18/4), a Folha havia denunciado essa relação, demonstrando que a Appendix não fazia o que registrava o contrato, ou seja, serviços de “revisão, desenvolvimento e atualização das estruturas digitais”. Em resposta ao pedido de explicações do jornal, a subsecretaria de Comunicação do Palácio dos Bandeirantes saiu-se com uma tática que se pode qualificar como a mais básica “picaretagem”: disponibilizou 88 caixas, cada uma com centenas de papéis sobre propaganda oficial, sem indicar a localização das informações solicitadas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Provocados, os jornalistas da Folha de S. Paulo foram adiante, e agora revelam que havia muito mais do que um contrato para a produção de intrigas políticas disfarçado de serviço público: a ex-chefe de Comunicação da Secretaria da Cultura, Cristina Ikonomidis, que colocou a Appendix no governo de São Paulo em junho de 2013, se tornou oficialmente sócia da empresa. Seu marido, que até janeiro deste ano ocupava o cargo de coordenador de Imprensa da Subsecretaria de Comunicação, era um dos responsáveis por liberar pagamentos para a “consultoria”. O mapa da picaretagem Após a primeira reportagem sobre o caso, o Estado de S. Paulo reproduziu informações publicadas pela Folha, e nada mais se disse, conforme registrou este observador (ver aqui). A insistência da Folha revela algo mais, e leva o caso para cima, na hierarquia do governo paulista: uma vez que o subsecretário Marcio Aith respondeu com a molecagem de despejar as 88 caixas de papéis sobre os repórteres, cabe ao secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, a quem responde o subsecretário de Comunicação, explicar como fica a anunciada política de transparência da administração pública. O fato de a Appendix ser contratada por uma agência de propaganda que presta serviços ao estado não diminui a responsabilidade do secretário, principalmente ao se revelar que seu ingresso no núcleo de comunicação do governo se deu pela mão de uma ex-funcionária graduada, que se beneficia do dinheiro público, na condição de sócia, com o agravante dos pagamentos autorizados por seu marido. O caso é proporcionalmente mais instigante do que aquele relatório sobre uso de aplicativos na divulgação de informações e opiniões de interesse do governo federal, que custou o cargo ao ex-ministro da Comunicação Thomas Traumann no mês de março e gerou muitas páginas de notícias e opiniões. Por Luciano Martins Costa/Observatório da Imprensa A conexão direta entre alguns dos principais assessores do governador Geraldo Alckmin e um ativista que se dedica a espalhar veneno na internet, incluindo o pagamento de seu trabalho sujo com dinheiro público, ainda que terceirizado, não pode ser ignorada pela imprensa. A observação do noticiário demonstra que os diários de circulação nacional mantêm o governador de São Paulo blindado contra críticas, seja no caso da crise hídrica, seja na epidemia da dengue, seja na sequência de chacinas sem investigação, seja na perpetuação do poder do crime organizado ou na greve de professores. Portanto, é de se esperar uma ação dos jornais para circunscrever as responsabilidades na linha hierárquica abaixo do subsecretário de Comunicação, porque há pontos de interesse comum entre as duas partes. Na linha de comentários da página do Implicante.org no Facebook, leitores reagem à revelação feita pela Folha: alguns repudiam os responsáveis, pedindo também uma “boquinha” no governo paulista, outros apoiam ferozmente os ataques ao governo federal. O conjunto é um pote de ração para midiotas. Por Luciano Martins Costa/Observatório da Imprensa

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Com obras atrasadas, ‘Museu do Lula’ é alvo de investigações

Construção, paralisada há seis meses, pode custar 30% acima do previsto Museu, que deveria ter ficado pronto em 2013, está na mira de PF, MP e TCE – Agência O Globo / Michel Filho Projetado para homenagear o movimento sindical brasileiro e, como consequência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Museu do Trabalhador, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, tem a sua construção cercada de suspeitas de irregularidades. Com o prazo de conclusão estourado em mais de dois anos, a obra, bancada com 80% de recursos da União, está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP) e ainda deve custar 30% acima do previsto. VEJA TAMBÉM Há 16 anos, Lula na retaguarda de pedidos de impeachment Executivo da OAS teria financiado reforma a pedido de Lula Paralisada há seis meses, a construção, conhecida na cidade como “Museu do Lula”, é hoje um esqueleto de concreto num terreno tomado por mato e entulho, em frente à sede da prefeitura. A indicação da data de início da obra na placa oficial foi pintada. Restou apenas o prazo de nove meses para a entrega do prédio, o que deveria ter ocorrido em janeiro de 2013. — Faz tempo que não aparece ninguém aqui no museu do Lula — diz Aloisio Silva, de 49 anos, funcionário de um posto de gasolina ao lado da obra. Além das investigações, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou irregular a licitação porque o edital impunha exigências que atrapalhavam a competição.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O Ministério da Cultura estuda liberar mais R$ 3,6 milhões para o Museu do Trabalhador em São Bernardo do Campo. Pelo convênio firmado em 2010 pelo prefeito Luiz Marinho (PT), amigo de Lula, o museu receberia R$ 14,4 milhões do governo federal e contaria com mais R$ 3,6 milhões da administração local, com orçamento total de R$ 18 milhões. Porém, em 2014, Marinho concluiu que a quantia não era suficiente. Em abril, pediu e conseguiu mais R$ 600 mil da União. Com os R$ 200 mil da prefeitura que entrariam como contrapartida, o custo total do museu saltou para R$ 18,8 milhões. Quatro meses depois, Marinho reavaliou que precisava de mais dinheiro. Pediu para o ministério R$ 3,6 milhões e se comprometeu a destinar R$ 900 mil oriundos do cofre da cidade. Se o aditivo for aprovado, o custo total do museu chegará a R$ 23,4 milhões, um acréscimo de R$ 5,4 milhões em relação ao valor previsto inicialmente. Segundo o Ministério da Cultura, a prefeitura de São Bernardo paralisou a obra enquanto o pedido de aditivo está sendo analisado. A administração municipal alegou para a pasta “a necessidade de alterações do plano de trabalho em razão da complexidade da obra”. De acordo com o ministério, “estão sendo readequadas a estrutura predial, instalações hidráulicas e elétricas e esquadrias em geral”. Acrescentou que “há especificidades no terreno, detectadas após o início da obra, que motivaram a readequação”. O Ministério da Cultura disse ainda que o suporte ao projeto decorre do reconhecimento da importância em se apoiar um museu que conte a história do trabalho e do trabalhador brasileiro. Procurada, a prefeitura de São Bernardo não respondeu aos questionamentos sobre os problemas do museu. O inquérito da Polícia Federal investiga a demora para a conclusão da obra. Já a investigação do Ministério Publico Federal tem como alvo a participação de um suposto laranja na sociedade da empresa responsável pela construção. Sérgio Roxo/O Globo

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