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Adriana Monteiro de Barros – Versos na tarde – 19/03/2015

Afeto Adriana Monteiro de Barros ¹ Meu corpo é feito de afetos. É feito de tudo que tem existência, de tudo que gera uma vida. Em meu corpo, duas sementes germinaram, dois presentes, duas bênçãos, dois poemas que jamais sonhei. Meu corpo é pleno, cheio. Tudo nele significa. É um corpo repleto de aberturas e limites. Um corpo que se ajusta e se encaixa com os anos em pés que aprenderam a dançar sem chão e mãos que tocam notas invisíveis num piano invisível. Nesses dias, anoiteço mais cedo. Deixo o vento do outono soprar sobre o meu rosto e a lua da manhã me recobrir de estrelas. Nesses dias anoiteço dentro de pianos invisíveis. ¹ Adriana Monteiro de Barros * Rio de Janeiro Adriana Monteiro de Barros é carioca, atriz, Jornalista e poeta. Venceu em 2004 o concurso do III Festival de Poesia Carioca, organizado pelo grupo Poesia Simplesmente. Foi homenageada em 2005, com uma Moção honrosa pela Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Lançou em 2008 seu primeiro livro Pianos invisíveis pela Ibis Libris. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Alfred Tennyson – Poesia – 19/03/24

Boa noite Abismo Alfred Tennyson¹ Talvez o abismo nos engula Talvez cheguemos a Atlântida Talvez não tenhamos mais a força de mover montanhas. Mas somos o que somos. ¹Alfred Tennyson * Lincolshire, Inglaterra – 06 Maio 1809 d.C. + Lincolshire, Inglaterra – 06 Outubro 1892 d.C.

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A não isenção da isenção

Você violaria a lei mesmo ocupando um cargo com um salário de 500 mil por mês, como gerente da maior companhia de esterco do mundo? Pergunta o diabo. Se olharmos o fato racionalmente, pelas lentes do neodarwinismo e da neurociência, a resposta é “não!”. Prevalece, diz o interrogado, a minha isenção em relação às propinas e ofertas fora da curva. Fico preso ao meu cargo. E, tal como um ator de novela, eu seria devotado ao meu papel. Mas, continua o diabo, e se o diretor da peça por ambição, ideologia, incompetência e mediocridade entender que o drama, digamos, uma comédia tivesse que virar uma tragédia e, para tanto, embaralhasse o texto da peça? Nesse caso, insiste o demo, você toparia deixar de lado a isenção devida ao papel e ao enredo, embolsando, além do seu maravilhoso salário, imensas fortunas recebidas “por fora”, recursos adicionados a, por exemplo, uma refinaria de esterco em construção? Ou seja, você diria um “não” ao seu compromisso moral com a empresa e toparia ter uma invejável conta bancária, uma cobertura em Ipanema e uma offshore num paraíso fiscal socialista? Além de garantir uma vida de nobre para seus filhinhos?[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Bem, nesse caso — pondera o interrogado pigarreando —, sabedor do objetivo de sabotar a peça e compreendendo que o esterco é matéria valiosa e procurada, eu começaria a duvidar. Como assim? Eis um dado crítico. No nosso país, a isenção não é apenas uma questão de seguir uma lei e honrar um cargo. Ela varia de acordo com quem você se enturma. Se o aval para abandonar a isenção ética vem de um adversário, surge a letra da lei; mas se ele vem de um companheiro — eu, como a grande maioria, faço de tudo! A regra legal será dispensada e englobada por um outro tipo de ética. Pois, neste caso, a dominação patrimonial ou carismática, fundada na ética da tradição familiar e do dar e receber, neutralizaria a esfera burocrática, justificando a tentação da falcatrua. A lei se curva diante dos amigos. Ademais, ela é, por natureza, desigual, pois protege quem ocupa certos cargos. Então — insiste satanás, que está na lista dos 50 a serem investigados — nessas circunstâncias, a não isenção da isenção é uma norma? Sim, porque o sistema atua por meio de múltiplas éticas e cada cargo ou pessoa as invoca em momentos e circunstâncias diferenciadas. Então, ficar isento é impossível? Conclui o demônio. Não, mas é recomendável. Como aquele famoso personagem da “Montanha Mágica”, de Thomas Mann, o campo chamado de “político” no Brasil, se caracteriza pelo hábito da falta de hábito. Deste modo, o bom político, como o bom malandro, tem como referência o velho Pedro Malasartes: ele não é isento porque ele segue a ética de jamais ser isento. O malandro, você conhece isso muito bem, só é honesto por malandragem! Como acreditar em isenções se o Executivo aparelhou a até não mais poder todo o sistema, inclusive o Judiciário? Em quem acreditar ou confiar eis a questão? Sobrou o Legislativo, que entra em conflito com o Executivo por falta do que um sensível político nordestino (eles são craques…) chamou falta absoluta de gosto pela “pequena política” abominada pela presidente. Como seguir normas, prosseguiu o interrogado, num sistema também legitimado pelo patrimonialismo e, nele, pelas simpatias pessoais que cruzam todas as fronteiras debaixo de uma ética de simpatias, afinidades e favores? Tudo isso que somente agora, devido ao tamanho do escândalo, começa a ser politizado por via jurídica, no Brasil? Realmente, diz o cão, num mundo de barões que, no entanto, amam a legitimidade da jurisprudência teológica lusa, o dono (ou dona) do país tem que aparar arestas. Se não se faz esse papel, o sistema entra em crise. Ele emperra não por uma ausência de ética, mas pela invocação de todas elas simultaneamente. O diabo afirma: Lula foi capaz de governar embaralhando todas as isenções. Usou todas as éticas e hoje acena com a força bruta. É dessa liberdade sem freio, herança de um viés escravocrata e aristocrático, que faz nascer essa insuportável ambiguidade política na forma de populismo e demagogia. Delas resulta não um povo governado, mas possuído (ou patriarcalmente “cuidado”) numa perversão da democracia. Dilma, porém, não consegue se comunicar… Mas eu quero confessar! Explodiu o interrogado. Eu roubo em nome do partido para ajudar o povo pobre. Então, arrisca satanás, a corrupção se legitima em nome de uma causa maior. Mas como jogar se os times se confundem e não há isenção? Se empresas importantes foram sujeito e objeto de acordos escusos com o governo? E a parte lúcida do estádio clama por normas sem as quais não há vida civilizada? Os exércitos acionados por Lula já destruíram um centro de pesquisa convocando ao palco o mais tenebroso ator da política: a violência. Com ela, e disso eu entendo! — advertiu o diabo —, não há isenção ou salvação! Por: Roberto da Matta, Antropólogo

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Swissleaks: fundo de investimento de Armínio Fraga é investigado nos EUA

O fundo intitulado Armínio Fraga Neto Fundação Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, é investigado nos Estados Unidos por ter transferido US$ 4,4 milhões de uma conta nas ilhas Cayman para outra conta do HSBC na Suíça. A informação é de uma fonte do FBI, polícia federal norte-americana. Armínio Fraga é ex-presidente do Banco Central Foto:Wilton Junior/31.10.2012/Estadão Conteúdo Documentos apontam ainda que, para supostamente evitar a tributação de impostos, Fraga teria declarado à Receita Federal que o fundo era filantrópico, ou seja, isento de tributos. Ao R7, Fraga disse que a investigação nos EUA é “100% ficção”, mas admite que o fundo existiu. — Investi nesse fundo há sete ou oito anos, mas tudo dentro da legalidade. Todas as minhas contas, de minha família e da Gávea Investimentos são declaradas perante as autoridades competentes, brasileiras e americanas. Não houve esta transferência mencionada, houve sim um investimento regular e documentado. Não temos notícia de qualquer investigação sobre o tema. Fraga foi presidente do Banco Central de 1999 a 2003, no governo Fernando Henrique Cardoso, participou da elaboração do plano de governo de Aécio Neves e era cotado para ser ministro da Fazenda do tucano. Ele tem cidadania dupla, brasileira e norte-americana[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] As autoridades americanas chegaram ao fundo após investigar a lista dos clientes de todo mundo que mantinham contas no do HSBC da Suíça. A lista foi vazada a jornalistas por um ex-funcionário do banco, no caso que ficou conhecido como “Swissleaks”. A apuração aponta que a conta beneficiada era de compensação. Conhecida como “conta-ônibus”, que só serve para transportar dinheiro — não é possível, por exemplo, fazer investimentos por ela. Os documentos levantados pelas autoridades norte-americanas mostram ainda que antes de ser depositado no HSBC, o dinheiro foi transferido para outra conta, no Credit Bank da Suíça, supostamente para fugir do rastreamento. As investigações apontam que, após ser enviado à Suíça, o dinheiro teria voltado para uma conta no America Bank de Nova York. Os investigadores pediram a quebra de sigilo do fundo. Swissleaks tem mais de 8.000 brasileiros  O vazamento de detalhes de contas de mais de 100 mil clientes do banco HSBC na Suíça, em fevereiro, foi batizado de “Swissleaks”. Os dados distribuídos em cerca de 60 mil documentos mostram movimentações nas contas entre 1988 e 2007, totalizando mais US$ 100 bilhões. Na lista, estão os nomes de 8.667 brasileiros que depositaram US$ 7 bilhões apenas entre 2006 e 2007. As informações foram cedidas ao jornal francês Le Monde pelo ex-funcionário do HSBC em Genebra, Herve Falciani. O peródico francês compartilhou os dados com mais de 140 jornalistas de 54 países do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) que comanda desde então a análise e divulgação do Swissleaks. O ministro José Eduardo Cardozo determinou que a Polícia Federal apure possíveis crimes relacionados às movimentações nas contas dos brasileiros. A O fundo intitulado Armínio Fraga Neto Fundação Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, é investigado nos Estados Unidos por ter transferido US$ 4,4 milhões de uma conta nas ilhas Cayman para outra conta do HSBC na Suíça. A informação é de uma fonte do FBI, polícia federal norte-americana. já conduz uma investigação em busca de indícios de evasão de divisas, sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. Apenas a posse da conta e a movimentação de valores no exterior não configura crime. Amaury Ribeiro, do R7

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Informante do caso HSBC diz que ainda há ‘um milhão’ de dados por vir

O ex-funcionário do HSBC em Genebra, Herve Falciani, é o homem por trás do maior vazamento de dados na história dos bancos. Oito anos depois, ele disse, em entrevista à BBC, que se sente “vingado” e “aliviado”, já que os dados revelados por ele finalmente vieram à tona e o escândalo vem sendo investigado em várias partes do mundo. Segundo Falciani, estamos longe do fim da história, já que ainda há muitas informações sobre o esquema do HSBC. Aliás, para ser bem preciso, há um milhão de bits em dados, afirma o ex-funcionário. Ele diz que o trabalho de análise desses dados deve começar em breve e que uma grande empresa de petróleo pode ser a próxima a sentir os efeitos de um vazamento em massa de informações. Estrelas do showbiz e traficantes O esquema revelado por Falciani permitiu que, entre 2005 e 2007, centenas de bilhões de euros transitassem, em Genebra, por contas secretas de 106 mil clientes, entre eles, empresários, políticos, estrelas do showbizz e esportistas, mas também traficantes de drogas e armas e suspeitos de ligações com atividades terroristas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Os documentos vazados por ele também incluem dados sobre 5,5 mil contas secretas de brasileiros, entre pessoas físicas e jurídicas, com um saldo total de US$ 7 bilhões (cerca de R$ 19,5 bilhões). A BBC teve acesso a um e-mail, obtido pelo jornal francês Le Monde, que foi enviado por Falciani em 2008 ao órgão britânico que equivale à Receita Federal no Brasil (Her Majesty’s Revenue and Customs ou HMRC), no qual ele dava detalhes do esquema. “Mas como não obtive resposta, eu também liguei para denunciar o caso para um telefone de denúncia de evasão fiscal. Também sem sucesso.” Ainda não está claro por que o HMRC não respondeu aos contatos do ex-funcionário do HSBC e por que levou tanto tempo para que a informações se tornasse pública. O HSBC afirma que o banco passou por reformas e que agora há menos clientes e um controle mais rígido. Mas para Falciani, o banco tem de ser punido de qualquer jeito. “A punição tem que ocorrer, não importa o quão grande eles são”, diz ele, acrescentando que talvez haja centenas de outros bancos envolvidos em esquemas para ajudar os ricos e fugir do pagamento de impostos. Segundo ele, é crucial que agências europeias, americanas e asiáticas trabalhem em conjunto para combater a corrupção em bancos. Proteção aos informantes As pessoas que se dispõem a denunciar esses esquemas também deveriam, segundo Falciani, receber maior proteção para que possam revelar o que sabem. Mas seus críticos – e há muitos – dizem que é preciso ter cuidado com o informante e o acusam de ter tentado vender as informações. Ele nega a acusação. “Isso é mentira. É exatamente isso que eles tentam fazer, minar sua reputação, assim como a máfia faz”, disse. “Mas já está sendo provado que eu estava certo. Eu nunca pedi dinheiro em troca das informações e agora estou podendo provar isso.” Falciani diz que enfrentou diversos problemas nos últimos sete anos, por ter vazado as informações. Ele afirma que não tem uma casa e que viaja com o apoio de uma rede de pessoas que também estão envolvidas na luta contra o sigilo bancário. “Foi imenso o impacto negativo que esse caso teve na minha vida, seja na pessoal ou na profissional, e também na minha reputação.” Para ele, denunciantes tem de estar dispostos a enfrentar uma longa luta. “Isso prova o quanto é difícil e complicado fazer denúncias como essa. Certamente, tudo isso levou muito anos mais do que eu esperava que levaria. É uma grande jornada.” Kamal Ahmed/BBC News

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