Antônio Botto – Versos na tarde – 17/05/2013
Soneto Antônio Botto¹ Se, para possuir o que me é dado, Tudo perdi e eu própio andei perdido, Se, para ver o que hoje é realizado, Cheguei a ser negado e combatido. Se, para estar agora apaixonado, Foi necessário andar desiludido, Alegra-me sentir que fui odiado Na certeza imortal de ter vencido! Porque, depois de tantas cicatrizes, Só se encontra sabor apetecido Àquilo que nos fez ser infelizes! E assim cheguei à luz de um pensamento De que afinal um roseiral florido Vive de um triste e oculto movimento ¹Antônio Tomás Botto * Abrantes, Portugal – 17 de Agosto de 1897 d.C + Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959 d.C