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Zé Limeira – Versos na tarde – 04/05/2013

Cantoria Zé Limeira¹ “Ela parece um limão Rodeado de cebola, Uma goiabeira verde Enfeitada de ceroula, Com dentadura de pau Eu elogiá-la vô-la.” “Eu só gosto dessa moça Porque tem vegetação, Porteira de pau-a-pique, Três pneu de caminhão, Rabo de jumenta russa E haja chuva no sertão.” “Eu sou açude corrente Dentro da mata bravia, Gramática azul, beiçuda, Queijo de leite de jia, Rincho de burra cardan E haja festa na Bahia.” “Um dia eu tava acordado, No mais rancoroso sono, Passou uma cobra azul Falando num microfone, E um mudo gritando em baixo: – Vim buscar o meu abono!” “Sou casado e bem casado, Com quem, não digo com quem. A muié ainda é viva, Mas morreu, mora no Além. Se um dia voltar à terra Vai morar no pé da serra, Não casa mais com ninguém. “Casemo no ano de quinze, Na seca de vinte e três; A muié era donzela, Viuva de sete mês, Mais não me alembro que tenha Um dia ficado prenha, Estado de gravidez.” ¹José Limeira * Teixeira, PB – 1886 d.C + 1954 d.C Zé Limeira, conhecido como o Poeta do Absurdo. A cidade onde nasceu, Teixeira, estado da Paraíba, foi o principal reduto de repentistas no século XIX e onde a viola teria sido usada pela primeira como instrumento de cantoria lá pelos idos de 1840. Viveu até o ano de 1954. Não há registro de sua voz. Fitas de pesquisadores que gravaram algumas de suas pelejas sumiram ou se deterioraram. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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