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Nina Rizzi – Versos na tarde

Cinco poemas e uma linha reta Nina Rizzi ¹ variação de intermezzo: impressões da aurora pintar meu corpoema azul de laranja então quem sabe amanheser. architextura se faz favor, da próxima quero mais que ternura: me inventa em iminência. outra variação em causa de te sonhar minha noite se fez dia e me calcei de nuvens. outra variação, outra em te sonhar fiquei tão santa que agora pra me comer só de joelhos. ripristino, o il suo lavoro não, menina, eu não vou fazer chover. as tintas estão estiradas e meu corpo branco esparramado: ele vai me pintar. (camponesa, cheiro, estrelas, girassóis? — como ele quiser.) ¹ Nina Rizzi * Fortaleza, CE. – 1983 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Neoliberalismo: a agonia

Vale, por um dia, começar além da política nacional, arriscando um mergulho lá fora. O que continua a acontecer na Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e até na França, onde multidões de jovens estão indo para as ruas, enfrentando a polícia e depredando tudo o que encontram pela frente? Tornam difícil a vida do cidadão comum, não só em Atenas, Lisboa, Madri, Dublin e Paris, mas em muitas cidades desses países. Por que? É preciso notar que o protesto vem das massas, começando pelas massas excluídas, de desempregados, de negros, árabes, turcos e demais minorias que buscaram na Europa a saída para a fome, a miséria e a doença onde viviam, mas frustraram-se, cada vez mais segregados, humilhados e abandonados. Exatamente como em seus países de origem. Mas a onda de inconformismo atinge com igual intensidade jovens da classe média. Não dá mais para dizer que essa monumental revolta é outra solerte manobra do comunismo ateu e malvado. O comunismo acabou. Saiu pelo ralo. A causa do que vai ocorrendo repousa precisamente no extremo oposto: trata-se do resultado do neoliberalismo. Da consequência de um pérfido modelo econômico e político que privilegia as elites e os ricos, países e pessoas, relegando os demais ao desespero e à barbárie. Porque sempre que se registra uma crise econômica nas nações neoliberais, a receita é a mesma, seja na França ou na Grécia, em Portugal, na Irlanda ou na Espanha: medidas de contenção anunciadas para reduzir salários, cortar gastos públicos, demitir nas repartições e nas fábricas, aumentar impostos e taxas. Fica evidente não se poder concordar com a violência. Jamais justificá-la. Mas explicá-la, é possível. Povos de nações e até de continentes largados ao embuste da livre concorrência, explorados pelos mais fortes, tiveram como primeira opção emigrar para os países ricos. Encontrar emprego, trabalho ou meio de sobrevivência. Invadiram a Europa como invadem os Estados Unidos, onde o número de latino-americanos cresce a ponto de os candidatos a postos eletivos obrigarem-se a falar espanhol, sob pena de derrota nas urnas. O diabo é que o mal antes restrito aos imigrantes hoje atinge os naturais de todas as regiões. Preparem-se os neoliberais. Os protestos não demoram a atingir outras nações ricas. Depois, chegarão aos ricos das nações pobres. O que fica impossível é empurrar por mais tempo com a barriga a divisão do planeta entre inferno e paraíso, entre cidadãos de primeira e de segunda classe. Segunda? Última classe, diria o bom senso. Como refrear a multidão de jovens sem esperança, também de homens feitos e até de idosos, relegados à situação de trogloditas em pleno século XXI? Estabelecendo a ditadura, corolário mais do que certo do neoliberalismo em agonia? Não vai dar, à medida em que a miséria se multiplica e a riqueza se acumula. Explodirá tudo. Fica difícil não trazer esse raciocínio para o Brasil. Hoje, 40 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com a metade desse obsceno salário mínimo que querem elevar para 540 reais. Os bancos lucram bilhões a cada trimestre, enquanto cai o poder aquisitivo dos salários. Isso para quem consegue mantê-los, porque, apesar da propaganda oficial, o desemprego continua presente. São 15 milhões de desempregados em todo o país, ou seja, gente que já trabalhou com dignidade e hoje vive de biscates, ou, no reverso da medalha, jovens que todos os anos gostariam de entrar no mercado sem nunca ter trabalhado. Alguns ingênuos imaginam que o bolsa-família e sucedâneos resolveram a questão, mas o assistencialismo só faz aumentar as diferenças de classe. É crueldade afirmar que a livre competição resolverá tudo, que um determinado cidadão era pobre e agora ficou rico. São exemplos da exceção, jamais justificando a regra de que, para cada um que obtém sucesso, milhões continuam na miséria. Seria bom o governo Dilma olhar para fora. O rastilho pegou e não serão as polícias que vão apagá-lo. Ainda que consigam num dia, no outro reacenderão maiores e mais fortes os protestos. Na Europa, nos Estados Unidos e especialmente entre nós. A globalização tem, pelo menos, esse mérito: informa em tempo real ao mundo que a saída deixada às massas encontra-se na rebelião. Os que nada tem a perder já eram maioria, só que agora estão adquirindo consciência, não só de suas perdas, mas da capacidade de recuperá-las através do grito de “basta”, “chega”, “não dá mais para continuar”. Não devemos descrer da possibilidade de reconstrução. O passado não está aí para que o neguemos, senão para que o integremos. O passado é o nosso maior tesouro, na medida em que não nos dirá o que fazer, mas precisamente o contrário. O passado nos dirá sempre o que evitar. Evitar, por exemplo, salvadores da pátria que de tempos em tempos aparecem como detentores das verdades absolutas, donos de todas a soluções e proprietários de todas as promessas. Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa

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Projeto sobre regras para uso de algemas será votado em agosto

O Projeto de Lei do Senado estabelecendo regras para o uso de algemas em todo o país foi aprovado sob a forma de substitutivo pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, e irá a votação em agosto, quando recomeçam as atividades parlamentares. O exame da matéria em Plenário, porém, aguardará a votação de duas medidas provisórias. Segundo o projeto, do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), fica proibido o uso de algemas como forma de castigo ou sanção disciplinar, por tempo excessivo e quando o investigado ou acusado se apresentar espontaneamente à autoridade policial ou judiciária. Além disso, só será permitido usar algemas no ato da prisão ou em casos de resistência, ou risco à integridade física dos agentes públicos, em operações de deslocamento de presos que praticaram faltas graves ou, entre outros casos, em condenados sob regime disciplinar diferenciado. O agente público que descumprir essas normas incorrerá nas penas previstas para abuso de autoridade. Ag. Câmara [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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