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Mia Couto – Versos na tarde – 09/06/2011

Pergunta-me Mia Couto 1 Pergunta-me se ainda és o meu fogo se acendes ainda o minuto de cinza se despertas a ave magoada que se queda na árvore do meu sangue Pergunta-me se o vento não traz nada se o vento tudo arrasta se na quietude do lago repousaram a fúria e o tropel de mil cavalos Pergunta-me se te voltei a encontrar de todas as vezes que me detive junto das pontes enevoadas e se eras tu quem eu via na infinita dispersão do meu ser se eras tu que reunias pedaços do meu poema reconstruindo a folha rasgada na minha mão descrente Qualquer coisa pergunta-me qualquer coisa uma tolice um mistério indecifrável simplesmente para que eu saiba que queres ainda saber para que mesmo sem te responder saibas o que te quero dizer ¹ António Emílio Leite Couto * Beira, Portugal – 5 de Julho de 1955 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Ministra que substitui Palocci também deu consultoria

Parece que ter consultoria é o caminho mais curto para um ministério. O PT continua com sua (dele) atávica atração pelo suicídio político. Agora, a ministra que substitui o competente multiplicador de pães, também arrasta atrás de si uma suspeita de pagamento de assuntos privados com verbas públicas. A nova ocupante da Casa Civil, ex-senadora, usou recursos da verba de gabinete para pagar o escritório de advocacia que a defende na Justiça Eleitoral. O Editor Nova ministra da Casa Civil também deu consultoria empresarial Gleisi firmou sociedade com irmã na área de gestão, entre 2007 e 2009; ao contrário de Palocci, ela revelou os clientes atendidos. De acordo com dados da Junta Comercial, uma alteração de endereço ocorreu em 2009 na GF Consultoria e no dia 10 de dezembro daquele ano a empresa encerrou suas atividades, segundo registro firmado em cartório em 3 de março de 2010.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O distrato informa que a ministra ficou responsável pela “conservação do livro e demais documentos da sociedade”. Gleisi foi candidata à prefeitura de Curitiba em 2008 pelo PT – ficou em segundo lugar com 18% dos votos. Na época, informou ter um patrimônio de R$ 623 mil, incluindo dois imóveis, um veículo e dinheiro aplicado em banco. Em 2010, quando disputou e conseguiu uma vaga no Senado, o valor dos bens de Gleisi subiu para R$ 693 mil, mas com apenas um imóvel. O antecessor de Gleisi na chefia da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu demissão após a revelação de que aumentou em 20 vezes seu patrimônio com uma empresa de consultoria, a Projeto. Pressionado, o ex-ministro negou-se a revelar a lista de seus clientes. Pelo menos 20 empresas contrataram os serviços de Palocci, que, somente no ano passado, faturou R$ 20 milhões, sendo metade entre novembro e dezembro, após a eleição de Dilma à Presidência da República. O Estado revelou no mês passado que pelo menos cinco ministros têm empresas de consultoria que continuam ativas em pleno exercício do cargo: Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Comércio e Indústria), José Eduardo Martins Cardozo (Justiça), Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), Leônidas Cristino (Portos) e Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional). Todos negaram conflito de interesse com a função pública. Leandro Colon e Evandro Fadel/O Estado de S. Paulo

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Design – Escadas

Garvan Institute in Sydney, Australia   Escada do Museu do Vaticano – Design: Giuseppe Momo – 1932 Loretto Chapel is a chapel in Santa Fe, New Mexico – Usa Tulip Staircase – Queen’s House – Inglaterra [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Banco central a serviço dos banqueiros

O BC vai bem, a serviço da banca O Banco Central está com um parafuso solto. Seu diretor de administração, Altamir Lopes, recomendou à patuleia que, caso ela receba notas manchadas ao sacar dinheiro nos caixas eletrônicos à noite, deverá procurar uma delegacia e registrar um Boletim de Ocorrência. A proposição é absurda, impertinente e facciosa. É absurda porque, se dois irmãos, João e José, saírem pela madrugada e um assaltar uma padaria enquanto o outro vai a um caixa eletrônico para sacar R$ 20, João colocará o butim num envelope de depósitos automáticos e irá para a noite. José, tendo recebido a nota manchada, deverá ir à delegacia registrar o ocorrido. Pelo menos um delegado, em Santo André, com razão, reteve a cédula. É impertinente, porque não há norma que ampare a recomendação desse ritual. Procurando inibir as explosões de caixas eletrônicos, a banca passou a usar um dispositivo que mancha as cédulas. Para impedir que essas notas circulem, o Conselho Monetário Nacional baixou uma Resolução (n 003981). Ela diz que “as instituições financeiras, ao receberem cédulas inadequadas (…) deverão retê-las e recolhê-las ao Banco Central”. Portanto, eles não podem colocar essas notas nos seus caixas eletrônicos, repassando-as a clientes que pagam taxas de R$ 1,30 a R$ 2 pelo saque.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Se os diretores do Banco Central lidam com assuntos da alta finança com a mesma ligeireza com que opinam sobre a baixa poupança, vai-se mal. Querem impor à clientela a obrigação de batalhar numa delegacia pela recuperação de um valor que lhe pertence. A recomendação é demófoba. É no andar de baixo que estão pessoas para quem perder R$ 20 ou R$ 50 significa uma refeição. Levada ao pé da letra, a recomendação deveria pedir que se fizesse um B.O. para que o banco explicasse por que colocou notas manchadas no seu caixa. Parece que a proposta também é inócua, pois a polícia informa que a bandidagem já teria aprendido a limpar a tinta derramada nas notas. Existem no Brasil 180 mil caixas eletrônicos. Estima-se que as chances de uma pessoa receber notas manchadas sejam de três em 100 mil. Admitindo-se que sejam de três em dez milhões as chances de o freguês receber uma nota dessas fora do horário de expediente, o montante de cédulas bichadas que os caixas eletrônicos despejam diariamente dificilmente passaria dos R$ 10 mil. Se os bancos resgatassem as notas no dia seguinte, nenhum deles faliria. Sairia mais barato do que uma consultoria companheira. A troca da nota deve ser feita mediante a exibição do extrato do caixa, registrando-se a transação no cadastro do freguês. Se um cidadão recebe vinte notas manchadas num mês, será possível suspeitar que se trata de um cambista dos assaltantes. A Febraban endossou a recomendação demófoba do BC. Perdeu uma oportunidade de defender os depositantes. Em abril do ano passado, quando o Estado do Rio estava submerso numa enchente que matou perto de mil pessoas, a veneranda guilda da banca teve um apagão moral e informou à patuleia que nenhuma conta ou dívida teria seu vencimento prorrogado. Nos dias seguintes, voltou atrás e desculpou-se. Parecia ter tomado jeito, mas teve uma recaída. Elio Gaspari/O Globo

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