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Cobrança do ponto extra da TV paga é proibida

Segundo a Anatel, empresas só poderão cobrar pela instalação e por reparos do ponto extra; decisão vale para os contratos já em vigor. Depois de dez meses de adiamentos e indefinições, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu ontem proibir a cobrança pelo ponto extra da TV por assinatura. Mas as operadoras poderão cobrar pela instalação desse ponto adicional e pela reparação de defeitos. O presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, explicou que essa cobrança pelos reparos será feita eventualmente, quando houver, por exemplo, quebra do decodificador. As cobranças da taxa de instalação e de reparos poderão ser divididas em parcelas, dependendo de acerto entre o cliente e a operadora. Sardenberg disse que isso dependerá da “criatividade” das empresas. Mas ressaltou que essa criatividade não pode ser transformada em uma mensalidade fixa. ” A cobrança não é automática. É preciso que haja eventos.” O presidente da Anatel disse que a TV por assinatura é um serviço prestado pelo regime privado e que, portanto, a agência não fixa preços. Mas, em casos de abusos, garantiu que a Anatel interferirá. A decisão da Anatel deverá entrar em vigor na próxima semana, assim que for publicada no Diário Oficial da União. A proibição da cobrança, segundo Sardenberg, valerá também para os atuais contratos. Ou seja, quem hoje paga pelo ponto extra ficará livre da cobrança. Sardenberg esclareceu ainda as empresas não podem cobrar retroativamente pelo decodificador que já está instalado na casa do cliente. As operadoras sempre foram contra o regulamento. Algumas empresas chegaram a afirmar que o ponto extra representava 20% de sua receita total. As prestadoras disseram até que a gratuidade aumentaria os custos das empresas e impediria avanços dos serviços. Ontem à tarde, diante dos boatos que circularam no mercado de que a Anatel aprovaria o fim da cobrança, as ações da operadora Net caíram mais de 7% na Bolsa de Valores. Sardenberg, dizendo-se indignado, informou que a Corregedoria da Anatel vai apurar eventuais vazamentos de informação. E disse que a agência está “testando” a realização de reuniões de seu conselho diretor abertas ao público, a exemplo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas que essa não é uma decisão fácil. LIMINAR Diante da decisão da Anatel, a liminar da Justiça Federal que mantinha a cobrança perde o objeto, na avaliação de Sardenberg. A liminar, obtida pela Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), foi emitida até que a Anatel tomasse uma decisão. Ele explicou que não cabe mais recursos no órgão regulador, mas disse que “todo mundo tem o direito de ir à Justiça”. A polêmica começou em junho de 2008, quando a Anatel regulamentou os direitos dos usuários de TV por assinatura. O regulamento proibiu a cobrança do ponto extra, mas permitiu que fossem cobradas taxas de manutenção dos serviços. Na época, órgãos de defesa do consumidor criticaram o regulamento, afirmando que ele abria brechas para que as operadoras transformassem a taxa de manutenção em uma cobrança mensal, o que levou a agência a cancelar os artigos que tratavam do assunto. Gerusa Marques – O Estado de São Paulo

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Congresso: À lambança, juntou-se o banditismo

Foi descoberta agora, na Câmara, uma máfia que opera com passagens aéreas. Tudo indica que funcionários dos deputados repassam para agências de viagens os bilhetes a que os parlamentares têm direito, e as empresas os revendem para clientes. Os ministros Eros Grau e Gilmar Mendes, do Supremo, aparecem como supostos beneficiários da cota de passagens de deputados. Mendes já apresentou a fatura de seu cartão de crédito, demonstrando que pagou a viagem com os seus próprios recursos. Grau provou que seu bilhete foi pago pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde deu uma palestra. Foi aberta uma sindicância para apurar o caso. Como se vê, à lambança, junta-se também o banditismo. Temos aí a evidência do absoluto descontrole na emissão e no uso dessas passagens. E tudo por quê? Porque o Parlamento brasileiro, infelizmente, fraudou o princípio que faculta as viagens aos congressistas. Qual era o espírito? O Brasil é um país continental. Muitos parlamentares não levam suas respectivas famílias para Brasília. Mais: têm o trabalho político a fazer junto a suas bases. O princípio é justo: a visita a seus estados de origem uma vez por semana, espetando a conta no erário, é compreensível. Assim, bastaria a cota de quatro passagens por mês para uso pessoal. As exceções – para membros da Mesa Diretora – deveriam ser rigorosamente acompanhadas. Líderes partidários não têm de ter licença especial coisa nenhuma. Isso é parte do custo de manutenção do partido. A menos que viajassem a serviço da Casa, não da legenda. Pois bem. Ocorre que os digníssimos fraudaram o princípio. Vejam a síntese que o Estadão publica das “mudanças” feitas por Câmara e Senado. Volto em seguida: No Senado 1 – Fim das duas passagens com escala no Rio. Senador mantém direito a 5 passagens mensais de Brasília para Estado 2 – Fim das duas passagens extras para líderes e integrantes da Mesa do Senado 3 – Liberada doação das passagens para cônjuges, filhos, dependentes, familiares, assessores e correligionários 4 – A cota de passagens pode ser usada para alugar jatinhos e barcos, desde que no Estado do parlamentar 5 – Os bilhetes aéreos não usados poderão continuar sendo transformados em créditos. A cota de passagens continua podendo ser usada para viagens ao exterior. Na Câmara 1 – Corte de 20% da cota de passagem. A mais alta é para deputados de Roraima, de R$ 18.737,44, e a menor para o DF, R$ 4.705,72 2 – Permite uso de passagens do deputado por cônjuge, dependentes legais e para atividades parlamentares, incluindo nesse critério os assessores 3 – Permite ao deputado interpretar o que entende por atividade parlamentar. Não veta uso de passagens para turismo Voltei Por que é que nós temos de pagar as passagens aéreas das mulheres, maridos, filhos e apaniguados dos digníssimos parlamentares? Ao se permitir que um “assessor” ou “correligionário” utilize o bilhete, abre-se a porteira para toda e qualquer irregularidade. Mais: as viagens turísticas estão liberadas – desde que dentro da cota. É o fim da picada! Ao tentar moralizar o procedimento, Câmara e Senado oficializaram a lambança. Bateu aquela saudade na esposa ou no marido do congressista? Pois que façam como as demais esposas e maridos do país: arquem com o custo do seu chamego. Ou isso agora também é problema nosso? O escândalo está na transformação das cotas em SALÁRIO. Isso fica evidente no caso da viúva do senador Jefferson Peres. Ele não usou as cotas a que tinha direito. Elas foram transformadas em dinheiro, (in)devidamente repassado à viúva. O mais chato disso tudo é que as duas Casas decidiram que a bagunça vai continuar. As “novas” regras acima estabelecidas oficializam a bagunça. Não é de estranhar que o presidente Lula pareça reinar sobre toda coisa viva no Brasil. Não sabemos as lambanças que o Executivo faz com passagens aéreas, por exemplo. O Congresso, felizmente, está submetido a um escrutínio bem mais rigoroso. E, como se vê, é pródigo em maus exemplos. blog Reinaldo Azevedo

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