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Ligações perigosas.

― Alô? Quem fala? É o Parreira? ― É. ― Parreira, aqui é o Zico. ― Diga lá, Zico. Tudo bem? O que é que manda? ― Cara, é o seguinte: como vocês já estão classificados, não dá prá dar um “facilitadinha” pro meu time? ― Claro, Zico. O que você quer que eu faça? Que escale o time reserva pro jogo contra o Japão? ― Nãaaaaaaaaaao! Os reservas nãaaaaaaaaaao! ― Pelo amor de Deus. ― Os reservas nãaaaaaaaaaao!

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Bussunda.

Bussunda foi criado numa família especial. Sua mãe, médica e psicanalista, Helena Besserman Viana, que morreu em 2002, era guerreira.Foi ela quem denunciou à Sociedade de Psicanálise o médico Amílcar Lobo, que assistiu a sessões de tortura na ditadura.Foi presa no golpe de 64, perdeu o emprego, e com três filhos para criar foi à luta e se alistou como caixeira-viajante da Avon.

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Vingança. Doce vingança.

Toca o telefone… – Alô. – Alô, poderia falar com o responsável pela linha? – Pois não, pode ser comigo mesmo. – Quem fala, por favor? – Edson. – Sr. Edson, aqui é da TELEMAR, estamos ligando para oferecer a promoção TELEMAR linha adicional, onde o Sr. tem direito a ……. – Desculpe interromper, mas quem está falando? – Aqui é Rosicleide Judite, da TELEMAR, e estamos ligando para ….. – Rosicleide, me desculpe, mas para nossa segurança, gostaria de conferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser? – … bem, pode. – De que telefone você fala? meu bina não identificou. – 103 – Você trabalha em que área, na TELEMAR? – Telemarketing Pró Ativo. – Você tem número de matrícula na TELEMAR? – Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária. – Então terei que desligar, pois não posso ter segurança que falo com uma funcionária da TELEMAR. – Mas posso garantir. – Além do mais, sempre sou obrigado a fornecer meus dados a uma legião de atendentes sempre que tento falar com a TELEMAR. – Ok…. Minha matrícula é 34591212. – Só um momento enquanto verifico. (Dois minutos) – Só mais um momento. (Cinco minutos) – Senhor? – Só mais um momento, por favor, meu computador está lento hoje. – Mas senhor… – Pronto, Rosicleide, obrigado por haver aguardado. Qual o assunto? – Aqui é da TELEMAR, estamos ligando para oferecer a promoção linha adicional, onde o Sr. tem direito a uma linha adicional. O senhor está interessado, Sr. Edson? – Rosicleide, vou ter que transferir você para a minha esposa, por que é ela que decide sobre alteração e aquisição de planos de telefones. Por favor, não desligue, pois essa ligação é muito importante para mim. O telefone em frente ao aparelho de som, deixo a música Festa no Apê do Latino tocando no Repeat (eu sabia que um dia essa droga iria servir para alguma coisa!), depois de tocar toda a musica, minha mulher atende: – Obrigado por ter aguardado…. pode me dizer seu telefone pois meu bina não identificou.. – 103 – Com quem estou falando, por favor. – Rosicleide. – Rosicleide de que? – Rosicleide Judite (já demonstrando certa irritação na voz). – Qual sua identificação na empresa… – 34591212 (mais irritada ainda!). – Obrigada pelas suas informações, em que posso ajuda-la? – Aqui é da TELEMAR, estamos ligando para oferecer a promoção linha adicional, onde a Sra. tem direito a uma linha adicional. A senhora está interessada? – Vou abrir um chamado e em alguns dias entraremos em contato para dar um parecer, pode anotar o protocolo por favor……..alô, alô! – TUTUTUTUTU. – Desligou…. nossa que moça impaciente.

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Olhe essa – MPB

Década de 30: Ele, de terno cinza e chapéu panamá, em frente à vila onde ela mora, canta: “Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa! Do amor por Deus esculturada. És formada com o ardor da alma da mais linda flor, de mais ativo odor, que na vida é a preferida pelo beija-flor…” Década de 40: Ele ajeita seu relógio Pateck Philip na algibeira, escreve para Rádio Nacional e manda oferecer a ela uma linda música: “A deusa da minha rua, tem os olhos onde a lua, costuma se embriagar. Nos seus olhos eu suponho, que o sol num dourado sonho, vai claridade buscar…” Década de 50: Ele pede ao cantor da boate que ofereça a ela a interpretação de uma bela bossa: “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça. É ela a menina que vem e que passa, no doce balanço a caminho do mar. Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema. O teu balançado é mais que um poema. É a coisa mais linda que eu já vi passar”. Década de 60: Ele aparece na casa dela com um compacto simples embaixo do braço, ajeita a calça Lee e coloca na vitrola uma música papo firme: “Nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito não é maior que o meu amor, nem mais bonito. Me desespero a procurar alguma forma de lhe falar, como é grande o meu amor por você…” Década de 70: Ele chega em seu fusca com tala larga, sacode o cabelão, abre porta pra “mina” e bota uma melô jóia no toca-fitas: “Foi assim, como ver o mar, a primeira vez que os meus olhos se viram no teu olhar. Quando eu mergulhei no azul do mar, sabia que era amor e vinha pra ficar…” Década de 80: Ele telefona pra ela e deixa rolar um: “Fonte de mel, nos olhos de gueixa, Kabuqui, máscara. Choque entre o azul e o cacho de acácias, luz das acácias, você é mãe do sol. Linda…” Década de 90: Ele liga pra ela e deixa gravada uma música na secretária eletrônica: “Bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz. Mas já não há caminhos pra voltar. E o que é que a vida fez da nossa vida? O que é que a gente não faz por amor?” Em 2001: Ele captura na Internet um batidão legal e manda pra ela, por e-mail: “Tchutchuca! Vem aqui com o teu Tigrão. Vou te jogar na cama e te dar muita pressão! Eu vou passar cerol na mão, vou sim, vou sim! Eu vou te cortar na mão! Vou sim, vou sim! Vou aparar pela rabiola! Vou sim, vou sim!” Em 2002: Ele manda um e-mail oferecendo uma música: “Só as cachorras! Hu Hu Hu Hu! As preparadas! Hu Hu Hu Hu! As poposudas! Hu Hu Hu Hu!”. Em 2003: Ele oferece uma música no baile: “Pocotó pocotó pocotó. minha éguinha pocotó!!!” Em 2004: Ele a chama p/ dançar no meio da pista: “Ah! Que isso? Elas estão descontroladas! Ah! Que isso? Elas Estão descontroladas! Ela sobe, ela desce, ela da uma rodada, elas estão descontroladas!” Em 2005: Ele resolve mandar um convite para ela, através da rádio: “Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bunda lele!!!” Em 2006: Ele a convida para curtir um baile ao som da música mais pedida e tocada no país: “Tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha!!! Calma, calma foguentinha!!! Piriri Piriri Piriri, alguém ligou pra mim!!!” É possível piorar?

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