Leio estarrecido o vergonhoso, imoral, lastimável, corrupto, venal e demais adjetivos qualificativos depreciativos o relatório final da CPMI do Cachoeira.
A oposição também não tem interesse que ilustres, mas opacas, personagens fosse ouvidas, pois desmascarariam factoides plantados na mídia pelos tucanos e associados.
Exemplo: por que não houve desdobramentos do alardeado ‘grampo’ telefônico entre o ministro Gilmar Mendes e o cachoeirento Demóstenes Torres?
Teria que ser apurado! Afinal grampear as ligações telefônicas de um ministro do supremo é da maior gravidade. Ou não?
José Mesquita – Editor
O alto preço da covardia
O deputado Odair Cunha, relator da CPI do Cachoeira, é mineiro, mas nunca deve ter ouvido um velho ditado rural: onde passa um boi, passa uma boiada.
Cunha acabou atropelado por sua tibieza, associada à covardia da maioria da bancada petista na Câmara.
Acuado pelas críticas da oposição e, principalmente, pelas ameaças nos editoriais e colunas dos meios de comunicação, irmanados na defesa corporativa de um jornalista metido até o pescoço com o crime organizado, o parlamentar cedeu.[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]
E pode pagar mais caro do que imaginava.
Na terça-feira 27, em nome da suposta busca de um consenso que permitisse a aprovação de seu relatório, Cunha aceitou a exclusão do texto das menções e pedidos de indiciamento de jornalistas envolvidos com o esquema.
Dessa forma, o diretor da sucursal de Brasília da revista Veja, Policarpo Jr., que entre outras solicitou aos arapongas a serviço de Cachoeira grampos ilegais de um parlamentar, não será obrigado a explicar suas relações incomuns e fora de qualquer parâmetro jornalístico com uma quadrilha de malfeitores.
Também sairá imune o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusado de prevaricação ao ter engavetado por um longo tempo as investigações contra o ex-senador Demóstenes Torres, um fiel serviçal do bicheiro.
Se imaginava aplacar os ânimos da oposição e de uma parte da bancada governista, o relator se enganou.
Diante do recuo, o PSDB sentiu-se fortalecido e decidiu batalhar pela exclusão do pedido de indiciamento do governador goiano Marconi Perillo, chefe de uma administração na qual Cachoeira tinha livre trânsito e poder desmedido.
E uma porção do PMDB trabalha para que também fique de fora a construtora Delta, maior beneficiária dos serviços da quadrilha. O objetivo é evitar que futuras investigações alcancem Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro e amigo de “baladas” de Fernando Cavendish, dono da empresa.
E há quem no Congresso fale na rejeição total do texto de Cunha, apesar da exclusão de longos trechos do relatório.
Leandro Fortes/Carta Capital