Recebo a notícia: “Alunos do MIT desenharam um protótipo de carro solar”. Honestamente, não é nada que faça meu coração parar. Afinal, essas mesmas palavras vêm aparecendo em informes para a imprensa pelo menos uma vez por semana na última década.
Mas o texto que me chegou no começo de maio pareceu um pouco mais interessante. Isso porque esse MIT não é o famoso Instituto de Tecnologia de Massachusetts, de onde saem alguns dos maiores gênios do mundo, mas sim um MIT em Manipal, no sudoeste da Índia.
E quanto mais eu lia, mais a história parecia intrigante.
O protótipo se chama SERVe, sigla para Solar Electric Road Vehicle (“Veículo rodoviário elétrico solar”) e é o resultado de um projeto conjunto do Instituto de Tecnologia de Manipal (MIT, na sigla em inglês), da Universidade de Manipal e da Tata Power Solar, a maior empresa de energia solar da Índia.
A Tata é também parte do mesmo conglomerado que possui a Jaguar Land Rover e outros negócios na área de transportes, apesar de essas empresas não estarem envolvidas nesse projeto específico.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”]
Aspecto estranho, mas eficiente
O carro parece com algo que teria saído da prancheta futurista de algum desenhista em 1985, mas é mais um modelo “de prova de conceito” do que um carro conceito. E por isso podemos perdoar sua aparência.
Os painéis solares que cobrem o teto fazem parte de um desenho curvilíneo feito sob medida pela Tata Solar e que mantém razoavelmente a aerodinâmica do carro.
A bateria e o sistema de alimentação são controlados por um Raspberry Pi (computador de placa única popular entre um nicho de programadores), e a carroceria é feita de plástico reforçado com fibra de vidro aplicado sobre uma estrutura de aço.
Pesando pouco menos de 600 quilos, incluindo as baterias de Li-ion, o carro de dois lugares pode percorrer até 145 quilômetros com sua carga completa. Sua velocidade máxima é 60 km por hora e sua velocidade normal de cruzeiro é metade disso – devagar mas sem forçar muito a transmissão.
Possível comercialização
Em outras palavras: a Tata ainda não vai colocar o logotipo da Jaguar no carro.
Mas o que torna esse projeto interessante é que, ao contrário dos alunos do outro MIT e de centenas de outras universidades, os estudantes indianos não estão tentando construir um veículo solar mais rápido ou com mais autonomia, nem usaram uma tecnologia impossível.
Eles estão tentando montar um carro solar que não só funciona como também pode ser comercialmente viável.
Quando esse problema estiver solucionado, é possível que ninguém segure o carro solar.