Companheiro de todas as horas – há quem não fique sem ele nem no banheiro –, o celular não raramente fica cheio de marcas de digitais e poeira e, embora não sejam visíveis, de germes e bactérias.
Mas limpá-lo efetivamente não é algo tão simples assim.
Durante a fabricação, a maioria das telas desses aparelhos – inclua aqui também as dos tablets e dos laptops mais modernos – passam por uma série de processos químicos que garantem maior resistência e as deixam eletricamente carregadas para que, assim, respondam ao toque.
Essa eficiência, porém, tem um preço: as superfícies ficam mais sensíveis a determinadas substâncias. Logo, usar o produto errado para a limpeza pode levar a um belo prejuízo na assistência técnica.
Sendo assim, qual a melhor maneira de higienizar o celular? Usando pano, papel ou algodão? Com ajuda de água ou de álcool? A BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, foi buscar a resposta com especialistas:
O pano correto
Segundo Martín Errante, gerente de produto da Motorola na Argentina, há três maneiras recomendáveis de remover a sujeira desses aparelhos:
- Opção 1: Usar uma flanela suave e seca;
- Opção 2: Usar o mesmo tipo de pano, mas úmido;
- Opção 3: Levar a um serviço autorizado, onde é possível realizar uma limpeza mais profunda de todo o aparelho.
Caso você opte por fazer o serviço em casa, Errante lembra que é preciso lançar mão de um pano bem limpo: se ele estiver sujo de pó, por exemplo, pode acabar arranhando a tela.
E os germes?
Os conselhos acima ajudam a manter o aparelho aparentemente limpo. Mas… e quanto aos germes e bactérias?
Um estudo sobre hábitos de higiene em casa, feito em conjunto pela Fundação de Estudos para Saúde e Seguridade Social e pela Universidade de Barcelona (Espanha), mostra que o teclado de um computador ou a tela de um celular podem ter até 30 vezes mais microrganismos que uma tampa de vaso sanitário limpa.
O motivo: esses aparelhos estão em contato constante com nossas mãos.
Professor de microbiologia e ciências ambientais da Universidade do Arizona (EUA), Charles Gerba também estudou a presença de bactérias em telefones celulares. E é taxativo: “A recomendação é limpá-los com desinfetante”.
Porém, como fazer isso sem danificar a tela dos aparelhos?
“Uma das melhores formas para deixar uma tela tátil impecável é utilizando álcool, desde que seja isopropílico ou etílico”, aconselha a engenheira química Tamara Rodriguez, da Venezuela.
Ela lembra, no entanto, que, se a limpeza com esses produtos for frequente, pode levar a um desgaste considerável da superfície no longo prazo, “já que hoje em dia muitas dessas telas vêm com uma cobertura especial que ajuda a diminuir a aderência de sujeira e gordura”.
Além disso, acrescenta, as telas “são muito sensíveis a qualquer substância líquida”. No caso das feitas de LED, LCD ou plasma, há risco de danos aos pixels.
Fórmula correta
Para higienizar o aparelho sem danificá-lo, diz a especialista, é preciso recorrer a uma “poção química”.
“Pode-se usar água destilada, que, por não possuir sais nem bactérias, é um excelente agente limpador. Mas ela sozinha não elimina as bactérias”, explica Rodriguez.
“Para isso, pode-se misturar uma pequena quantidade diluída de álcool isopropílico ou ácido acético (aquele encontrado no vinagre). Essas substâncias têm um pH baixo, e os microrganismos não sobrevivem a esses níveis.”
Com álcool o uso de isopropílico, fica menor o risco de dano elétrico caso o líquido entre no dispositivo. Além disso, a substância evapora rápido e é eficiente na eliminação de gorduras, garante a engenheira química.
Martín Errante, da Motorola, afirma que os serviços técnicos “geralmente usam álcool isopropílico”, mas recomenda que a limpeza com o produto seja feita por uma pessoa preparada.
O que evitar
- Toalhas, lenços faciais ou qualquer material áspero;
- Água da torneira, pois contém cloro e pode provocar manchas na tela;
- Molhar diretamente o dispositivo, já que há o risco de o líquido entrar em seu interior, provocando danos graves. O mais seguro é umedecer levemente o pano e esfregá-lo em uma mesma direção.
Por Analía Llorente