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Yeats – Poesia – 23/05/24

Boa noite. O prazer do difícil Yeats ¹ O prazer do difícil tem secado A seiva em minhas veias. A alegria Espontânea se foi. O fogo esfria No coração. Algo mantém cerceado Meu potro, como se o divino passo Já não lembrasse o Olimpo, a asa, o espaço, Sob o chicote, trêmulo, prostrado, E carregasse pedras. Diabos levem As peças de teatro que se escrevem Com cinqüenta montagens e cenários, O mundo de patifes e de otários, E a guerra cotidiana com seu gado, Afazer de teatro, afã de gente, Juro que antes que a aurora se apresente Eu descubro a cancela e abro o cadeado. Tradução: Augusto de Campos ¹ William Butler Yeats * Dublin, Irlanda – 13 de Junho de 1865 d.C + Menton, França – 28 de Janeiro de 1939 d.C

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Yeats – Poesia – 10/12/23

Boa noite A canção do delirante Aengus Yeats¹ Eu fui para uma floresta de nogueiras, Porque minha mente estava inquieta, Eu colhi e limpei algumas nozes, E apanhei uma cereja, curvando o seu fino ramo; E, quando as claras mariposas estavam voando, Parecendo pequenas estrelas, flutuando erráticas, Eu lancei framboesas, como gotas, em um riacho E capturei uma pequena truta prateada. Quando eu a coloquei no chão E fui soprar para reativar as chamas, Alguma coisa moveu-se e eu pude ouvir, E, alguém me chamou pelo meu nome: Apareceu-me uma jovem, brilhando suavemente Com flores de maçãs nos cabelos Ela me chamou pelo meu nome e correu E desapareceu no ar, como um brilho mais forte. Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos Por tantas terras cheias de cavernas e colinas, Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi, E beijar seus lábios e segurar suas mãos; Caminharemos entre coloridas folhagens, E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo As prateadas maçãs da lua, As douradas maçãs do sol. ¹William Butler Yeats * Dublin Irlanda – 13 de Junho de 1865 d.C + Boston, Usa – 28 de Janeiro de 1939 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1932

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Yeats – Poesia – 19/11/23

Boa noite Velejando para Bizâncio William Buttler Yeats¹ Aquela não é terra para velhos. Gente jovem, de braços dados, pássaros nas ramas — gerações de mortais — cantando alegremente, salmão no salto, atum no mar, brilho de escamas, peixe, ave ou carne glorificam ao sol quente tudo o que nasce e morre, sêmen ou semente. Ao som da música sensual, o mundo esquece as obras do intelecto que nunca envelhece. Um homem velho é apenas uma ninharia, trapos numa bengala à espera do final, a menos que a alma aplauda, cante e ainda ria sobre os farrapos do seu hábito mortal; nem há escola de canto, ali, que não estude monumentos de sua própria magnitude. Por isso eu vim, vencendo as ondas e a distância, em busca da cidade santa de Bizâncio. Ó sábios, junto a Deus, sob o fogo sagrado, como se num mosaico de ouro a resplender, vinde do fogo santo, em giro espiralado, e vos tornai mestres-cantores do meu ser . Rompei meu coração, que a febre faz doente e, acorrentado a um mísero animal morrente, já não sabe o que é; arrancai-me da idade para o lavor sem fim da longa eternidade. Livre da natureza não hei de assumir conformação de coisa alguma natural, mas a que o ourives grego soube urdir de ouro forjado e esmalte de ouro em tramas, para acordar do ócio o sono imperial; ou cantarei aos nobres de Bizâncio e às damas, pousado em ramo de ouro, como um pássaro, o que passou e passará e sempre passa. Tradução de Augusto de Campos ¹ William Buttler Yeats * Dublin, Irlanda – 13 de Junho de 1865 + Menton, França – 28 de Janeiro de 1939

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Yeats – Versos na tarde – 02/11/2014

A canção do delirante Aengus (1899) Yeats¹ Eu fui para uma floresta de nogueiras, Porque minha mente estava inquieta, Eu colhi e limpei algumas nozes, E apanhei uma cereja, curvando o seu fino ramo; E, quando as claras mariposas estavam voando, Parecendo pequenas estrelas, flutuando erráticas, Eu lancei framboesas, como gotas, em um riacho E capturei uma pequena truta prateada. Quando eu a coloquei no chão E fui soprar para reativar as chamas, Alguma coisa moveu-se e eu pude ouvir, E, alguém me chamou pelo meu nome: Apareceu-me uma jovem, brilhando suavemente Com flores de maçãs nos cabelos Ela me chamou pelo meu nome e correu E desapareceu no ar, como um brilho mais forte. Talvez eu esteja cansado de vagar em meus caminhos Por tantas terras cheias de cavernas e colinas, Eu vou encontrar o lugar para onde ela se foi, E beijar seus lábios e segurar suas mãos; Caminharemos entre coloridas folhagens, E ficaremos juntos até o tempo do fim do tempo, colhendo As prateadas maçãs da lua, As douradas maçãs do sol. ¹William Butler Yeats * Dublin, Irlanda – 13 de Junho de 1865 d.C + Menton, França – 28 de Janeiro de 1939 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Yeats – Versos na tarde – 19/11/2013

E daí? Yeats¹ Estudante, os mais íntimos colegas Já viam nele um grande gênio então; Ele também; e agiu segundo as regras Passando em claro as suas noites negras. E daí? canta a sombra de Platão. Seus escritos lhe dão notoriedade; Ao cabo de alguns anos ganha tão Bem que não passa mais necessidades; Seus amigos, amigos de verdade. E daí? canta a sombra de Platão. Seus sonhos todos vêm à luz do dia: Casa boa, mulher, filhos, carrão, Horta e pomar onde tudo crescia, Poetas e Sábios sobre ele choviam. E daí? canta a sombra de Platão. Obra completa, já maduro, tosse: “Meu projeto de jovem concluí; Que os tolos clamem; um senão que fosse; Pois algo ao nível do perfeito eu trouxe.” E a voz mais alto: E daí? E daí? Tradução: Ivo Barroso ¹William Butler Yeats * Dublin, Irlanda – 13 de Junho de 1865 d.C + Menton, França – 28 de Janeiro de 1939 d.C >> Biografia de Yeats [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Yeats – Versos na tare – 05/02/2013

E daí? Yeats ¹ Estudante, os mais íntimos colegas Já viam nele um grande gênio então; Ele também; e agiu segundo as regras Passando em claro as suas noites negras. E daí? canta a sombra de Platão. Seus escritos lhe dão notoriedade; Ao cabo de alguns anos ganha tão Bem que não passa mais necessidades; Seus amigos, amigos de verdade. E daí? canta a sombra de Platão. Seus sonhos todos vêm à luz do dia: Casa boa, mulher, filhos, carrão, Horta e pomar onde tudo crescia, Poetas e Sábios sobre ele choviam. E daí? canta a sombra de Platão. Obra completa, já maduro, tosse: “Meu projeto de jovem concluí; Que os tolos clamem; um senão que fosse; Pois algo ao nível do perfeito eu trouxe.” E a voz mais alto: E daí? E daí? Tradução: Ivo Barroso ¹ William Butler Yeats * Dublin, Irlanda – 13 de Junho de 1865 d.C + Menton, França – 28 de Janeiro de 1939 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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