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Bolsas da China sofrem baque com novas preocupações sobre a economia

A Bolsa de Xangai encerrou o pregão desta sexta-feira (15) com uma queda de 3,6%, aos 2.900,97 pontos, chegando ao menor nível em quase cinco meses. “As oportunidades não têm precedentes, mas os desafios também não”, disse o responsável máximo pelos negócios estrangeiros do gigante asiático nesta quinta-feira O mercado, com perdas acumuladas de 20,6% desde a máxima de dezembro, entrou no chamado “território baixista”. Em Shenzhen, o índice local caiu 3,4%, a 1.796,13 pontos. O movimento foi motivado por indicadores de crédito que frustraram o mercado e também com a notícia, do jornal chinês International Finance News, de que bancos do gigante asiático estariam negando ações de empresas como garantia para empréstimos. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] De acordo com números do Banco do Povo da China (PBoC, o Banco Central chinês), os bancos do país liberaram 597,8 bilhões de yuans (US$ 90,7 bilhões) em empréstimos em dezembro do ano passado, contra os 708,9 bilhões de yuans de novembro. Analistas contavam com um resultado bem melhor, em torno dos 700 bilhões de yuans. Nas bolsas asiáticas, também houve baixas. No Japão, o Nikkei fechou com queda de 0,54%, aos 17.147,11. Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 1,50%, aos 19.520,77 pontos. Em Seul, o índice Kospi se desvalorizou 1,11%, aos 1.878,87 pontos. Em Sydney, o S&P/ASX 200 teve queda de 0,34%, a 4.892,80 pontos. Em Manila, contudo, o PSEi teve alta de 0,64%, a 6.449,50 pontos. O conselheiro de Estado da China Yang Jiechi alertou nesta quinta-feira (14) para a possibilidade de uma nova crise financeira global. “Não é possível descartar por completo a possibilidade de vermos acontecer uma nova crise econômica, e o problema não devia ser negligenciado”, destacou em evento. >> Conselheiro de Estado da China diz que mundo pode enfrentar nova crise O índice de Xangai tinha registrado alta de quase 2% nesta quinta-feira, enquanto as bolsas asiáticas tiveram recuo, afetadas pela desvalorização em Wall Street em meio a temores em relação à economia global, e também pelas baixas na cotação do petróleo. Um dia antes, havia sido registrado um movimento contrário, uma queda superior a 2% nas bolsas chinesas e alta em torno de 1% nas asiáticas. JB

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Contra o que todo mundo protesta?

Na primeira fila da passeata, o presidente da Fiesp, embrulhado numa bandeira brasileira, e sindicalistas de todos os matizes. Cena inimaginável há alguns anos. Mais surpreendente ainda é tantas manifestações estarem ocorrendo em tantas cidades do mundo, ao mesmo tempo: Nova York e mais dezenas de cidades americanas, Roma, Berlim, Atenas. E se procurarmos um pouco mais, encontraremos algumas dezenas de cidades menores. Cada uma protesta contra ou reivindica coisas diferentes. No Chile são os custos do ensino, no Brasil é a corrupção, nos EUA, os bancos, na Europa, os governos. Analistas tentam encontrar alguma unidade nos movimentos mundo afora. Pelas primeiras impressões, o traço de união são as redes sociais. Mas essa é só parte da verdade. Os protestos não estão ocorrendo por causa das redes sociais, apenas sua simultaneidade pode ser-lhes atribuída. As redes são só o instrumento que torna possível que tanta gente, em tantos lugares diferentes e distantes, se manifeste ao mesmo tempo. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Estamos tendo um 1968 ou o equivalente da queda da Bolsa de Nova York em 1929, só que em tempo real. Em 1968 os protestos se espalharam pelo mundo, mas a velocidade das notícias era muito menor. Na quebra da bolsa em 1929 não só as notícias circulavam mais lentamente, como a própria compreensão das causas do fenômeno demorava muito mais a ocorrer. Agora, apesar das mudanças, da rapidez das comunicações, o fator comum a todas as manifestações é que todos viram a largura das escadas da ascensão socioeconômica estreitar-se subitamente, em todos os países. O mundo era feliz e risonho e não sabia. Todos seguindo o ritmo normal da vida: todos iríamos melhorar de vida. Teríamos todos mais acesso ao consumo – a grande medida de felicidade do mundo contemporâneo – e os nossos filhos estariam melhor do que nós, como, em boa medida, as gerações de hoje estão muito melhor do que as que nos antecederam. Tudo eram favas contadas. A humanidade tem boa memória para o bom. Memória tão boa que todas essas coisas viraram, por assim dizer, “naturais”. Não podia ser diferente. Há 150 anos, mais de 90% da população do mundo jamais viajou além de um raio de 10 ou 20 quilômetros do lugar onde nascera. Um jovem e uma jovem judeus se encontraram no Brasil na década de 1930. Haviam nascido em cidades alemãs que distavam menos de 50 quilômetros uma da outra e não conseguiam se entender em suas línguas nativas. Eles salvaram o seu romance no iídiche, a língua dos judeus alemães ashkenazi, que lhes permitiu se comunicarem, namorarem e virem a se casar. Quase tudo mudou. Mas quem se comunica pelo alfabeto latino vê na televisão e só tem uma ideia vaga do que dizem os cartazes dos protestos na Grécia, escritos em seu próprio alfabeto, graças à explicação dos apresentadores. A tradução ainda é necessária para saber contra o que os gregos se manifestam. Hoje essas coisas ocorrem no mundo inteiro ao mesmo tempo. Na China, mesmo com o regime fechado, já começam a pipocar as perspectivas de estreitamento da mobilidade social – e lá são quase três Brasis para entrar na sociedade de consumo. O temor da democratização é tal que o governo chinês proibiu um programa de calouros na televisão porque os telespectadores podiam “votar” em quem consideravam os melhores. O governo entrou em pânico, com receio de que isso viesse a dar ideias aos chineses de que voto era uma coisa boa e poderia ser repetido em outras esferas, inclusive na política. O caso foi contado na revista inglesa The Economist. Todos os protestos, díspares, sem nenhuma conexão aparente a não ser a existência de ferramentas eletrônicas que tornam possível a comunicação instantânea, tinham somente um eixo comum: a chance de cada um de melhorar de vida está sensivelmente diminuída em razão dos arranjos que “alguéns” fizeram na economia. Não importa se são os bancos, os governos, as autoridades educacionais, os Parlamentos ou o que seja. Criada para ser uma rede militar de comunicações descentralizada, de modo que nenhum inimigo pudesse imobilizá-la, a internet expandiu-se para onde os criadores jamais imaginaram. Temos internet para tudo e programas governamentais para torná-la acessível a todas as populações são tão rotineiros e prioritários quanto as políticas de vacinação o foram para acabar com epidemias. Ninguém previa, entretanto, que ela viria a ser o traço de união de tantos descontentamentos díspares em línguas diferentes, espalhados pelo mundo. Pelo visto, não há nada a fazer. No primeiro semestre deste ano, as potências ocidentais foram rápidas ao batizar, simpaticamente, os protestos no Norte da África e no Oriente Médio de “primavera árabe”, uma expressão gentil e esperançosa. Mas isso foi rapidamente convertido, na Inglaterra, numa mera coordenação de baderneiros perigosos. Quando chegamos ao outono (do Hemisfério Norte), que está presenciando simultaneamente todos esses protestos, ainda não existe nome, nem simpático nem antipático. O Fundo Monetário Internacional (FMI) corre para dizer que fica o dito pelo não dito e as políticas de austeridade, com as quais tanto se incomodaram os países da América Latina nos anos 80 e 90 do século passado, não valem mais. O que era chamado de imprimir dinheiro para fazer inflação virou respeitavelmente QE (quantitative easing, política de expansão monetária), que nada mais é do que imprimir dinheiro do nada. No fim das contas, é apenas mais do mesmo, só que agora não mais maldito. Por quanto tempo os governos poderão dormir sossegados com um barulho destes, levando em conta que só houve algumas coisas básicas que não mudaram: a economia continua a ser a ciência da escassez e os desejos humanos seguem ilimitados? ¹ Alexandre Barros, cientista político (PH.D., University of Chicago), é sócio da Early Warning Consultoria (Brasília) – O Estado de S.Paulo

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Economia: protestos nos EUA entram no 28º dia e se alastra pelo país do liberalismo

A mídia comprometida, como sempre, com o interesse do grande capital, continua escondendo, ou minimizando, os protestos espontâneos que estão acontecendo no coração do capitalismo. Para o presidente Obama, que não mais pode dizer “Yes We Can“, “os manifestantes de Wall Street “estão dando voz a uma frustração de base mais ampla sobre como funciona o nosso sistema financeiro”. “Estamos aqui para o longo curso”, disse Patrick Bruner, um manifestante e estudante de Skidmore College, em Nova York, que está entre os acampados num parque privado perto de One World Trade Center. A polícia do prefeito Bloomberg, tem feito cerca de 100 prisões e usou spray de pimenta, que eles alegam ser uma alternativa melhor do que cassetetes para subjugar os manifestantes. Wall Street, o grande cassino mundial, torna mais que atual a citação de Einstein: “A anarquia econômica da sociedade capitalista como existe atualmente é, em minha opinião, a verdadeira origem do mal.” O Editor Os protestos contra Wall Street entraram no 18º dia nesta terça-feira, com manifestantes ao redor dos Estados Unidos mostrando a raiva contra a crise econômica e contra o que eles dizem ser a cobiça das corporações. Os protestos se alastraram de Nova York para Chicago, St. Louis, Boston e várias cidades. O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, um bilionário que fez fortuna no mundo corporativo, disse que os manifestantes estão equivocados. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]”Os manifestantes protestam contra pessoas que ganham entre US$ 40 mil e US$ 50 mil por ano e lutam para pagar as contas. Isso é o fundo do poço. Essas pessoas trabalham em Wall Street ou no setor bancário”, disse Bloomberg em entrevista a uma rádio. Em Chicago, os manifestantes bateram tambores perto do setor financeiro da cidade. Outros manifestantes montaram tendas e gritaram palavras de ordem contra os motoristas dos carros em Boston, St. Louis, Kansas City e Los Angeles. Alguns manifestantes chegam a se identificar com o movimento ultraconservador Tea Party do Partido Republicano – embora com um viés de esquerda – enquanto outros se dizem inspirados nas revoltas populares que acontecem nos países árabes. A maioria dos manifestantes são estudantes temerosos com o futuro ingresso em um estagnado mercado de trabalho, ou profissionais da meia idade que perderam os empregos. “Nós sentimos que o poder em Washington na realidade foi comprometido por Wall Street”, disse Jason Counts, um analista de sistemas de informática e um entre as dezenas de manifestantes que protestaram hoje em Saint Louis, no Missouri. Em Boston, manifestantes montaram tendas coloridas e centenas fizeram uma passeata até a Statehouse, pedindo o fim da influência corporativa sobre o governo. “Lutem contra os ricos, não lutem as guerras deles”, gritavam. “Neste momento, nós não prevemos protestos mais amplos”, disse Tim Flannelly, porta-voz do FBI, polícia federal americana, em Nova York. “Mas se eles ocorrerem na cidade (NY), tanto nós quanto a Polícia de Nova York enviaremos todas as reservas necessárias para contê-los”, afirmou. As informações são da Associated Press.

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A ocupação de Wall Street e a luta simbólica

Se algo é essencial em qualquer estrutura de domínio, além de forjar o consentimento da maioria silenciosa, é afirmar símbolos comuns. Os ícones representam mais que a si mesmos, sendo síntese de uma proposta civilizatória. Por Bruno Lima Rocha Para o capitalismo praticado em escala global e propagado através dos Estados Unidos, o epicentro do poder está no número 11 de Wall Street, sede da Bolsa de Valores (NYSE). A ocupação simbólica desse espaço geográfico pode não ter consequências políticas diretas, mas representa um soco no fígado do capital financeiro. É curioso observar como a ação começa. Tem momentos em que a vida imita a arte, ou ao menos, as versões mais agitadas desta. Numa passagem do filme Capitalismo: uma história de amor (2009) de Michael Moore, o diretor enrola a entrada da sede Bolsa de Valores de Nova York com fita de isolamento para cenas de crime, e antes tenta executar uma prisão – como cidadão – da diretoria da empresa de seguros AIG. Moore é reprimido e chega até a apanhar da segurança privada. De tão relevante, a ideia permaneceu. Na edição de 13 de julho, o grupo de ativistas culturais Adbusters.org publica no número 97 de sua revista impressa uma convocatória para que, no dia 17 de setembro, milhares de cidadãos estadunidenses ocupassem a Wall Street, reproduzindo em Nova York um momento como da Praça Tahrir do Egito. Para espanto dos proponentes e desespero dos entusiastas da especulação financeira, 5000 pessoas marchavam neste dia, atendendo a convocatória despretensiosa. De lá para cá, o movimento segue ativo, espalhando-se por outras cidades da superpotência e defrontando-se com a espiral do silêncio da mídia corporativa deles e, como era de se esperar, uma escalada repressiva. A revolta das pessoas com um nível de informação razoável é saber que as máximas: “grande demais para falir” (too big to fail) e “grande demais para ir preso” (too big to jail), são simplesmente reais. Isto foi demonstrado em reportagens de fôlego por centros de jornalismo cidadão como Propublica.org eIwatchNews.org. Neste bojo, documentários como Trabalho Interno (Charles Ferguson, 2010) e o predecessor sobre a falência fraudulenta da empresa de energia Enron (Alex Gibney, 2005) sedimentaram um terreno mais que fértil para a revolta cidadã.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Diante dos efeitos nefastos que a “fraude com nome de crise financeira” vem causando, não se pode desconsiderar a acumulação de forças que um ato como a ocupação de Wall Street traz consigo. Bruno Lima Rocha é cientista político site->www.estrategiaeanalise.com.br e-mail-> / blimarocha@gmail.com  

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