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É Froidi – Drops & Picles

Michelle Bolsonaro diz que …”a elite artística brasileira não presta, só querem mamar na teta do governo”. “Micheque Bozó” foi quem recebeu um cheque de R$ 24 mil do laranjeiro Queiroz, o “inachável”. Ps. Vá estudar – sei que estou pedindo muito além da capacidade dos seus Tico e Teco – concordância verbal. Quando o substantivo é coletivo, o verbo não flexiona. Paródia. Com todas as vênias ao grande Luiz Melodia. …lava roupa todo dia/ demagogia/ sem ajuda do Queiroz/ que lavanderia… Bananil; uma nação de otários? Quer comprar? Quer vender? “QUEIROZ MULTIMARCAS”, onde você faz o melhor negócio. Tá explicado. Na entrevista Queiroz foi sarcástico, inteligente e perfeito. Só acrescento que esse cara pensa que somos imbecis. Ou será que somos imbecis e palhaços?   Ele contou a versão dele, ruim, mas é uma versão. Falta agora provar. Quem vende carro trabalha com CSV assinado e procuração, basta apresentar esses documentos. E quem é tão experiente em revenda de carros, não joga fora esses documentos, porque sabe que o comprador em geral enrola para transferir o carro. Infelizmente, o Brasil continua o mesmo e os aproveitadores trocam de nome, mas continuam se aproveitando do Estado.   Queiroz, Queiroz, esse seu angu tá cheio de caroço! Aguardem, que estamos voltando aos velhos tempos das várias versões para um mesmo fato, que vão mudando ao sabor do momento. “Não vi,” “não sei,” “não é meu,” breve, breve, vão, também entrar no repertório. Coisas que o sumiço de Queiroz esclareceu: 1. Queiroz e a filha têm mais medo dos amigos do que da justiça; 2. A lei varia conforme o humor dos procuradores do MPF; 3. Estamos carentes de jornalistas investigativos; 4. A lei do silêncio nos hospitais: nenhuma foto de Queiroz? O laranjal do “Bozó Kid”, continua fértil. Surge nova denúncia. Dessa vez envolve Lídia Cristina dos Santos Cunha – vixe! Cunha? – e Valdenice de Oliveira Meliga – vixe! Meliga? – que foram nomeadas para serem suas (dele) assessoras parlamentares na Alerj. Salário líquido de cada donzela “queiroziana”; R$ 5.124,00. Detalhe: Elas nunca apareceram no trabalho. Fonte: Jornal do SBT. Leio no TWITTER a lista dos “comunistas” brasileiros boicotados pelo MBL. Nela estão Delfim Neto e Cristiana Lobo, entre outros. Realmente esses garotos não fazem ideia do que seja o socialismo, e tampouco comunismo ou democracia. Ignorância explicita exposta sem constrangimento pelos devoradores de alfafa. Muar, hífen é completamente diferente de travessão. Vá estudar acentuação gráfica e depois volte. Ah!, aproveite e aprenda o uso de aspas duplas e aspas simples.

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Dia da Não Violência: O que aprendemos com Mahatma Gandhi

As suas ideias continuam poderosas. OMIKRON OMIKRON Gandhi morreu há 70 anos, mas suas ideias permanecem poderosas.  O dia 30 de janeiro é conhecido como o Dia da Não Violência. Criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2007, a data é uma homenagem ao líder pacifista Mahatma Gandhi. Ele foi assassinado neste mesmo dia, em 1948. Mohandas K. Gandhi nasceu em Porbandar, no interior da Índia, em 1869. Ainda em vida, ele recebeu o título de Mahatma de seus seguidores, que significa “grande alma”. Gandhi foi o responsável pelo movimento de emancipação do país e da luta em defesa dos direitos humanos. A sua estratégia era conhecida pela resistência pacífica e a não cooperação com as autoridades. Por meio da desobediência civil das leis consideradas injustas, Gandhi ficou conhecido ao redor do mundo na defesa da não violência em lutas sociais. Ele também era adepto do jejum como forma de protesto e a sua figura influenciou as comunidades muçulmanas e hindus da Índia. Porém, foi justamente por tentar atenuar a tensão entre as comunidades religiosas que Gandhi foi assassinado por um hindu radical em Nova Déli. As disputas entre os dois grupos persistem e resultaram no Estado do Paquistão. Em homenagem aos 70 anos da morte do pacifista, listamos dez ideias de Gandhi que continuam extremamente poderosas: BEAWIHARTA BEAWIHARTA / REUTERS Violência é criada por desigualdade, a não violência pela igualdade. ANDREW KELLY / REUTERS A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência. HINDUSTAN TIMES VIA GETTY IMAGES Não há caminho para a paz. A paz é o caminho. GETTY IMAGES/ISTOCKPHOTO Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição. BIJENDRA Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.​​​​ GETTY IMAGES/EYEEM Você não deve perder a fé na humanidade. A humanidade é um oceano. Se algumas gotas do oceano estão sujas, o oceano não se torna sujo. GETTY IMAGES Temos de nos tornar a mudança que queremos ver. GETTY IMAGES/ISTOCKPHOTO O amor nos ensina a ter, para a fé dos demais, o mesmo respeito que se tem pela própria. GETTY IMAGES O fraco nunca perdoa. O perdão é a característica do forte. GETTY IMAGES A felicidade existe quando o que você diz, pensa e faz estão em completa harmonia. By Ana Beatriz Rosa

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A guerra pelo poder na Rocinha

Traficante, ‘primeira-dama’ e ex-guarda-costas em guerra por poder na Rocinha: a visão de biógrafo de Nem Danúbia é mulher e ‘herdeira’ de Nem | Foto: Reprodução/ Facebook De um lado, o antigo guarda-costas e atual desafeto, que assumiu o poder do morro depois da prisão do mentor. De outro, a mulher do ex-chefe, condenada por tráfico, foragida, mas que, nas redes sociais, ostenta os cabelos pintados bem louros, o corpo bronzeado com biquínis e decotes, óculos escuros de grife e colares de ouro com pingente de coroa.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Ainda é cedo para concluir que a disputa de poder na Rocinha, zona sul do Rio, e a violência detonada na área, que culminou em novo tiroteio na manhã desta sexta-feira e com a decisão de intervenção do Exército, tenham sido ordenadas pelo traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, vulgo Nem, de dentro de uma prisão de segurança máxima, considera o jornalista britânico especializado em crime organizado Misha Glenny. Mas o racha interno e a crescente tensão entre a mulher e “herdeira” de Nem, Danúbia Rangel, e seu ex-aliado e sucessor, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, precedem o conflito, em uma disputa de protagonismo que pode ajudar a explicar o embate – que gerou fortes tiroteios e imagens de guerra de domingo para cá na maior favela do Rio. Glenny conta a história de Nem no livro O Dono do Morro: um homem e a batalha pelo Rio (Companhia das Letras), lançado no ano passado. Em entrevista à BBC Brasil, ele considera que ainda há lacunas a se preencher sobre o papel que o ex-chefe do morro, preso em 2011 e atualmente em um presídio de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia, teve no episódio. Mas diz que Nem continua sendo “extremamente influente” na Rocinha e que Danúbia vinha buscando maior protagonismo na comunidade, com uma divisão de forças entre ela e Rogério 157. “Claramente havia muita tensão entre o Rogério e a Danúbia. A única coisa que eu ainda não entendi é se a Danúbia estava agindo motivada por sua própria ambição, ou se estava representando, de fato, o Nem”, considera Glenny. “Eu suspeito que se trate mais da primeira opção, mas essa é só uma interpretação minha.” Glenny aponta para tensão entre Danúbia e Rogério 157, ex-aliado de Nem | Foto: Divulgação/ Ivan Gouveia Danúbia teria sido expulsa da Rocinha a mando de Rogério, e ambos estão foragidos. Ela, porém, parece se manter ativa nas redes sociais, onde, na segunda-feira, em uma conta que acredita-se ser dela, gabou-se de um perfil publicado no jornal O Globo. Postou o link da matéria destacando um trecho que a compara com a Bibi Perigosa vivida por Juliana Paes na novela A Força do Querer. “Viu só como estou poderzão ainda?”, escreveu com um emoji de sorriso escancarado. Na semana anterior, essa conta postou um panfleto do disque-denúncia com sua foto e de outras mulheres procuradas pela polícia, fazendo troça: “Eu e minha coleguinhas bombando por aí”, diz, ao lado de carinhas chorando de tanto rir. Glenny diz que Danúbia não é muito popular na Rocinha, sendo uma “forasteira” que veio da Maré, complexo de favelas na zona norte do Rio. Teria autoridade na favela não por sua personalidade, mas por ser mulher de Nem, tornando-se uma rara liderança feminina no mundo do tráfico – que lhe rendeu a alcunha de “Xerife da Rocinha”. Ela é a quarta esposa de Nem – que, segundo Glenny, sempre se mostrou “muito apaixonado” por ela. Antes, foi mulher de dois traficantes na Maré, ambos mortos pela polícia. Daí também o apelido de “viúva negra”. No domingo, a Rocinha foi invadida por dezenas de traficantes de morros como o São Carlos e o Vila Vintém, favelas controladas, assim como a Rocinha, pela facção criminosa conhecida como Amigos dos Amigos (ADA). O bando estaria, a pedido de Nem – segundo os jornais -, tentando tomar o controle das mãos de Rogério 157, em uma disputa interna da favela por integrantes da mesma organização. Glenny, que se encontra em Londres, diz que segue acompanhando de perto a escalada de violência no Rio e considera que os governos estadual e federal tem sido “incapazes” de lidar com a guerra de facções no Rio, que as Unidades de Polícia Pacificadora só continuam existindo “no papel” e que o envio do Exército para o Rio “não teve qualquer impacto na redução da criminalidade”. Leia abaixo os principais trechos da entrevista. BBC Brasil – O seu livro narra desde a ascensão de Nem a “dono do morro” à sua prisão em 2011. Ele agora está em um presídio de segurança máxima em Rondônia – que papel você acha que ele desempenhou nessa disputa? Misha Glenny – Citando fontes da polícia e do sistema prisional, os jornais dos últimos dias têm dado como certo que Nem comandou a invasão da Rocinha através da Danúbia (Rangel, sua mulher). Para mim, isso ainda é uma questão em aberto. Não digo que não aconteceu, mas não está comprovado. O Nem continua sendo uma figura incrivelmente influente e popular na Rocinha, e as pessoas o ouvem muito, mas não sabemos ainda até que ponto ele está envolvido. Se a ordem partiu dele, para quem teria dado a mensagem? Desde o início do mês ele não teve visitas da família, e só na terça desta semana foi visitado por seu advogado. Danúbia, que aparece em conta no Facebook que seria sua, é a quarta esposa de Nem | Foto: Reprodução/Facebook BBC Brasil – Sempre vemos disputas entre facções rivais no Rio, mas o que parece notável neste caso é que a disputa é entre integrantes da mesma facção (a ADA). O que precipitou esse conflito interno? Glenny – Na última vez que estive no Rio, em dezembro, já tinha havido um racha entre a Danúbia e o Rogério (Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, sucessor de Nem no comando do tráfico da Rocinha). A Danúbia havia criado seu próprio bonde e tinha seus próprios seguranças. E havia um terceiro

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Cultos Africanos – Narcotráfico

Ataque às religiões de matriz Africanas fazem parte da nova dinâmica do tráfego no Rio. Traficantes destroem terreiros de umbanda candomblé. Foto: reprodução de vídeo divulgado no youtube “TODO O MAL tem que ser desfeito, em nome de Jesus”, diz um traficante, ordenando que uma yalorixá destrua as imagens do seu terreiro em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, divulgado na quarta-feira (13). Em outro vídeo que circula nas redes sociais, um homem “lembra” a um pai de santo que o chefe não quer macumba no local: “É só um diálogo [segurando um taco de baseball escrito diálogo] que eu tô tendo com vocês.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Da próxima vez eu mato”, diz. As cenas  absurdas  são uma amostra de uma onda de ataques a terreiros de umbanda e candomblé comandados por traficantes que seguem acontecendo no Rio de Janeiro. Até o momento, só em setembro, foram oito casos registrados apenas em Nova Iguaçu. O Disque 100, serviço de denúncias de violações de direitos humanos do Governo Federal, recebeu, entre 2011 e 2016, 175 denúncias de intolerância religiosa no estado – 10% do total no país. Há relatos de ataques e perseguições em toda a  Região Metropolitana. No Rio, traficantes proíbem a prática das religiões e o uso de roupas brancas, levando filhos de santos a deixarem as favelas. Na Cidade Alta, após a troca de comando no morro em novembro do ano passado, imagens de santos foram retiradas de comércios locais.Os casos mencionados aconteceram em lugares dominados pela mesma facção criminosa, o Terceiro Comando Puro. As investigações correm em sigilo e parte dos envolvidos já foi identificada. Como resposta ao crescente número de casos de intolerância, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública acenam com  a criação de uma delegacia especializada até o fim do ano. A conversão religiosa dos “homens do tráfico” não é um fenômeno novo, e esse tipo de perseguição acontece há mais de 10 anos nas favelas cariocas. Para ajudar a entender essa dinâmica em que traficantes que se denominam evangélicos tentam combater outras religiões nos territórios que dominam, The Intercept Brasil conversou com a professora de sociologia da UFF e autora do livro “Oração de traficante: uma etnografia” Christina Vital da Cunha, que pesquisa o tema há 23 anos. The Intercept Brasil: Por que é comum que traficantes busquem ajuda religiosa? Christina Vital da Cunha: Tanto policiais quanto traficantes, sempre estão no limite. Então, buscam proteção na religião. O salmo 91 é usado por policiais e traficantes, por exemplo. Assim como são Jorge foi e ainda é. O que acontece com essa proximidade mais recente dos traficantes com esse universo evangélico é que a igreja se apresenta como uma rede que os auxilia em diferentes questões da vida, como a preparar a saída do tráfico. O que os pastores chamam de libertação de traficantes. TIB: Como aconteceu essa aproximação com os evangélicos? CC: A primeira coisa que a gente tem que pensar quando vai se analisar essa situação é que os traficantes são formados em um caldo cultural que é comum hoje às pessoas de favelas e periferias. Eles sempre são produto de um meio. A gente vem observando com o passar das décadas, sobretudo dos anos 1990, um crescimento muito expressivo no número de templos religiosos evangélicos. Muitos deles são de famílias evangélicas, então já foram educados com referencial religioso. “O pastor Marcos Pereira teve grande influência sobre a conversão de vários chefes do tráfico, a partir da ação dele nos presídios”. Somado a isso, os pentecostais têm por característica a realização de missões com grupos marginalizados, entre eles os traficantes, oferecendo rede de proteção espiritual, psicológica e também material. Isso tem efetividade nessas localidades, assim como no sistema prisional. O pastor Marcos Pereira teve grande influência sobre a conversão de vários chefes do tráfico, a partir da ação dele nos presídios. Mas não só ele, traficantes convertidos, a Universal do Reino de Deus e a Assembleia de Deus também participam dessas ações em favelas e periferias. TIB: Como os líderes religiosos enxergam esses traficantes que se denominam evangélicos? CC: Há muitos nessa comunidade moral que é a comunidade religiosa, que negam o pertencimento do traficante, pois ele não pode dizer que é evangélico porque ele não tem uma conduta correta. Dizem que eles estão em um processo. Tem muita gente séria que leva a palavra de Deus a essas pessoas, pois acreditam que elas podem e devem se libertar. Mas também tem os que usam o dinheiro do tráfico. A coisa é complexa e tem de tudo. TIB: A figura de traficantes evangélicos é exclusiva do TCP? CC: Nos anos 2000, houve a conversão de um dos chefes do Terceiro Comando. Essa conversão atualiza comportamentos no crime. Havia uma orientação que levava a menos confrontos, menos mortes e também se referia às sucessões na hierarquia do tráfico baseada em uma visão que uma pessoa teve na igreja. A partir daí, traficantes de lugares diferentes da hierarquia do crime passam a se vincular ao universo religioso e ter o comportamento orientado por esse conjunto de valores evangélicos. Agora, não podemos afirmar que todo traficante evangélico pertence a uma única facção. É verdade que os casos midiatizados nos últimos dias são em localidades da mesma facção. Mas, por exemplo, no Complexo da Maré [no Rio], na parte do território do Comando Vermelho é comum as pichações com salmos e orações nas paredes. É algo que faz parte da cultura da periferia. TIB: Em que momento as religiões de matriz africana passam a ser perseguidas? CC: Existem líderes religiosos que incentivam a partir dos seus discursos nas igrejas atos de combate a inimigos espirituais e terrenos. Isso é uma prática que não acontecem só em igrejas de denominação única [independentes] em favelas e periferias. Isso acontece também com lideranças que estão aparecendo na mídia, e a gente vai encontrar isso em diferentes denominações e camadas sociais. A partir da valorização de uma teologia do domínio, insuflam o combate ao inimigo, o combate das forças do bem contra o mal. E o mal está localizado em determinados símbolos, signos, grupos, religiões e comportamentos que devem ser combatidos com

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Narcotráfico e a nova guerra do ópio

“Apenas” 272 Toneladas de Crack foram apreendidas no Rio de Janeiro em 2016. De janeiro a maio de 2017 as apreensões aumentaram 72% em relação ao mesmo período em 2016. Agora vão imaginando p que passa em helicópteros, jatinhos… Nos anos 80, o General norte americano Paul Gorman, comandante de tropas americanas sediadas no Panamá, declarou: “O povo norte-americano deve compreender que nossa segurança e a de nossos filhos está ameaçada pelos cartéis latinos da droga que tem mais êxito subversivo nos EUA do que tudo o que vem de Moscou (…) Para empreender uma ação armada com qualquer fim, o lugar propício para encontrar dinheiro e fuzis é o mundo das drogas.” Em 1985, um grupo de investigadores da Intellience Review, publicou um livro intitulado NARCOTRÁFICO S.A. – A NOVA GUERRA DO ÓPIO”- recomendo a leitura. Disponível na Amazon, mas somente em inglês e espanhol, onde lemos a afirmação: “Os herdeiros da velha Companhia Britânica das Ìndias Orientais – a mesma monarquia britânica e algumas das mesmas casas bancárias – iniciaram a nova Guerra do Ópio, exatamente com o mesmo objetivo da primeira vez: saquear as nações, destruí-las e sobretudo manter o poder do império”. No Brasil, enquanto nos ocupamos, inútil e quixotescamente, com a invencível corja de ratos politicos, o povo, do topo à base da pirâmide, somos bucha de canhão em uma guerra assimétrica, que nos aterroriza e que nos faz reféns das drogas e das quadrilhas que se multiplicam, cooptando a infância e a juventude, destruindo famílias e matando mais gente de fome, doença, tiroteios, assaltos e acidentes de trânsito, que em guerras declaradas. PS.1.E ainda há inocentes que acreditam que um apocalipse dessa dimensão pode ser resolvido com pena de morte e Polícia. Os policiais são heróis, mas não podem fazer milagres. PS.2. O nome George Soros não ficaria estranho nesse texto. E o mantra é simples na seara da ciência econômica; sem demanda não há oferta.

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Crianças, tráfico de drogas e pena de morte

As crianças e os adolescentes jurados de morte pela polícia e pelo tráfico de drogas Ilustração de Julio Falas Em São Paulo, burocracia e atrasos em repasses de verbas de programa especial deixam sem proteção jovens ameaçados de morte. Em 2017, 48% das ameaças vieram de policiais. Diante dos Defensores Públicos da Vara da Infância e Juventude de São Paulo, Gorete afirma se sentir mal com a possibilidade de “perder” o filho, ameaçado por policiais militares em fevereiro. Ela pede que D., que deixou a Fundação Casa recentemente, seja atendido pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM), instituído em 2007 pelo governo federal. “Eles entraram na minha casa com o intuito de matar o meu filho. Não tinham nem a identificação na farda”, conta emocionada, ao relembrar o episódio. Apesar de a Defensoria avaliar como concreto o risco de o adolescente morrer, mãe e filho saíram da conversa sem a garantia de ingresso no PPCAAM. O problema, explicou depois a defensora Claudia Abramo, é que o programa paulista não tem aceitado novos casos desde janeiro. “A gente manda para inclusão e recebe de volta”. “O que a gente faz é conversar com o adolescente e família para entender a extensão desta ameaça. Isso é frágil, mas é o que a gente tem hoje”, reclama. Gorete relatou que a ameaça ocorreu por volta da meia-noite, quando quatro policiais teriam revirado sua casa em busca de um revólver. “Disseram que meu filho foi denunciado. Como não acharam nada, colocaram uma arma na cabeça da minha filha de 12 anos. ‘Onde o seu irmão guarda uma [arma] dessa aqui, ó?’” Em seguida, disseram que dariam “um descanso” no adolescente. “Perguntei ‘que tipo de descanso?’. Um olhou para a cara do outro: ‘Vamos fazer assim: quando seu filho chegar, você liga pra gente’. Eu comecei a chorar e falei: ‘Não, eu não vou ligar. Não vou dar meu filho de bandeja pra vocês’. ‘A senhora é mãe, né? Mas a gente vai voltar e, quando a gente voltar, a gente dá cabo do seu filho aqui’.” Após o episódio, o menino não dormiu mais em casa. Na mesma noite, a mãe saiu à sua procura pelas ruas do bairro e o encontrou antes dos policiais. Para protegê-lo, contou com a “rede de proteção” dos amigos e abrigou-o na casa de um conhecido. “Eu sinto medo. Quando vejo uma viatura, fico olhando para ver se são eles. Fico na casa dos meus amigos, jogando videogame, durmo lá. Só vou pra casa às vezes para falar com a minha mãe e a avó, para dizer que estou bem”, disse D. aos defensores. Além da Defensoria Pública, Ministério Público, Tribunal de Justiça e Conselho Tutelar são as outras portas de entrada para o PPCAAM, que é realizado por meio de dois convênios: um da União com os estados e outro de cada estado com as ONGs executoras. Na ausência do programa, é implementado um Núcleo Técnico Federal ligado diretamente à coordenação nacional do PPCAAM. Atualmente, além de São Paulo, o programa abrange 13 estados. Em São Paulo, o Conselho Tutelar é a principal porta de entrada. Em 2015, por exemplo, representou 45% das demandas, segundo a ONG que o executa, a Samaritano Francisco de Assis. Fernando Prata, conselheiro tutelar na zona sul da cidade, afirma que o programa está desarticulado. “Ele não está funcionando, está suspenso por falta de verba. Nós estamos sem esse serviço.” “Eles enquadram, rasgam o RG…”  Além do caso de D., outros relatos dramáticos constam de um documento interno da Defensoria. “A gente tem recebido casos de ameaça de morte quase todos os dias”, afirma a defensora Claudia. “Há casos urgentes, e o PPCAAM é o nosso único meio efetivo de lidar com essas ameaças.” É caso do pai de R., adolescente ameaçado por policiais. “Eu não quero, Deus o livre, enterrar o meu filho; quero que meu filho me enterre.” Segundo o documento, R. já foi “enquadrado” e espancado duas vezes. Dorme e acorda com medo. Passou dias fora de casa para fugir da situação. Só retornou para a região onde foi ameaçado para o enterro do amigo de infância, um ano mais novo, morto pela polícia. Quando questionado sobre as ameaças sofridas, o jovem de 16 anos responde: “É uma tortura”. Uma técnica do serviço de medida socioeducativa desabafou para a Defensoria: “A coisa tá feia por lá; tá difícil até para os meninos cumprirem as medidas, porque são abordados no caminho; eles [a polícia] enquadram, rasgam o RG…”. Em outro caso, L., com poucos dias de liberdade da Fundação Casa, está ameaçado de morte por traficantes da região onde mora. Sua mãe não sabe o que fazer, e o adolescente, segundo a defensoria, “clama que alguém o ajude a sair dali”. O documento conclui que “a proteção, que deveria estar garantida, também está sob ameaça. São vidas duas vezes desprotegidas, negligenciadas e silenciadas”. A reportagem da Pública apurou a situação dos repasses para todos os estados onde o programa está ativo: São Paulo é o único onde não estão ocorrendo novas inclusões. Documento obtido pela Pública, assinado pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania (SJDC), que coordena o programa no estado, confirma a situação e aponta como causa para o freio às novas adesões a insuficiência de recursos e a redução de equipe técnica. “Parte do problema é a falta de previsão, por parte do Governo Federal, do valor a ser encaminhado ao programa”, o que teria gerado uma “insegurança na equipe atual ante as novas demandas”, diz o texto. Em resposta à reportagem, a Secretaria de Justiça esclarece que desde janeiro 34 novos casos não puderam ser atendidos. No entanto, a SJDC garantiu “a continuidade do programa sem o comprometimento” dos atuais 80 casos em vigência. Em resposta, o governo federal confirma os “atrasos em alguns repasses”, mas afirma que “não constam” mais “restos a pagar” em nenhum convênio, o que inclui “São Paulo e os demais Estados que executam o programa”. Ressalta ainda

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O goleiro Bruno e a bola murcha do judiciário brasileiro

Caso Bruno, um retrato incômodo do sistema penal brasileiro STF mandou soltar Bruno por demora no julgamento de recurso. TJMG/DIVULGAÇÃO Soltura do goleiro joga luz sobre lentidão dos processos e o excesso de presos provisórios. O goleiro Bruno Fernandes de Souza deixou a cadeia no fim de fevereiro após cumprir quase sete anos de prisão.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Condenado a 22 anos e 3 meses como o mandante do assassinato da modelo Eliza Samudio, ele fechou contrato com um novo clube, o Boa Esporte, de Minas Gerais, nesta sexta-feira, embora sua situação legal seja provisória. O caso vem despertando não só a revolta de diversos grupos feministas, que veem a banalização de um crime bárbaro praticado contra uma mulher, como expõe as fragilidades do sistema penal no Brasil. Bruno foi condenado em primeira instância no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março de 2013. Recorreu e seguia preso obedecendo a uma ordem de prisão preventiva. A demora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em analisar seu recurso já durava quase quatro anos quando, no fim de fevereiro, Bruno recebeu um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Marco Aurélio Mello avaliou que a falta de decisão sobre seu recurso não poderia justificar que ele permanecesse preso, já que o ex-goleiro ainda não foi julgado em segunda instância. A repercussão pela libertação foi tamanha que, na última terça-feira, o TJ de Minas Gerais lançou nota pública para justificar a dilatação dos prazos, culpando a estratégia de defesa dos cinco réus do caso de tornar a tramitação mais lenta com excesso de recursos. A lentidão da Justiçanão é exclusividade do caso Bruno, mas suas consequências se tornam mais visíveis porque se trata de um crime de grande repercussão. Como explica o professor de direito processual penal da PUC-RS, Aury Lopes Júnior, as causas da morosidade residem, em linhas gerais, na sobrecarga do Judiciário e na falta de regras claras (ou na existência de regras frouxas) para determinar prisões temporárias e prisões preventivas. “É um absurdo que o Brasil ainda não tenha estabelecido um prazo máximo para a duração da prisão preventiva. Isso abre espaço para a violação do direito de ser julgado em um período razoável. Por causa da burocracia cartorária e do abarrotamento de varas criminais e tribunais, que claramente não dão conta da demanda, os processos passam tempo demais na prateleira, coisa de seis, sete anos. Tem muita gente presa de forma preventiva há bem mais tempo que o Bruno esteve”, diz Lopes Júnior. Embora nunca tenha admitido ser o mandante do assassinato de Eliza Samudio, Bruno já afirmou várias vezes, inclusive diante do júri, que foi “omisso” em relação a um suposto conflito entre Eliza e o amigo Macarrão, condenado pela execução do crime, que segue preso. Pouco depois da condenação, em 2014, o goleiro tentou articular sua volta aos gramados. Naquela ano, fechou contrato com o mineiro Montes Claros Futebol Clube, mas o TJ de Minas não autorizou sua saída da prisão para treinos e jogos, alegando que o privilégio do trabalho externo não estava previsto legalmente para condenados em regime fechado. Agora, em liberdade provisória, Bruno prepara o retorno à atividade, não sem novos imbróglios legais. Mesmo com contrato firmado até 2019 com o Montes Claros, que lhe cobra indenização rescisória, Bruno acaba de assinar um compromisso com outro clube de Minas Gerais, o Boa Esporte. O problema é que ele pode voltar para a prisão antes mesmo do reestrear no futebol, caso seu recurso, ainda pendente, seja julgado improcedente. O advogado Lúcio Adolfo, responsável pela defesa de Bruno, disse ao EL PAÍS não acreditar nessa hipótese. “Com o Bruno preso demoraram quatro anos para julgar o recurso. Não é possível que, agora, que ele está solto, vão querer acelerar as coisas, né?” Para André Machado Maya, doutor em ciências criminais e professor de direito penal, a prisão de um réu condenado em primeira instância por quatro anos, tendo recorrido da sentença, configura uma “situação excepcional”, que extrapola até mesmo os prazos mais prolongados da detenção provisória. “Não vejo o habeas corpus do Bruno como um privilégio. Apesar dos entraves burocráticos que atrasam a apreciação dos recursos, os processos no Brasil costumam andar mais rápido que isso. Em qualquer circunstância, independentemente do crime cometido pelo réu, quatro anos de prisão preventiva é um prazo excessivo”, afirma Maya, que também atua como secretário do Instituto Brasileiro de Direito Processual Penal (Ibraspp). Bruno foi contratado pelo Boa Esporte, de Varginha. DIVULGAÇÃO Em fevereiro, o professor participou de uma audiência pública na comissão especial instalada pela Câmara dos Deputados que analisa mudanças no Código de Processo Penal. O principal tema da audiência foi o abuso na aplicação da prisão preventiva — um debate que envolve até os detidos pela Operação Lava Jato — e temporária. Um levantamento do Departamento Penitenciário Nacional aponta que 45% da população carcerária é composta por presos provisórios, o que corresponde a quase 300.000 detentos. O déficit de defensores públicos — menos de 30% das comarcas no Brasil são atendidas pela Defensoria Pública, de acordo com a Associação Nacional dos Defensores Públicos — agrava a condição dos presos que não têm recursos para contratar advogados. No pronunciamento sobre o caso Bruno, o TJ de Minas argumentou que “presos pela Justiça, de igual modo ao ex-goleiro cumprindo pena de condenação superior a 20 anos, aguardando julgamentos de recursos de apelação, existem milhares no Brasil”. “Nosso modelo de execução penal é arcaico, ineficiente e conservador”, diz Maya. “É preciso adotar uma postura mais criteriosa em relação à prisão preventiva, que hoje representa um sério problema para o sistema prisional, sobretudo se levarmos em conta que o número de presos provisórios equivale ao déficit de vagas nas penitenciárias brasileiras.” A junção entre a morosidade da Justiça, o encarceramento em massa e a banalização da prisão preventiva aumenta tanto as chances de acúmulo de penas desproporcionais e arbitrariedades como a libertação de possíveis culpados ou a manutenção de inocentes presos em regime fechado, que, em

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Brasil que ignora o assassinato de um menino no Habib’s tira selfies com o goleiro Bruno.

Esfihas com gosto de morte Por Mário Donato/DCM João Victor Souza de Carvalho, assassinado no Habib’s Bruno tira selfies com seus fã na saída do fórum “Hoje as esfihas têm cheiro de morte”, estava escrito em um cartaz durante o protesto de quinta, dia 2, pela morte de João Victor Souza de Carvalho, ocorrida no último domingo em frente a uma unidade da lanchonete Habib’s da zona norte de São Paulo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A manifestação, contudo, não teve muitas adesões. Por que ninguém parece se importar com a morte de um garoto de 13 anos, dependente químico, que costumava pedir uns trocados e também comida em frente ao estabelecimento? Uma das razões é a pouca exposição do caso na grande mídia. A rede Habib’s é um grande anunciante. Em tempos de crise pode ser melhor proteger o patrocinador do que praticar bom jornalismo. Um segundo motivo é a criminalização da vítima. “Um moleque de 13 anos, aparentemente drogado, ameaçando quebrar o estabelecimento, ameaçando as pessoas, queria o que, ser recebido com abraços? Ele colheu o que plantou”, escreveu a leitora Samanta Halmenchlager, do G1. O Habib’s tem histórico. Em julho de 2014, o gerente de uma outra unidade jogou óleo quente em um casal de clientes. Lígia Tatto e Lucas Oliveira Lopes procuraram-no pois afirmavam terem sofrido um furto de celular dentro do estabelecimento. O gerente então jogou óleo nos jovens após ‘pensar que seria agredido’. O casal sofreu queimaduras. É pouco provável que o boicote ao Habib’s sugerido pela jornalista Hildegard Angel tenha grandes efeitos. “Que horror a atitude do Habbib’s. Espancarem uma criança frágil provocando sua morte. Corações de ferro. Não passo mais nem na porta. Boicote!”, escreveu ela nas redes sociais, referindo-se ao fato de um segurança e o gerente terem participado das agressões que resultaram na morte de João Victor. Os funcionários que vinham dizendo não ter envolvimento e nem mesmo que houvesse ocorrido a agressão (inicialmente disseram que o menino teria apenas ‘passado mal’ e sido levado a um hospital), após imagens divulgadas os contradizerem, agora afirmam ter sido um cliente que agrediu o garoto com o soco na cabeça testemunhado e relatado por Silvia Helena Croti. Catadora de material reciclável, Silvia foi descartada preconceituosamente pelos PMs que lhe disseram que seu relato não valia pois ela ‘era noia’. Inconformada, Silvia foi voluntariamente ao 28º DP e prestou depoimento. Desde o início, toda a história estava muito mal contada por policiais e funcionários da lanchonete. A própria cronologia apontava que algo estranho tinha acontecido (o ocorrido se deu às 19:00 do domingo; O registro foi lavrado apenas às 4 da manhã do dia seguinte e as investigações começaram só depois do fim do carnaval). Diante das imagens, o Habib’s decidiu afastar os funcionários envolvidos. Até então, a nota anterior era um primor de evasivas. A atitude contra o menino João Victor é digna de regimes segregacionistas. Se o garoto estava alterado, a ambulância deveria ter sido chamada antes para contê-lo, e não depois de um linchamento. Mas as Sheherazades da vida já causaram estrago suficiente na cabeça de muita gente. No mesmo dia do protesto vazio, o goleiro Bruno foi ao fórum de Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte. Ganhou autorização para viajar ao Rio de Janeiro. Na saída, tirou “selfies” com vários fãs, inclusive um homem que usava máscara de cachorro. Saudações do Brasil do golpe. Sobre o Autor Jornalista, escritor e fotógrafo nascido em São Paulo.

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No Rio, a violência se retroalimenta

Policiais são caçados da mesma forma que caçam criminosos em operações nas favelas, num ciclo vicioso de violência. Situação da segurança pública na cidade olímpica é de falência, e quem paga o preço é a sociedade. ONG faz protesto em memória de policiais mortos em ação no Rio: somente neste ano, 62 foram assassinados. A praticamente duas semanas do início dos Jogos Olímpicos, a situação da segurança pública no Rio de Janeiro é de total falência, segundo ONGs, especialistas e os próprios policiais, com uma verdadeira guerra instaurada entre PMs e traficantes.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A violência, na verdade, se retroalimenta: somente neste ano, 62 policiais foram assassinados e 260 foram feridos por armas de fogo – pelo menos um por dia – de acordo com números do deputado estadual Paulo Ramos (PSOL), que preside a CPI da Morte de Policiais na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Policiais passaram a ser caçados da mesma forma que caçam criminosos em operações nas favelas. E ambos os lados atiram para matar. No início do mês, um relatório sobre violência policial publicado pela ONG Human Rights Watch mostrou que, no ano passado, pelo menos 645 pessoas foram mortas pela polícia em situações questionáveis. “A política de segurança pública se baseia na eliminação do inimigo, sempre foi assim”, resume Paulo Ramos. “Agora, os policiais, especialmente os militares, estão pagando um preço muito alto por essa política porque, neste momento, a política é de extermínio de ambos os lados, e eles estão sendo caçados. É uma falência total da segurança pública que precisa ser assumida pelo estado.” Protesto de policiais e bombeiros no aeroporto internacional do Rio: situação da segurança pública na cidade é de falência O historiador Marcos Bretas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em história da polícia, concorda com o deputado. “Na relação da polícia com a criminalidade, um lado faz a violência do outro escalar. Se enfrento um inimigo terrível, tenho que ser terrível também, essa é a lógica. O lado perverso é que, a partir dos anos 80, os criminosos passaram a ter acesso a armas que não são de crime urbano, a armamento de combate, fuzil, granada”, afirma Bretas. “E quando tem que enfrentar um criminoso assim, a polícia também quer armas iguais – que obviamente não são armas de controle urbano. Se você entra numa favela com um fuzil, o tiro vai atravessar a parede, vai ter bala perdida. Isso não aumenta a eficácia da polícia, mas sim o seu poder destrutivo.” “É um trunfo matar policial” De acordo com a Human Rights Watch, muitas das mortes atribuídas a policiais em confronto são, na verdade, assassinatos extrajudiciais. “A polícia atira em pessoas desarmadas, atira pelas costas em fugitivos e executa indivíduos que já estão imobilizados com tiros na cabeça”, indica o relatório. Ainda de acordo com o documento, a polícia paga um preço alto por essas execuções. Os assassinatos alimentam um ciclo de violência que coloca em risco a vida dos policiais que trabalham em áreas com altos índices de violência, compromete sua capacidade de trabalho, pondo em risco a sociedade como um todo. Se o suspeito sabe que a forma de atuação da polícia é matar, ele nunca vai se render, sua primeira reação será atirar. As maiores vítimas são os policiais que não estão em serviço, que são mais vulneráveis. Um em cada seis mortos no crime de latrocínio (roubo seguido de morte) é policial. Num universo de 48 mil PMs, 9 mil policiais civis e 16 milhões de habitantes no estado, dá para afirmar sem medo de errar que eles são alvos. “Hoje, os bandidos caçam policiais, é um trunfo matar um policial; é uma sentença de morte para um policial se a sua identidade for revelada”, afirma o presidente da Coligação da Polícia Civil, Fábio Neira. “Há 30 anos, quando entrei na polícia, era muito diferente: eles poupavam a vida do policial”. Neira não concorda, no entanto, que a violência seja uma resposta às ações violentas da própria polícia. Para ele, o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), ao ser bem sucedido num primeiro momento, fez com que muitos criminosos deixassem de traficar drogas e fossem cometer outros crimes longe das favelas, onde acabaram tendo que enfrentar policiais. Para especialistas, armas utilizadas pela polícia são erradas: não aumentam a eficácia, mas sim o seu poder destrutivo Fracasso das UPPs O fracasso das UPPs, por sua vez, acabou conflagrando a situação nas comunidades e expondo ainda mais os policiais. Na análise do policial, as UPPs não atingiram sua meta original, em primeiro lugar, porque não deram segmento ao projeto, com a ocupação social das comunidades. Por outro lado, diz, o efetivo de policiais civis foi muito reduzido e decidiu-se pelo investimento prioritário no policiamento ostensivo, em vez de na investigação. “De acordo com uma lei de reestruturação dos quadros da polícia civil em vigor desde 2001, era para termos hoje 22 mil homens”, diz. “Não temos nem dez mil. E são quase 50 mil PMs. É desproporcional isso. É muita ocupação, prevenção e nada de investigação. E não é só o efetivo, estamos sucateados. Não temos verba para combustível, papel higiênico, para nada”, acrescenta o policial. Os especialistas concordam que as áreas mais centrais dos Jogos Olímpicos estarão seguras por conta do policiamento extra de militares e da segurança nacional. Mas eles temem pelo que pode acontecer em outras regiões. “Hoje, na situação em que nos encontramos, não conseguimos atender às demandas da sociedade. Como vamos dar conta de qualquer demanda extraordinária?” DW

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Violência no Rio – Beltrame: ‘Como vou exigir que o policial arrisque a vida se o Estado não paga?

“É muito difícil. A gente está preparado para situações bem complicadas. Temos procurado estudar maneiras de manter aquilo que se conquistou, mas avançar é muito difícil”. Forças de segurança patrulham o Complexo da Maré, que ainda não conta com UPPs e é um dos locais mais perigosos do Rio – Image copyrightAP A avaliação é de José Mariano Beltrame, secretário de segurança do Estado do Rio de Janeiro há quase dez anos, sobre o futuro da segurança no Rio depois da Olimpíada, quando os reforços militares e policiais deixarem a cidade.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para ele, a crise econômica vivida pelo RJ acrescentou ainda mais dificuldades a uma área já complexa. “Como é que você vai fazer as coisas com os policiais sem salário? Com os batalhões às vezes sem alimentação? Imagina eu chegar pra você e dizer que você vai receber só meio salário. Como é que eu vou exigir que o policial saia para a rua, arrisque a vida e se comprometa com uma sociedade e com um Estado, se esse Estado não paga?”, questiona. Desde o final do ano passado, os servidores públicos do Estado, entre eles policiais civis e militares, têm enfrentado atrasos e suspensões de pagamentos de seus salários. Só recentemente, graças à ajuda de R$ 2,9 bilhões recebida do governo federal, foi possível programar o pagamento de salários atrasados dos agentes de segurança. Em entrevista à BBC Brasil e à BBC News no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), de onde será gerenciado todo o esquema de segurança da Olimpíada, Beltrame comentou a onda de violência que atinge o Rio nos últimos meses e que se intensificou nas últimas semanas, com mais mortes por balas perdidas, arrastões em bairros da Zona Sul e da Zona Norte, e o maior número de assaltos em 26 anos, registrado no mês de maio, com quase 10 mil roubos, praticamente um a cada quatro horas. Embora não negue que o Rio esteja “em um de seus momentos mais difíceis”, o secretário rejeita que a situação esteja “fora de controle”. “Os indicadores tiveram um aumento nos últimos quatro ou cinco meses mas nós temos uma história de nove anos e estamos, mesmo na crise, buscando já recuperar a diminuição desses índices, principalmente dos crimes contra a vida”, diz. À frente da segurança pública do RJ há quase dez anos, Beltrame diz que Estado vive um de seus ‘momentos mais difíceis’ – Image copyright JEFFERSON PUFF – BBC Beltrame diz não ter dúvidas de que haverá segurança no Rio durante os Jogos. “Eu posso dizer que as Olimpíadas vão ser tranquilas, que as pessoas podem vir ao Rio de Janeiro. O Rio está pronto para isso”. Para ele, o motivo de preocupação é o que vem depois. “Tenho policiais para serem chamados para trabalhar, mas não sei se vão conseguir nomeá-los. Tenho solicitação de concursos públicos para fazer, mas não posso porque não tenho dinheiro. Nós vamos ter que diminuir as incidências criminais dentro de uma realidade econômica sem perspectiva de melhora. É uma tarefa difícil”, avalia. Rumo aos 60 anos, o gaúcho de Santa Maria já se disse cansado do cargo diversas vezes, mas sempre aceitou continuar à frente da segurança pública do Rio. Ele diz que ainda tem “umas coisinhas para fazer”, e que vai tentar fazê-las, mesmo sem dinheiro. “Quando eu fizer, eu vou dar a minha missão, o meu período por cumprido.” Veja os principais trechos da entrevista: BBC Brasil – Nas últimas semanas o Rio de Janeiro tem vivido assaltos, arrastões, mortes por balas perdidas, casos de muita repercussão e cenas que remetem a uma época que o carioca já considerava parcialmente superada. Há uma crise de segurança no Rio? A situação está fora de controle? José Mariano Beltrame – Não, absolutamente não. Ainda ontem nós fechamos os números de junho e nós estamos no terceiro mês consecutivo de queda de homicídios. Nós temos sim um impacto na segurança pública que é oriundo de uma crise econômica que o Estado vem enfrentando, e isso foi se refletindo na segurança a partir de março em função de alguns programas que nós tínhamos e cujas verbas foram cortadas. Houve um impacto, mas não se trata de nada que possa ser classificado como fora de controle, ou a situação que nós tínhamos antes de 2007. Basta olhar os números. Os indicadores tiveram um aumento nos últimos quatro ou cinco meses mas nós temos uma história de nove anos e estamos, mesmo na crise, buscando já recuperar a diminuição desses índices, principalmente dos crimes contra a vida. Estamos conseguindo com muito sacrifício. Temos problemas de gerenciamento em função da economia do Estado e do país, mas longe de se ter algo fora de controle. BBC Brasil – À frente da segurança do Estado do RJ há quase dez anos, o senhor viu muitas transformações e diferentes situações. Em que momento o Rio está agora em termos de segurança pública? Beltrame – Nós estamos em um momento difícil. Como é que você vai fazer as coisas com os policiais sem salário? Com os batalhões às vezes sem alimentação? Isso tudo foi sanado agora semana passada, com dinheiro federal, mas não há como dizer que não temos problemas. É claro que temos. Imagina eu chegar pra você e dizer que você vai receber só meio salário. E a segunda parte? Não sei quando eu vou te pagar. Como é que eu vou exigir que o policial saia para a rua, arrisque a vida e que se comprometa com uma sociedade e com um Estado, se esse Estado não paga? Nós estamos vivendo um dos momentos mais difíceis da segurança pública no Rio. BBC Brasil – Estamos a três semanas da Olimpíada. O que pode ser feito antes dos Jogos para segurar a atual onda de violência? Beltrame – Eu posso dizer que a Olimpíada vai ser tranquila, que as pessoas podem vir ao Rio de Janeiro. O Rio está pronto para isso. Por quê? Porque nós vamos ter aqui em

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