O caso da brasileira, supostamente atacada por neonazistas na Suíça, pode ser considerado um paradigma dos problemas enfrentados pelo consumidor de informações na era da avalancha informativa. Até agora é quase impossível saber o que aconteceu realmente e muito menos emitir julgamentos. Há várias versões, inúmeras suposições e um conjunto de interesses em jogo, que levam o leitor de um jornal ou telespectador a ficar no mínimo confuso diante do noticiário. A imprensa também não colabora com o leitor e acaba engrossando o caldo por conta da irresponsabilidade informativa de repórteres e editores. Não se trata de culpar ninguém porque conhecemos o ritmo frenético imposto aos jornalistas pela concorrência entre as emissoras e jornais. Mas que houve uma despreocupação generalizada com as conseqüências de uma informação mal investigada, isto é claríssimo. Estamos começando a ver as primeiras conseqüências da era da avalancha informativa. O surgimento da Web como canal de comunicação permitiu que um mesmo fato passasse a ter cada vez mais versões, por conta das diferentes percepções e interesses de protagonistas diretos e indiretos, que hoje podem ter facilmente acesso à opinião pública. O consumidor de informações passou a ser bombardeado por versões contraditórias geradas a partir de percepções distintas e já não consegue mais sentir-se seguro na hora de formar uma opinião. Esta insegurança aumentou depois que o leitor, ouvinte, telespectador ou internauta percebeu que não poderia mais confiar na imprensa porque descobriu que ela tem seus próprios interesses. São cada vez mais freqüentes as notícias em que as primeiras versões acabam sendo desfeitas por novas percepções, gerando um fluxo informativo cuja principal característica é a falta de conclusões definitivas. Para uma sociedade que foi educada para fazer julgamentos absolutos, do tipo certo ou errado, culpado ou inocente, verdadeiro ou falso, ter que conviver com a possibilidades intermediárias é no mínimo desconfortável. Mas é justamente isto que episódios como o da advogada pernambucana Paula Oliveira indicam. A imprensa brasileira se apressou em fazer julgamentos definitivos, decretando um ataque racista e xenófobo contra uma compatriota residente na Suíça, baseado na percepção de parentes da suposta vítima que por sua vez se apoiaram em informações dadas por Paula por telefone. A reação da polícia suíça e novos fatos divulgados posteriormente colocaram em dúvida a versão inicial da advogada, deixando os consumidores de informações diante das seguintes alternativas: