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Sophia Andresen – Versos na tarde

Bebido o luar Sophia Andresen ¹ Bebido o luar, ébrios de horizontes, Julgamos que viver era abraçar O rumor dos pinhais, o azul dos montes E todos os jardins verdes do mar. Mas solitários somos e passamos, Não são nossos os frutos nem as flores, O céu e o mar apagam-se exteriores E tornam-se os fantasmas que sonhamos. Por que jardins que nós não colheremos, Límpidos nas auroras a nascer? Por que o céu e o mar se não seremos Nunca os deuses capazes de os viver? ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andresen – Versos na tarde

Liberdade Sophia Andresen ¹ Aqui nesta praia onde Não há nenhum vestígio de impureza, Aqui onde há somente Ondas tombando ininterruptamente, Puro espaço e lúcida unidade, Aqui o tempo apaixonadamente Encontra a própria liberdade. ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andresen – Versos na tarde

Retrato de uma princesa desconhecida Sophia Andresen ¹ Para que ela tivesse um pescoço tão fino Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos Para que a sua espinha fosse tão direita E ela usasse a cabeça tão erguida Com uma tão simples claridade sobre a testa Foram necessárias sucessivas gerações de escravos De corpo dobrado e grossas mãos pacientes Servindo sucessivas gerações de príncipes Ainda um pouco toscos e grosseiros Ávidos cruéis e fraudulentos Foi um imenso desperdiçar de gente Para que ela fosse aquela perfeição Solitária exilada sem destino ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andresen – Versos na tarde

O poema Sophia Andresen ¹ O poema me levará no tempo Quando eu já não for eu E passarei sozinha Entre as mãos de quem lê O poema alguém o dirá Às searas Sua passagem se confundirá Como rumor do mar com o passar do vento O poema habitará O espaço mais concreto e mais atento No ar claro nas tardes transparentes Suas sílabas redondas (Ó antigas ó longas Eternas tardes lisas) Mesmo que eu morra o poema encontrará Uma praia onde quebrar as suas ondas E entre quatro paredes densas De funda e devorada solidão Alguém seu próprio ser confundirá Com o poema no tempo ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andresen – Versos na tarde

Poema Sophia Andresen ¹ Se todo o ser ao vento abandonamos E sem medo nem dó nos destruímos, Se morremos em tudo o que sentimos E podemos cantar, é porque estamos Nus em sangue, embalando a própria dor Em frente às madrugadas do amor. Quando a manhã brilhar refloriremos E a alma possuirá esse esplendor Prometido nas formas que perdemos. ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andresen – Versos na tarde

Bebido ao Luar Sophia Andresen ¹ Bebido o luar, ébrios de horizontes, Julgamos que viver era abraçar O rumor dos pinhais, o azul dos montes E todos os jardins verdes do mar. Mas solitários somos e passamos, Não são nossos os frutos nem as flores, O céu e o mar apagam-se exteriores E tornam-se os fantasmas que sonhamos. Por que jardins que nós não colheremos, Límpidos nas auroras a nascer, Por que o céu e o mar se não seremos Nunca os deuses capazes de os viver. “Quando eu morrer voltarei para buscar Os instantes que não vivi junto ao mar” “Cortaram os trigos. Agora A minha solidão vê-se melhor” “Num deserto sem água Numa noite sem lua Num país sem nome Ou numa terra nua Por maior que seja o desespero ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andressen – Versos na tarde

Mãos Sophia Andressen ¹ Côncavas de ter Longas de desejo Frescas de abandono Consumidas de espanto Inquietas de tocar e não prender ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andresen – Versos na tarde

Liberdade Sophia de Mello Breyner Andresen ¹ Aqui nesta praia onde Não há nenhum vestígio de impureza, Aqui onde há somente Ondas tombando ininterruptamente, Puro espaço e lúcida unidade, Aqui o tempo apaixonadamente Encontra a própria liberdade. ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andressen – Versos na tarde

Poema Sophia Andressen ¹ As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas Porém são capazes De comer galinhas O dinheiro cheira a pobre e cheira À roupa do seu corpo Aquela roupa Que depois da chuva secou sobre o corpo Porque não tinham outra O dinheiro cheira a pobre e cheira A roupa Que depois do suor não foi lavada Porque não tinham outra “Ganharás o pão com o suor do teu rosto” Assim nos foi imposto E não: “Com o suor dos outros ganharás o pão.” Ó vendilhões do templo Ó constructores Das grandes estátuas balofas e pesadas Ó cheios de devoção e de proveito Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem. ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 1919 d.C >> biografia de Sophia Andresen

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