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Sophia Andresen – Poesia – 09/03/24

Boa noite Retrato de uma princesa desconhecida Sophia Andresen ¹ Para que ela tivesse um pescoço tão fino Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos Para que a sua espinha fosse tão direita E ela usasse a cabeça tão erguida Com uma tão simples claridade sobre a testa Foram necessárias sucessivas gerações de escravos De corpo dobrado e grossas mãos pacientes Servindo sucessivas gerações de príncipes Ainda um pouco toscos e grosseiros Ávidos cruéis e fraudulentos Foi um imenso desperdiçar de gente Para que ela fosse aquela perfeição Solitária exilada sem destino ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004

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Sophia Andressen – Versos na tarde – 09/03/2015

Espera Sophia Andresen¹ Dei-te a solidão do dia inteiro. Na praia deserta, brincando com a areia, No silêncio que apenas quebrava a maré cheia A gritar o seu eterno insulto, Longamente esperei que o teu vulto Rompesse o nevoeiro. ¹Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andresen – Versos na tarde

Poema Sophia Andresen ¹ Sou o único homem a bordo do meu barco. Os outros são monstros que não falam, Tigres e ursos que amarrei aos remos, E o meu desprezo reina sobre o mar. Gosto de uivar no vento com os mastros E de me abrir na brisa com as velas, E há momentos que são quase esquecimento Numa doçura imensa de regresso. A minha pátria é onde o vento passa, A minha amada é onde os roseirais dão flor, O meu desejo é o rastro que ficou das aves, E nunca acordo deste sonho e nunca durmo. ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Sophia Andresen – Versos na tarde

Cantar Sophia Andresen ¹ Tão longo caminho E todas as portas Tão longo o caminho Sua sombra errante Sob o sol a pino A água de exílio Por estradas brancas Quanto Passo andado País ocupado Num quarto fechado As portas se fecham Fecham-se janelas Os gestos se escondem Ninguém lhe responde Solidão vindima E não querem vê-lo Encontra silêncio Que em sombra tornados Naquela cidade Quanto passo andado Encontrou fechadas Como vai sozinho Desenha as paredes Sob as luas verdes É brilhante e fria Ou por negras ruas Por amor da terra Onde o medo impera Os olhos se fecham As bocas se calam Quando ele pergunta Só insultos colhe O rosto lhe viram Seu longo combate Silêncio daqueles Em monstros se tornam Tão poucos os homens ¹ Sophia de Mello Breyner Andresen * Porto, Portugal – 6 de Novembro de 1919 d.C + Lisboa, Portugal – 2 de Julho de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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